Tudo o que você quer quando vai à praia é relaxar sem ser incomodado por notificações, ligações ou mensagens no telefone. Mas nessa praia francesa, o próprio telefone pode chegar pelo mar para te incomodar. Por mais de trinta anos, pedaços de telefones fixos do Garfield começaram a aparecer no litoral da Bretanha, região ao noroeste da França, deixando todos intrigados sobre de onde eles vinham. O problema se tornou um dos maiores casos de poluição marítima por plástico da França e foi resolvido em março de 2019.
En direct live de l'expo sur les déchets de la Cité des Sciences, le fameux téléphone Garfield pic.twitter.com/JnTWZXPkAs
— Samuel Oblomov (@SamuelOblomov) April 10, 2024
Gato de praia
Os pedaços de telefone começaram a aparecer nas praias entre as comunas de Plouarzel e Ploumoguer em 1988. Moradores da região encontravam pedaços laranja de plástico, cabos, às vezes até mesmo aparelhos inteiros nas areias. Só em 2018, foram encontrados mais de 200 pedaços e plástico laranja. Foi então que, durante uma campanha contra a poluição marítima do site Franceinfo, a associação ambientalista Ar Viltansoù fez uma visita para limpar as praias. Após a publicação de uma notícia no site sobre os telefones misteriosos, os moradores começaram a vasculhar as memórias para saber o que pode ter causado o problema. E um deles lembrou-se de um incidente mais ou menos na mesma época em que os garfields de plástico começaram a invadir as praias bretãs.
O segredo na caverna
Depois da notícia do Franceinfo, antigos moradores começaram a se lembrar de acontecimentos de quando os telefones começaram a aparecer. René Morvan, fazendeiro da região, procurou a equipe de voluntários que limpava a praia e contou que lembrava de um naufrágio no início dos anos 1980 e que, quando ele e o irmão se aproximaram do local, viram vários telefones laranjas. Morvan então levou as equipes para explorar o local durante a maré baixa e encontraram uma caverna com o contâiner de onde saíam os aparelhos. Na época, Claire Simonin Le Mour, presidente da Ar Viltansoù, descreveu a cena ao site Ouest-France: “Vi pedaços do Garfield e um recipiente por toda a caverna. Mas a maior parte dos telefones já foi embora, o mar já fez seu trabalho há trinta anos. Chegamos depois da batalha”.
Os telefones são pra “sempre?”
Já ter encontrado a fonte dos aparelhos não quer dizer que o problema foi resolvido. O contêiner estava vazio e os pedaços de plástico continuam aparecendo nas areias. Além disso, as marés podem carregá-los para outros pontos. “É um lixo com mais de trinta anos e estamos encontrando pedaços dele que são quase novos. Quando falamos da decomposição do plástico, há uma parte que acaba se tornando microplástico, mas também há pedaços que permanecem inteiros. Realmente temos muitos e muitos anos pela frente antes que ele desapareça", lamenta Fabien Boileau, diretor do Parque Marítimo de Iroise.
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