Acordo encerrado há 10 anos fará com que a Mercedes compita com os próprios carros na Europa

  • Denza é uma marca que surgiu da aliança chinesa entre BYD e Mercedes

  • Depois de anos com foco no preço baixo, a marca se converteu para o segmento premium

Carros elétricos de parceiria entre Mercedez e Byd irão competir com os da montadora alemã
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PH Mota

Redator

Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

Há quase 20 anos, o governo chinês encontrou uma maneira de impulsionar o mercado automobilístico local. As autoridades observaram que haviam duas oportunidades que, vistas em perspectiva, se tornaram verdadeiras bombas.

A primeira delas é que fabricantes europeus encontraram na China o lugar perfeito para realocar suas fábricas e produzir muito mais barato. O governo decidiu que cederia terras e mão de obra para quem quisesse se estabelecer no país. A contrapartida é que os estrangeiros teriam que criar uma joint venture com algum fabricante local para lançamento conjunto de produtos junto.

Ao mesmo tempo, carros elétricos começaram a despontar no cenário. Posições foram tomadas na cadeia de suprimentos, empresas locais foram regadas com dinheiro do Estado e, aos poucos, os veículos a combustão foram taxados o suficiente para tornar o carro elétrico a opção mais atraente.

Os europeus não tiveram grandes problemas com isso. Eles estavam cientes de que seu produto era melhor e que poderiam vender mais caro do que o resto das empresas locais porque a aura ocidental lhes permitia "introduzir" carros no mercado graças aos nomes das marcas, garantindo a manutenção de valores no topo da tabela de preços.

Ao longo dos anos, no entanto, isso vem mudando. Os fabricantes locais se concentraram no desenvolvimento de carros elétricos, das baterias e dos softwares que o acompanham. Ao mesmo tempo, esses mesmos fabricantes estavam aprendendo com os europeus a melhorar seus produtos e, com o tempo, torná-los "indistinguíveis em qualidade" das inspirações ocidentais.

Um dos muitos acordos que empresas chinesas e europeias assinaram foi entre BYD e Mercedes. A empresa alemã assinou um acordo com a chinesa BYD para a produção de veículos plug-in quando a atual gigante asiática ainda era uma pequena empresa.

13 anos depois, o pacto foi quebrado e a BYD acabou comendo toda a participação acionária da alemã. Atualmente, a empresa que ambos mantinham em conjunto pertence apenas à BYD. E esses mesmos carros agora serão os que lutarão com a Mercedes em solo europeu pelo segmento premium.

Denza, de origem Mercedes

Como dissemos, uma das empresas que chegou a um acordo com um fabricante local foi a Mercedes. Há 13 anos, a montadora criou a parceria BYD, além de ter realizado acordos com BAIC e Daimler, a quem pertence, com a Geely.

O portal Forococheseléctricos escreveu em 2011 que o acordo entre a BYD e a Mercedes permitiria à última acessar a engenharia por trás das baterias chinesas e à primeira melhorar a imagem da empresa, até então fortemente criticada pela má qualidade de seus produtos.

Dessa união nasceu a Denza, uma joint venture na qual a Mercedes e a BYD investiram dinheiro em partes iguais. Pouco a pouco, a participação da Mercedes foi caindo até que, finalmente, a BYD acabou comprando os 10% das ações que os alemães detinham na empresa.

Durante esses treze anos em que a BYD foi ganhando peso na empresa, também trouxe maior prestígio para a Denza. Embora suas vendas ainda sejam muito baixas (mal vendeu 23 mil unidades até agora, segundo o site motor.es), posicionou a marca a nível de luta direta no segmento premium.

O reposicionamento da empresa também coincide com a confirmação de que eles estarão na Europa em curto prazo. A princípio com uma minivan, que disputa mercado com o Mercedes EQV, e com um shooting brake de 374 cv, motor duplo e bateria de 107 kWh, que o coloca como um rival direto do Mercedes EQE.

Dado o contexto, é difícil pensar que a Denza, que cresceu de mãos dadas com a Mercedes, possa prejudicar a empresa na Europa. No momento, os carros chineses estão começando a ganhar participação em suas faixas baixas, mas aos poucos será possível ver um avanço para a BYD ter lugar no segmento premium.

Onde a mudança pode ser mais problemática para a Mercedes é na China. Lá, a empresa alemã vem perdendo peso e os fabricantes europeus estão encontrando cada vez mais dificuldade para lutar em um mercado que se concentrou em fabricantes locais. Suas vendas estão em queda livre e agora eles estão enfrentando mais um concorrente que, como se não bastasse, não lhes dá mais lucro.

Foto | Denza

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