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A mineração chinesa olha para o Himalaia, o motivo é simples: um enorme depósito de terras raras

Exploração da área tem potencial de agravar o conflito territorial entre Índia e China na fronteira sul do Tibete

Himalaia
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Muitos são os materiais que a indústria global tem buscado produzir com estabilidade para fomentar o desenvolvimento de tecnologias, como o cobre, o ouro e o antimônio. Mas não há material mais importante para isso do que os metais de terras raras. A China sabe muito bem disso e, agora, achou sua próxima fonte de extração: o Himalaia.

A notícia foi divulgada pelo South China Morning Post em 2023. Foi revelado que geólogos chineses identificaram uma ampla reserva potencial de metais de terras raras na cordilheira entre o subcontinente indiano e a planície tibetana. Acredita-se que a reserva no Himalaia pode ser comparável (ou até mesmo maior) às grandes minas da China, o que reforçaria sua posição no mercado desses minerais.

Abordando a riqueza mineral dessas montanhas, a revista Science China Earth Science publicou um estudo em 2017 que identificou duas faixas de mais de mil km com potencial para mineração.

"Nosso estudo preliminar sobre a região mostra um grande potencial adicional para a mineralização de metais raros no que pode se tornar o cinturão metalogenético economicamente mais importante do país", apontaram os autores do estudo no comunicado à imprensa.

Mas há obstáculos. O primeiro é a vasta extensão do terreno, que fica situado em uma região remota, tornando a identificação precisa da localização dos depósitos de minerais raros um verdadeiro desafio. Resolver isso pode exigir anos ou até mesmo décadas de trabalho.

Himalaia 1

O desafio geopolítico

Não é só a distância da área — sua localização também apresenta complicações geopolíticas. A China e a Índia têm uma longa disputa territorial na fronteira sul do Tibete. Portanto, se o gigante asiático realizar atividades de mineração na cordilheira, isso pode provocar mais tensões diplomáticas entre Pequim e Nova Délhi.

Esse ponto foi ressaltado em 2019 pelo Instituto de Terras Raras e Metais Estratégicos, quando a China, em seu lado da fronteira disputada com a Índia no Himalaia, realizou operações de mineração. Operações essas que revelaram um vasto tesouro de ouro, prata e outros minerais, avaliados, segundo os geólogos estatais chineses, em quase US$ 1 bilhão (R$ 5,4 bilhões).

"Os esforços da China para aproveitar os recursos naturais da região e, ao mesmo tempo, construir rapidamente infraestrutura poderiam fazer com que o conflito se tornasse em outro Mar do Sul da China", declarou o órgão suíço Instituto de Terras Raras e Metais Estratégicos.

Himalaia 2

A IA como aliada da mineração

Pesquisadores chineses têm trabalhado, com o apoio do governo, em uma ferramenta para aproveitar dados de satélite e localizar depósitos de metais de terras raras na planície tibetana. Sua inteligência artificial, segundo indicam cientistas da Universidade de Geociências da China em Wuhan, alcançou uma precisão de 96%. Essa ferramenta se concentra em identificar um tipo específico de granito que pode conter recursos como nióbio, tântalo e lítio.

A insistência da China em manter a hegemonia mineradora é tamanha que, em 2022, o East Asia Forum estimou uma participação entre 50% e 60% no mercado minerador, assim como notáveis 90% do processamento intermediário.

Apesar da vantagem, países como os EUA têm acelerado o passo na corrida. Com o uso da IA, os norte-americanos também buscam criar modelos do subsolo e, com isso, explorar profundidades para a extração de minerais.

Este texto foi traduzido e adaptado do site Xataka Espanha

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