Só existe uma Terra. É arrogante pensar que estamos sozinhos no universo, mas o que está claro é que, embora no infinito exista algum outro planeta idêntico à Terra, para as gerações atuais e futuras, certamente a Terra é... única. É por isso que devemos cuidar dela o máximo possível, minimizando as consequências das mudanças climáticas, como o aumento do nível do mar ou o aumento das temperaturas. A descarbonização desempenha um papel fundamental nisso.
Grandes empresas e nações estão muito comprometidas em reduzir suas emissões, mas dentro de outro conceito, da pegada ecológica, alguém se perguntou... o que aconteceria se toda a população mundial vivesse como em certos países? Neste gráfico preparado pela Visual Capitalist podemos ver quantos planetas precisaríamos para viver se estivéssemos todos na China, Índia ou Estados Unidos. E há surpresas.
Pegada ecológica
Nos últimos anos, ouvimos muito o termo "pegada ecológica". É um indicador de sustentabilidade que tenta quantificar o impacto que nosso modo de vida tem no meio ambiente, medindo a área de território ecologicamente produtivo necessária para gerar os recursos usados e assimilar os resíduos produzidos. Em outras palavras, é a quantidade de terra e água biologicamente produtivas necessárias para produzir os recursos consumidos por sua população e absorver os resíduos que ela gera.
As nações têm grande parte da responsabilidade por isso, mas como consumidores, também podemos fazer escolhas de estilo de vida que impactam o planeta. A Espanha, por exemplo, com dados da Global Footprint Network de 2019, tem uma pegada ecológica por hectare global (ou Gha) de -2,5 Gha. É o resultado da subtração da pegada ecológica por pessoa (4 Gha) da biocapacidade por pessoa (1,5 Gha no caso da Espanha).
Países que mais precisam de Terras
Dito isso, vamos aos dados do gráfico. Nele, e com informações da Global Footprint Network de 2018 (novamente, um dos últimos anos de estudo sem usar dados não estimados), é apresentado que se todos os humanos vivessem como desses países, precisaríamos de mais de uma Terra. Ou seja, se toda a população mundial vivesse como a dos Emirados Árabes Unidos, precisaríamos de 5,8 Terras. E são marcantes casos como os da Alemanha.
Confira a lista de países e Terras necessárias para cada um deles
- Emirados Árabes Unidos: 5,8 planetas
- Estados Unidos: 4,9
- Coreia do Sul: 3,9
- Alemanha: 3
- Reino Unido: 2,4
- China: 2,4
- Equador: 1,1
- Índia: 0,7
Mesmo sem imaginar que estamos vivendo em um dos países listados, estima-se que os humanos usam tantos recursos ecológicos como se vivêssemos em 1,7 planetas Terra. O cálculo ainda é assustador.
Biocapacidade como moeda
Esses cálculos são feitos com uma espécie de sistema monetário com países que são devedores e outros que são credores de biocapacidade. O déficit ecológico ocorre quando a pegada ecológica de uma população excede a biocapacidade da área disponível. Isso implica que o país está importando biocapacidade líquida por meio do comércio, liquidando ativos verdes domésticos ou emitindo mais CO2 na atmosfera do que seus próprios ecossistemas absorvem. Esses são os países 'devedores de biocapacidade'.
Quando a biocapacidade de uma região excede a pegada ecológica de sua população, o oposto é verdadeiro: países que têm uma reserva ecológica positiva e são 'credores de biocapacidade'.
Países com a maior reserva de biocapacidade
Os 10 países com as maiores reservas de biocapacidade são:
- Guiana Francesa: 4.900%
- Suriname: 2.160%
- Guiana: 1.460%
- Gabão: 811%
- Congo: 635%
- República Centro-Africana: 462%
- Bahamas: 447%
- Uruguai: 380%
- Bolívia: 361%
- Porto Rico: 315%
Paraguai, Colômbia, Argentina, Peru e Venezuela são países com biocapacidade positiva.
Países com déficit de biocapacidade
Por outro lado, os países com maior porcentagem de pegada ecológica que excede a biocapacidade e teriam necessidade de área extra para compensação são:
- Nauru: 46.000%
- Singapura: 6.100%
- Reunião: 3.200%
- São Cristóvão e Névis: 1.800%
- Israel: 1.600%
- Emirados Árabes Unidos: 1.500%
- Bahrein: 1.400%
- Kiribati: 1.300%
- Barbados: 1.200%
- Qatar: 1.100%
Costa Rica, Cuba, Guatemala, México e Espanha estão na tabela negativa, dos países em que a pegada ecológica supera a biocapacidade. Kiribati está na lista dos que têm a maior pegada ecológica excessiva e, de fato, pode ser o primeiro país a afundar devido aos efeitos das mudanças climáticas.
Dia da Sobrecapacidade da Terra
Como podemos ver, estima-se que esses dados sejam usados para garantir o crescimento na biocapacidade de cada país, com medidas para reduzir a pegada ecológica. O interesse chega a tal ponto que foi criado um Dia Mundial da Sobrecapacidade da Terra. Ele destaca o momento em que a demanda da humanidade por recursos ecológicos excede o que o planeta pode gerar naquele ano.
Em 2024, o Dia da Sobrecapacidade aconteceu em 1º de agosto, como nos anos anteriores, e no gráfico acima podemos ver como temos antecipado esse dia ao longo de algumas décadas. Considerando que o número de pessoas continuará a aumentar nas próximas décadas, é muito provável que não seja possível reverter a tendência a curto prazo.
E, atenção: uma coisa é a pegada de carbono e outra bem diferente são as emissões de CO2, onde a lista de países é bem diferente, com China, Estados Unidos ou Índia liderando.
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