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Em sua luta incansável contra ao Alzheimer, cientistas encontraram um aliado inesperado: o café

  • Um novo estudo observacional descobriu que pessoas que consomem mais cafeína apresentam uma menor carga amiloide.

  • Quanto maior essa carga, maiores são as chances de desenvolver Alzheimer, então o café estaria atuando como um neuro protetor.

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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Cada vez mais estudos evidenciam os efeitos positivos do café na nossa saúde. Deixando de lado diversos mitos e lendas sobre essa bebida, o fato é que os pesquisadores têm cada vez mais certeza de que o café, de maneira geral, é benéfico. Seja para partes específicas do nosso corpo, para melhorar a concentração ou até para o desempenho esportivo.

No entanto, sabíamos relativamente pouco sobre como ele afeta o cérebro, embora estejamos cada vez mais perto de entender.

Uma revisão recente de estudos concluiu que o consumo regular de café pode impactar doenças como demência e Alzheimer, já que está relacionado com a carga amiloide cerebral, um dos biomarcadores da doença.

Cafeína e cérebro

Nos últimos anos, as pesquisas sobre o efeito da cafeína têm se concentrado em como ela atua no nosso cérebro. Em alguns casos, os resultados são bem claros (para o bem ou para o mal), mas em outros, mostram que existe um meio-termo. Um exemplo específico é a tomada de decisões no futebol: os participantes foram mais precisos em passes curtos e longos após consumir cafeína, mas também ficaram mais imprecisos em decisões rápidas e impulsivas.

Estudos anteriores também mostraram altos e baixos, com resultados que apontam para um aumento nos níveis de ansiedade decorrente do consumo de cafeína, mas também sugerindo que ela pode atuar como uma proteção contra o Alzheimer. Em um estudo de 2023, foi observada uma relação inversa entre o consumo de café e a acumulação das proteínas tau, moléculas associadas ao surgimento do Alzheimer. Essa mesma relação inversa foi encontrada em relação à carga amiloide.

O estudo

Embora estejamos próximos de compreender a origem genética do Alzheimer, essa continua sendo uma doença terrível, sobre a qual ainda não temos todas as respostas, e qualquer descoberta positiva é motivo de esperança.

Há algumas semanas atrás, um grupo de pesquisadores publicou na Alzheimer’s Association um estudo que detalha a análise de dados de uma pesquisa anterior, realizada entre 2010 e 2015, que avaliou 263 participantes com mais de 70 anos, todos com comprometimento cognitivo leve ou Alzheimer.

Na época do estudo inicial, os voluntários informaram seus hábitos de consumo, incluindo a ingestão de cafeína (seja por café ou outras fontes).

Para esta nova pesquisa, os participantes foram divididos em dois grupos: aqueles que consumiam, em média, pouco mais de 200 miligramas de cafeína por dia, classificados como “consumidores menores”, e os “maiores consumidores”, que ingeriam mais do que essa quantidade. Eles também tinham dados de ressonâncias magnéticas, amostras de sangue e de líquido cefalorraquidiano (LCR), o que permitiu cruzar dados, classificar e…

Café e Alzheimer

A conclusão a que os pesquisadores chegaram foi que, entre aqueles com menor consumo de cafeína, os marcadores indicavam um risco maior de comprometimento cognitivo leve e também de perda de memória.

Especificamente, o grupo de baixo consumo de cafeína apresentava quase 2,5 vezes mais chances de receber um diagnóstico de Alzheimer.

Eles encontraram uma relação significativa entre o menor consumo de cafeína e níveis mais baixos da proteína beta-amiloide Aβ42 no LCR, assim como na proporção Aβ42/Aβ40. Isso sugere uma maior carga amiloide cerebral, sendo essa carga elevada um dos biomarcadores para o diagnóstico de Alzheimer. Já no grupo que consumia mais cafeína, a carga amiloide cerebral era menor.

Estudar sem parar!

Embora os resultados sejam interessantes e certamente incentivem mais pesquisas, é importante considerar dois pontos relevantes deste estudo. O primeiro é que o consumo de cafeína não foi medido a longo prazo, o que é crucial para entender como o consumo passado pode influenciar nos efeitos atuais e futuros.

O segundo é que, apesar da amostra ser grande e de contar com muitos elementos a avaliar, trata-se de um estudo observacional, o que significa que, de forma alguma, é possível estabelecer uma relação de causa e efeito.

Os próprios pesquisadores comentam que são necessários estudos a longo prazo e, inclusive, afirmam que os resultados os motivaram a desenvolver um ensaio clínico para medir de maneira mais precisa o impacto da cafeína nas funções cognitivas de pessoas com Alzheimer. Atualmente, o estudo está em fase de recrutamento e o objetivo será analisar a relação entre o consumo de cafeína e esses biomarcadores, como as proteínas tau e as amiloides.

Por fim, com esses resultados obtidos a partir da observação de um estudo anterior, conseguimos abrir caminho para uma nova pesquisa mais específica que, com sorte, nos fornecerá mais informações tanto sobre o Alzheimer quanto, especialmente, sobre a relação entre o café e o nosso cérebro.

Imagens | Huy Phan

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