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Dois anos e meio depois, Europa declarou uma morte impensável: do gás russo na Europa

Antes do início do conflito, a Rússia fornecia 40% do gás para a Europa.

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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Este será o terceiro inverno desde o início da guerra na Ucrânia, um conflito que alterou as dinâmicas geopolíticas e energéticas da Europa. A dependência energética do gás russo tem sido um desafio frente às sanções decorrentes do conflito armado. Finalmente, neste ano, espera-se encerrar o capítulo da dependência energética.

Consumo de gás russo

Antes do início do conflito, a Rússia fornecia 40% do gás para a Europa. Essa dependência energética obrigava alguns países a se alinharem com as decisões do Kremlin. Em 2023, a dependência caiu para 8%, mas países como Hungria, Áustria e Eslováquia ainda dependem significativamente do gás russo e serão afetados pelo acordo entre Ucrânia e Gazprom.

Os gasodutos

Quando ainda existia comércio e canais de comunicação entre Kiev e Moscou, as empresas estatais da Rússia e da Ucrânia, Gazprom e Naftogaz, assinaram um acordo para a exportação de gás russo para a União Europeia através do território ucraniano.

Esse acordo está previsto para terminar em 31 de dezembro de 2024.

Essa rota terrestre, conhecida como Ukrainian Transit, é uma das duas opções para acessar o gás russo. A outra é o TurkStream, que atravessa toda a Turquia e entra no território da União Europeia pela Bulgária e Romênia, operando atualmente em níveis máximos.

Por sua vez, tanto o Nordstream, sabotado em 2022, quanto o Yamal, que entra pela Bielorrússia e Polônia, estão inativos desde pouco após o início da guerra.

A Europa pode viver sem o gás russo

Diante da expiração do contrato do gasoduto que atravessa a Ucrânia, prevista para o final de 2024, o país declarou que não tem intenção de renovar o acordo devido à guerra com a Rússia.

No entanto, neste terceiro inverno, a Europa não enfrenta os mesmos problemas dos anos anteriores, pois avançou na diversificação de suas fontes de energia e aumentou a importação de gás natural liquefeito (GNL). Ainda assim, há oposição da Hungria e Eslováquia.

Por que se opõem?

Hungria e Eslováquia desaprovam a decisão da Ucrânia de não estender o acordo de trânsito do gás russo, devido à dependência que têm desse fornecimento. Ambos os países explicaram que o gás russo é uma opção mais econômica e criticaram as altas tarifas impostas por outros países da UE para as rotas alternativas.

Por um lado, o interesse da Eslováquia em manter o fluxo de gás vindo da Rússia se deve aos altos custos das rotas alternativas.

Por outro lado, a Hungria indicou que o gasoduto TurkStream poderia ser uma solução viável para a Europa caso o trânsito de gás russo através da Ucrânia seja interrompido.

Quais são as reservas de gás que a Europa possui?

Neste inverno, os países europeus estão com reservas de gás a 95% de sua capacidade total. No caso da Espanha, com uma capacidade menor que a de outros grandes parceiros, o armazenamento está quase em 100%. Esse plano impulsionado pela UE para diversificar as fontes de energia e acumular reservas de gás resultou em um estoque maior para enfrentar o inverno.

Alternativas para a Europa

Neste inverno, a Europa enfrenta a situação de maneira diferente, pois a dependência em relação ao gás russo diminuiu drasticamente. Isso levou a uma diversificação das fontes de energia, como o aumento do gás natural liquefeito (GNL) e outras alternativas vindas da Noruega e do Azerbaijão.

No entanto, as importações de GNL por navios continuam sendo importantes, especialmente para países como França, Espanha e Bélgica, que possuem grande capacidade de processamento e regaseificação do gás natural liquefeito.

Por esse motivo, a União Europeia intensificou seus esforços para garantir a segurança do abastecimento e aumentar a transparência nas importações de gás russo.

A Europa busca mais informações sobre a quantidade de gás comprado e as empresas envolvidas. Enquanto isso, a frota de petroleiros “fantasmas” da Rússia está se expandindo e transporta até 70% do petróleo que circula por via marítima.

Imagem | Brian Cantoni

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