É provável que o Burning Man seja um dos festivais mais excêntricos que existem. Sua organização não fornece nenhum serviço, então os participantes devem trazer tudo que vão usar. Se, ao chegarem lá, precisarem de algo, terão que conseguir por meio de trocas com outros participantes, já que o comércio com fins lucrativos e o uso de dinheiro não são permitidos.
No entanto, considerando que a maioria dos participantes consiste em milionários empreendedores do Vale do Silício, herdeiros ricos ou artistas consagrados, é de se imaginar que eles não vão chegar fazendo carona e com uma barraca nas costas. O festival, que aconteceu em agosto, montou seu próprio aeroporto temporário e contratou controladores de tráfego aéreo para organizar a intensa circulação de jatos particulares dos participantes abastados.
A loucura do Burning Man
O Burning Man é um dos festivais mais peculiares e paradoxais do mundo. Durante alguns dias do ano, milhares de pessoas se reúnem no meio de um deserto árido em Black Rock, Nevada (EUA), onde se permitem mergulhar na contracultura neohippie, com apresentações musicais e arte conceitual.
Para a edição deste ano, a organização reuniu 70 mil pessoas, chegando muito perto das 74 mil que vieram em 2023 para ficarem presas na lama de “Black Rock City”, o apelido carinhoso da área onde rola o festival. Uma vez concluído o evento, tudo deve ser desmontado e não devem sobrar vestígios do que ocorreu.
Uma cidade efêmera, um aeroporto temporário
Como se não fosse suficientemente inusitada uma cidade efêmera, o festival também conta com seu próprio aeroporto no meio do deserto para atender as centenas de aviões particulares de milionários. Sua identificação oficial é 88NV, embora ele seja mais conhecido como Aeroporto Municipal de Black Rock City. Nem a cidade e nem o aeroporto existem de verdade.
Segundo informações do Business Insider, o aeroporto está situado no leito empoeirado de um lago seco e conta com duas pistas de 1,82 km cada, nas quais podem aterrissar e decolar desde pequenas aeronaves até aviões privados de pequeno porte.
Controladores aéreos e voluntários
Assim como o restante das estruturas da organização, o aeroporto é operado por voluntários, incluindo a equipe de pista de decolagem e a área de controle de tráfego aéreo. "O aeródromo é rolado e regado todas as noites por uma pequena frota de caminhões grandes para estabilizar a superfície para os aviões e reduzir a poeira na pista", afirmou um porta-voz do Projeto Burning Man ao portal de notícias norte-americano.
Segundo a organização, "o Burning Man contrata uma equipe de cinco controladores de tráfego aéreo profissionais que são os melhores do mundo". Esses controladores foram responsáveis por gerenciar todo o tráfego aéreo da instalação durante os dias do festival e seus custos foram cobertos por meio do serviço Burner Express Air, que conectou o festival a cidades dos estados de Califórnia e Nevada. O preço médio de uma passagem de ida e volta entre San Francisco e Black Rock City pode ficar em torno de US$ 3 mil (R$ 16,7 mil).
Aeroporto em horário de pico
Um porta-voz do Burning Man afirmou que, em edições anteriores, o aeroporto chegou a gerenciar até 500 operações de decolagem e aterrissagem por dia enquanto esteve ativo.
Segundo dados do site de controle aéreo Flight Aware, o aeroporto de Black Rock City registrou 317 operações apenas no dia 1º de setembro e 326 operações no último dia do festival, fechando e desmontando toda sua "infraestrutura" até a próxima edição. Não deixa de ser irônico que, nos dois últimos dias do Burning Man de 2024, esse aeroporto inexistente tenha registrado cerca de metade dos voos que Congonhas tem diariamente.
Este texto foi traduzido e adaptado do site Xataka Espanha
Imagem | Burning Man
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