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Maior organismo vivo no planeta está com um problema: cervos

A floresta de Pando é formada por uma única árvore com dezenas de milhares de troncos.

Cervos Estao Comendo Galhos Do Maior Organismo Vivo E Podem Acabar Com Ele
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

A floresta de Pando é considerada o organismo vivo mais extenso do planeta. Isso ocorre porque todas as árvores dessa floresta são, na verdade, uma única árvore. Diferente das árvores "convencionais", que possuem um único tronco, Pando tem cerca de 47.000 troncos individuais interconectados por uma rede de raízes.

No entanto, sua enorme massa de 6.000 toneladas e sua extensão de 40 hectares não tornam essa árvore-bosque imune a certas ameaças. A principal ameaça para esse organismo tem quatro patas e chifres: é o cervo.

Em um artigo recente para The Conversation, o biólogo da Universidade de Newcastle Richard Elton Walton destacou o risco que a superpopulação desses animais representa para esse mega-organismo.

Duas espécies de cervos são frequentemente mencionadas nesse contexto: o cervo-mulo (Odocoileus hemionus) e o cervo-canadense (Cervus canadensis). Segundo explica Walton, a população desses animais cresceu nos últimos anos, em grande parte devido ao desaparecimento de seus dois principais predadores: os lobos (Canis lupus) e os pumas (Puma concolor).

As árvores individuais de Pando, ou seja, seus troncos, têm um ciclo de vida semelhante ao de uma árvore convencional: crescem, morrem e sua decomposição dá lugar a novos ramos. O problema é que essas novas ramificações se tornam alvo da fome dos cervos, que consomem as copas, impedindo o crescimento da planta.

Uma prova do impacto desses animais pode ser observada em uma seção do bosque que foi cercada para permitir a remoção dos troncos caídos. Segundo Walton, essa área apresentou um nível de crescimento notavelmente maior do que o observado no restante da floresta.

Walton não é o primeiro a chamar a atenção para esses problemas. Em 2018, uma pesquisa publicada na revista PLoS One também destacou as populações de cervos e a ameaça que representam para a sobrevivência de Pando. No artigo, os pesquisadores Paul Rogers e Darren McAvoy sugerem um maior controle sobre esses herbívoros, mencionando o sucesso da cerclagem.

Além do cervo

Os cervos podem ser a grande ameaça que esse bosque enfrenta, mas não são a única. Na verdade, se o apetite desses animais por si só dificilmente representaria uma ameaça para esse ambiente, é a combinação com outras ameaças que colocam em risco a sobrevivência dessa árvore.

Uma das ameaças mencionadas por Walton é a de doenças, como manchas nas folhas e infecções fúngicas. Essas enfermidades afetam principalmente os troncos mais antigos.

E, infelizmente

Outra ameaça é provocada pelas mudanças climáticas na região, explica o biólogo. Pando teria surgido pouco depois do fim da última era glacial e prosperado em um clima quente e estável.

A possibilidade de que as mudanças climáticas venham a afetar Pando se baseia nas experiências com outros bosques de álamo em regiões onde a pressão climática é maior.

Pando é uma floresta localizada no estado norte-americano de Utah. A estrutura arbórea dessa floresta é composta por dezenas de milhares de ramificações de uma única árvore, um álamo tremulante (Populus tremuloides). Essas ramificações não apenas estão conectadas entre si sob a terra, mas também compartilham uma genética comum que as identifica como membros de um mesmo organismo.

É comum entre as árvores do gênero Populus, que incluem os álamos e chopos, expandirem-se dessa forma, através de vários troncos pertencentes à mesma planta. No entanto, não conhecemos nenhum outro ambiente onde se atinja a magnitude de Pando.

Imagem | Lance Oditt / Walter Siegmund (talk)

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