Reconhecida mundialmente no Festival de Cinema de Cannes, vencedora do Globo de Ouro e com diversas indicações ao BAFTA e ao Oscar, Emilia Pérez se tornou um verdadeiro fenômeno. Mas será que o filme realmente vale a pena?
Sim, muitos já viram os memes sobre o espanhol de Selena Gomez, além da enxurrada de críticas à adaptação do idioma, às músicas e até ao jeito de cantar da protagonista, Karla Sofía Gascón. Com a premiação do Oscar chegando,reunimos alguns dos comentários que circulam nas redes sobre essa produção.
Dirigido pelo francês Jacques Audiard, o filme apresenta Rita, uma advogada de um prestigiado escritório, que recebe uma proposta inesperada: ajudar Manitas, o temido líder de um cartel mexicano, a abandonar seu império criminoso e se tornar mulher.
Antes de tudo, vale destacar a diferença de percepção entre a crítica internacional e o público mexicano. Embora cineastas como Issa López e Guillermo del Toro reconheçam a proposta do filme, nem todos estão de acordo. Segundo as críticas, o maior erro da produção é a caricaturização do México e do narcotráfico.
"Não fica claro se o filme faz uma denúncia ou uma paródia. Parece uma caricatura um tanto insensível do México, feita por alguém cuja principal referência do país vem de filmes americanos. [...] Esses detalhes, somados ao tom cômico das músicas, fazem com que o tratamento dado ao tema dos desaparecidos no México pareça ainda mais insensível."
Javier Ibarreche.
“A essência do filme, independentemente de ser bem ou mal feito, já causa um profundo desconforto. Porque o tema abordado em Emilia Pérez não é algo que nos custou 3.000 vidas há duas décadas – é um problema que, hoje, resulta em cerca de 27.000 mortes violentas por ano. [...] E esse assunto, que deveria ser tratado com o máximo respeito, é transformado em ficção por uma equipe quase inteiramente francesa.”
— Pelis de la Semana
“Emilia Pérez é o equivalente a uma banana pregada na parede de um museu. Serve apenas para chamar atenção, para que alguns críticos chamem o diretor de um vanguardista incompreendido.”
— Puly Films
"No sotaque das atrizes, mesmo quando justificado pela trama, nos diálogos que carecem de naturalidade e soam forçados pela métrica das músicas e do filme como um todo, o que transparece politicamente é a ausência do México em um filme que, teoricamente, tem tudo a ver com o país. Essencialmente, é um ‘brownface’ político."
— Adrián Chávez
"Claramente, o diretor não entende como funcionam os musicais. As cenas musicais aparecem em momentos que interrompem a ação e, na verdade, tiram mais do que acrescentam à história. Se a música não contribui para o desenvolvimento dos personagens ou da narrativa, seu filme não precisa ser um musical. E ainda mais quando as músicas são tão ruins."
"Retratam que ser trans se resume a fazer cirurgias. Ser mulher, nesse caso, é algo que pode ser 'fabricado'. Ao longo do filme, nunca é mostrado um contexto para explicar por que, além de se tornar mulher, o personagem do ‘Manitas’, antes um vilão, passou a ser a bondosa Emilia. Como se ser mulher ou passar pela transição fosse, de alguma forma, um processo de santificação."
— Camila Aurora
Enquanto o filme francês acumula prêmios, podemos resumir que ele se tornou um verdadeiro saco de pancadas para o público mexicano. Como fica evidente, a maioria das críticas aponta desde a falta de conhecimento sobre a cultura e a realidade do narcotráfico no país, passando pelo uso do idioma e a musicalização, até a forma equivocada de representar a comunidade LGBT+.
Se, por meio deste resumo, você conseguiu ter uma ideia do que o filme apresenta, como sempre, te convidamos a assisti-lo e formar sua própria opinião. Emilia Pérez já está disponível nos cinemas do México.
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