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Arqueólogos do Museu Britânico criam cópias perfeitas das relíquias do Pathernon

Com tecnologia de escaneamento 3D, arqueólogos digitais conseguiram digitalizar todas as relíquias do Partenon, criando réplicas exatas em mármore. Isso permitiria devolver as peças originais à Grécia, enquanto o Museu Britânico exibe cópias que se aproximam ainda mais da realidade da antiguidade.

Arqueólogos Britânicos Fazem Copia Do Pathernon
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

O Museu Britânico abriga uma das maiores coleções de arte do mundo, e outra coleção igualmente impressionante está no Louvre, em Paris.

Não é surpresa que, ao longo dos anos, ambos museus tenham se envolvido em diversas polêmicas sobre como essas obras de arte foram adquiridas. O comentário comum é que "saquearam" relíquias de várias partes do mundo (e, atualmente, nem têm espaço para suas próprias peças). Vários países estão reivindicando o retorno de seus patrimônios culturais.

O Museu Britânico evita tocar nesse assunto, mas um grupo de historiadores e arqueólogos decidiu agir por conta própria. Como? Esconderam as obras sem autorização, criaram réplicas exatas em mármore e as ofereceram ao próprio museu.

Voltando ao Partenon…

A Grécia há anos luta por justiça patrimonial em relação ao monumento, um dos mais visitados e simbólicos do país, cujas peças mais valiosas estão em Londres. No início do século XIX, Thomas Bruce, o sétimo conde de Elgin, retirou 75 metros do friso, 15 metopas e 17 estátuas, que depois vendeu ao governo britânico por 35 mil libras. Esses itens acabaram no Museu Britânico.

A Grécia considera essa ação ilegítima e vem pedindo a devolução das peças há anos. Como forma de protesto, construíram o Novo Museu da Acrópole, com um andar chamado "Mármores Exilados de Elgin", repleto de estantes vazias, aguardando o retorno das relíquias que acreditam ser de seu legítimo direito.

Arqueólogos em pé de guerra

O Museu Britânico não parece disposto a ceder, e o mais irônico é que há um grupo de arqueólogos e historiadores britânicos fazendo uma "guerra de guerrilha" contra o próprio museu. O documentário Stuff the British Stole ("Coisas que os britânicos roubaram", em tradução livre) explora justamente essas relíquias em posse dos britânicos. Em um dos episódios — muito interessante, por sinal — conhecemos Roger Michel, um arqueólogo digital com uma visão instigante:

“Se conseguirmos fazer cópias perfeitas das esculturas do Partenon, os visitantes terão a mesma experiência ao vir ao Museu Britânico.” E essas cópias são realmente perfeitas: esconderam cada elemento do Partenon usando ferramentas como um iPad com sensor LiDAR, e esses dados foram transformados em réplicas 1:1 feitas em mármore.

O Museu Britânico não gostou

Quando Marc Fennell, diretor do documentário da TV australiana, perguntou sobre a reação do museu ao ouvir a ideia, Roger Michel admitiu que a resposta não foi positiva: "O museu decidiu, naquele momento, adotar uma postura muito forte contra o projeto. Então, claro, nós fizemos mesmo assim e iniciamos uma guerra de guerrilha."

Mas, espera aí, se o museu era contra, como eles conseguiram escanear as estátuas?

Roger explicou que estudaram com atenção as regulamentações do museu e descobriram um ponto que permitia aos visitantes usarem equipamentos de escaneamento 3D para capturar as peças, desde que o uso das réplicas não fosse comercial.

E eles têm seus motivos!

Roger argumenta que as esculturas do Partenon, no estado em que estão atualmente, não ensinam nada aos visitantes. “Na verdade, elas se informam sobre a estética da antiguidade”, comenta Michel. Isso porque, originalmente, essas obras eram pintadas com cores vibrantes, algo que, obviamente, não pode ser feito nas relíquias originais, mas poderia ser nas réplicas de mármore.

Dessa forma, o museu poderia exibir cópias exatas das peças, pintadas para refletir como elas realmente eram na antiguidade, proporcionando uma lição de história mais fiel para os visitantes.

A polêmica da preservação

Isso também poderia pôr fim a um problema que nos acompanha há décadas. “Os gregos recuperaram seus objetos valiosos e todos ficariam satisfeitos. Esse era o plano”, comenta Michel. No entanto, não será tão fácil assim trazer de volta as esculturas e peças do Partenon. O Museu Britânico, e a própria Inglaterra, continuam firmes na ideia de que são mais capazes de preservar as peças do que outros países.

Além disso, em 1753, o governo britânico promulgou uma lei que proíbe expressamente a saída de qualquer peça do museu, a menos que seja um duplicado.

A justificativa para essa decisão foi a preservação das obras, e o governo britânico declarou, há alguns anos, que essas relíquias não teriam sido tão bem conservadas em seus países de origem quanto foram no Museu Britânico.

No fim das contas, também se trata de dinheiro

As peças do Partenon são um enorme atrativo turístico para o museu, e sempre defenderam que o acordo entre Thomas Bruce e a Inglaterra foi completamente legal, o que lhes dá direito de posse sobre essas antiguidades. O debate continua nas ruas e no Parlamento, mas veremos o que acontecerá.

Imagens | Stuff the British Stole, ABC

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