Em algum momento do passado os fundadores da Energyminer se fizeram uma pergunta fácil de formular, mas complexa de responder: a energia dos rios pode ser aproveitada sem a necessidade de construir grandes represas? É possível obter eletricidade das águas sem pagar o pedágio ambiental que as usinas hidrelétricas às vezes carregam? O resultado é o Energyfish, um sistema de turbinas com o qual, dizem os criadores, pode-se abastecer centenas de lares e compensar as emissões anuais de CO2 de 1.700 pequenos veículos.
Por enquanto, eles já conseguiram passar da teoria para a prática.
O que é o Energyfish?
Uma "usina subaquática hidrocinética compacta", nas palavras de seus criadores, que eles afirmam ser capaz de fornecer "energia renovável, 100% limpa, disponível 24 horas por dia e gerada localmente". Para isso, são utilizadas turbinas ancoradas ao leito do rio, semi-submersas, suspensas enquanto aproveitam a corrente. Os dispositivos são projetados para operar em grupos, em bancos ou "enxames" que geram energia, que é então injetada de forma descentralizada na rede.
Quais são os números gerados?
A Energyminer garante que seu sistema é capaz de produzir uma média de 15 megawatts-hora por ano e, instalando um "enxame" de cem, consegue-se até 1,5 GWh por ano, o suficiente para abastecer cerca de 470 casas. As contas, porém, não se limitam ao balanço energético. A empresa estima que um banco desse tamanho, com cerca de cem dispositivos, economizaria 2.300 toneladas de emissões de CO2 a cada ano, o que compensaria as emissões de 1.700 carros pequenos durante o período.
Longo prazo
Em termos operacionais, os desenvolvedores esclarecem que a vida útil esperada para os sistemas Energyfish é de mais de 10 anos. "Ele é projetado para fornecer produção de energia ininterrupta e de longo prazo", explica a empresa, que esclarece que as instalações são monitoradas 24 horas por dia, sete dias por semana, por meio de "um sistema inteligente de monitoramento remoto".
O que ele oferece?
A Energyminer cita algumas vantagens da tecnologia, principalmente relacionadas à sustentabilidade e ao respeito ao meio ambiente. Seus criadores enfatizam que o sistema opera "em harmonia com a natureza", é silencioso, fornece um suprimento sustentado, resiste a inundações, requer manutenção mínima e não representa uma ameaça à vida selvagem, pescadores ou nadadores.
"Todo o sistema funciona com uma voltagem muito baixa e segura de 60 volts. Mesmo se os cabos forem danificados, não há risco para pessoas ou animais. O design aerodinâmico do Energyfish garante que nadadores e entusiastas de esportes aquáticos não se machuquem", defende a empresa, convencida de que o impacto no leito do rio é "mínimo" e "localizado". "Nas imediações a velocidade do fluxo diminui um pouco, mas isso não representa um obstáculo maior. Após 20 metros, o rio recupera sua velocidade original."
E as barragens tradicionais?
Se há uma vantagem que a Energyminer destaca, além da potência ou capacidade de seu sistema de reduzir as emissões de CO2, é que os dispositivos que eles criaram têm impacto muito menor do que estruturas mais convencionais, como as barragens. "Nossas instalações são suspensas no rio e ancoradas no leito, sem concreto, sem barragem e sem maquinário pesado", acrescentam os criadores, enfatizando a agilidade com que podem ser ativadas: sua instalação, garantem, pode ser concluída em "algumas semanas".
O fato de a empresa insistir na pequena pegada ambiental não é coincidência. A própria World Wild Life (WWF) lembra que o número de grandes barragens aumentou dez vezes entre 1950 e 2017 e que em 2019 quase dois terços dos maiores rios do mundo estavam obstruídos: "Uma barragem errada no lugar errado pode ter grandes consequências, pois altera os fluxos de água, bloqueia as rotas de migração de peixes, devasta habitats de espécies ameaçadas de extinção e retém sedimentos necessários para reabastecer os deltas rio abaixo."
É tudo teoria?
Não. A Energyminer já testou pelo menos uma de suas instalações em Aur Mülhlbach, um dispositivo apresentado na primavera e localizado no coração de Munique. Os responsáveis garantem que o sistema "se integra à paisagem". Além disso, a uma curta distância no sentido da correnteza, há uma usina hidrelétrica convencional que continua a operar em plena capacidade sem problemas, mas seus gerentes não especificam números sobre geração de eletricidade e níveis de eficiência do teste. Pelo menos não na apresentação de seu site. O que eles deixam escapar é que a solução reduz os custos de investimento em 88% em comparação com outras usinas.
Eles incluem uma tabela técnica na qual especificam alguns detalhes relevantes de seu Energyfish: ele pesa cerca de 80 quilos e mede 3x2,4x1 m, sua potência média é de 1,8 kW e a máxima é de 6 kW. O sistema pode ser usado em uma ampla gama de rios: com uma profundidade de pelo menos um metro e um fluxo com uma velocidade mínima de um metro por segundo.
Imagens | Energyminer
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