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A guerra na Ucrânia está prestes a mudar, e o motivo não é nem russo nem ucraniano: chama-se ATACMS e é "feito nos EUA"

Os mísseis dos Estados Unidos abrem apenas dois caminhos, e o ideal seria o diálogo.

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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Se o que alguns especialistas começam a sugerir for verdade, e a Guerra na Ucrânia não puder ser sustentada além de 2025, com especial destaque para o lado russo, estamos nos aproximando de um desfecho — resta saber de que tipo.

Caso ainda houvesse alguma dúvida sobre isso, o presidente, que tinha poucas semanas restantes no cargo, decidiu acelerar tudo um pouco mais. Os Estados Unidos acabaram de entrar diretamente no conflito, e o protagonista é de "longo alcance".

Biden aponta o dedo

O ainda presidente dos Estados Unidos levantou a proibição de que a Ucrânia utilize mísseis de longo alcance em ataques dentro do território russo, marcando um ponto de virada sem precedentes no conflito.

A autorização inclui o uso de um peso pesado: os mísseis ATACMS, com alcance de 300 quilômetros, direcionados especificamente contra forças russas e, possivelmente, também norte-coreanas estacionadas na região de Kursk.

Ao que tudo indica, a decisão (ainda não confirmada oficialmente pela Casa Branca) baseia-se na presença de cerca de 10 mil soldados norte-coreanos que, aparentemente, se uniram às tropas russas. Essa é a primeira vez desde a Guerra da Coreia, em 1953, que Pyongyang mobiliza forças terrestres no exterior. Vale lembrar que, segundo relatórios, a Coreia do Norte poderia enviar até 100 mil soldados adicionais caso a aliança com a Rússia se fortaleça.

Tudo isso ocorre em um contexto que marca uma mudança política significativa, a apenas dois meses de Trump reassumir a presidência.

Por que agora?

Essa é a grande questão. Segundo explicou a BBC ontem, além da presença de tropas norte-coreanas no conflito, o movimento pode estar relacionado à necessidade de fortalecer a Ucrânia antes de possíveis negociações de paz. Dessa forma, Biden busca garantir que a Ucrânia tenha uma posição mais sólida no campo de batalha e, potencialmente, em futuras conversas diplomáticas.

Além disso, há também a possibilidade de que a decisão tenha como objetivo maximizar o apoio militar a Kyiv antes que Trump, que já criticou a ajuda militar à Ucrânia, assuma a presidência.

O que são os mísseis ATACMS?

Fabricados pela Lockheed Martin, os ATACMS são sistemas balísticos de curto alcance projetados para atingir alvos estratégicos a grandes distâncias. Com alcance de até 300 km, podem carregar uma carga explosiva de 220 quilos ou munições cluster.

Esses mísseis são lançados a partir de plataformas móveis HIMARS, já fornecidas à Ucrânia, ou de lançadores M270, enviados pelo Reino Unido e pela Alemanha.

Sua origem

Desenvolvidos nos anos 1980 para destruir alvos soviéticos de alto valor, os ATACMS foram um dos primeiros sistemas de precisão guiada dos Estados Unidos. Atualmente, o Pentágono possui dois tipos no seu inventário: um com uma carga explosiva única e outro com munições cluster.

No entanto, o uso destas últimas é limitado devido aos riscos que representam para civis após os combates. As vantagens? Sua capacidade de voar em grande altitude e retornar a velocidades supersônicas os torna ideais para atacar posições fortificadas, nós logísticos e concentrações de tropas.

Os ATACMS na Ucrânia

No cenário atual, segundo a imprensa britânica, a autorização para usar esses mísseis permitirá à Ucrânia atacar alvos estratégicos dentro da Rússia, provavelmente começando pela região de Kursk.

Esses ataques podem dificultar as operações militares russas, obrigando o deslocamento de equipamentos e infraestrutura para longe da linha de frente, o que estenderia as linhas de suprimento e reduziria a capacidade de resposta aérea russa.

Apesar disso, especialistas alertam que a quantidade de mísseis disponível será limitada e que, embora eficazes, eles não serão suficientes para mudar completamente o curso da guerra.

Um ponto extra: os ATACMS podem ter um impacto psicológico positivo para a Ucrânia, especialmente se forem usados contra alvos simbólicos, como a Ponte de Kerch.

Implicações internacionais e a possível resposta

A decisão de Biden também poderá influenciar outros aliados ocidentais , como o Reino Unido e a França, a permitir o uso de mísseis de longo alcance, como o Storm Shadow , em ataques dentro da Rússia.

Seja como for, parece lógico pensar que a medida também poderá aumentar as tensões com Moscou. Vladimir Putin alertou que o uso de armas ocidentais contra o território russo seria visto como um envolvimento direto da OTAN no conflito , mudando a própria natureza da guerra. O que isso significa? Só Putin sabe, e embora até agora não tenha concretizado ameaças semelhantes na sequência do fornecimento de tanques e aviões à Ucrânia, o medo existe e é possível que a “linha vermelha” tenha chegado.

E o Trump?

O que uma guerra menos precisa é de mais combustível, e em breve entra em cena o ator mais inesperado: Donald Trump. Seu retorno à presidência gera incertezas sobre a continuidade da política dos Estados Unidos.

Embora Trump tenha prometido encerrar rapidamente a guerra, ele não especificou como, o que não é um mero detalhe. O que sabemos até o momento é que alguns de seus aliados criticaram a autorização do uso dos mísseis ATACMS, enquanto outros argumentam que mais entregas de armas poderiam forçar a Rússia a negociar de uma vez por todas.

Por outro lado, para a Ucrânia, o temor está em que uma mudança de liderança nos Estados Unidos possa limitar ou até revogar o envio desses mísseis, prejudicando significativamente sua capacidade militar no futuro imediato e, ainda mais, uma possível negociação sem os ATACMS na mesa.

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