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CEO do Starbucks também voltará ao escritório: ele fará o trajeto em um jatinho particular

  • Brian Niccol vive em Newport Beach (Califórnia) e a sede da Starbucks está em Seattle (Washington), a 1.600 km de distância

  • Quando não estiver em viagem de negócios, ele terá que ir ao menos três dias por semana

  • Como novo CEO, Niccol poderá utilizar o avião da companhia para isso

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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Uma das coisas que o fim da pandemia trouxe foi o retorno ao escritório. Em alguns casos, o retorno foi total e, em outros, foi adotado um formato híbrido: tantos dias em casa e tantos outros no escritório. No caso da Starbucks, é assim. A política da empresa, desde janeiro de 2023, é que os funcionários devem ir ao escritório pelo menos três vezes por semana. Isso inclui o próximo CEO, Brian Niccol, que também terá que fazer isso, mas com certas comodidades dignas de seu salário anual de 1,6 milhão de dólares anuais (R$ 8,9 milhões), fora os incentivos.

1.600 km é a distância que separa Newport Beach (Califórnia) de Seattle (Washington). Na primeira cidade está a residência de Niccol. Na segunda, a sede da Starbucks. Poderia-se esperar que, sendo o CEO da empresa, ele se mudasse para Washington para trabalhar na sede, mas não. Como diz a carta com a oferta da vaga, que foi tornada pública em agosto:

"Durante seu emprego na companhia, não será solicitado que ele se transfira para a sede da empresa (atualmente em Seattle, Washington). Ele aceita deslocar-se de sua residência para a sede da empresa (e realizar outras viagens de negócios) conforme necessário para desempenhar suas funções e responsabilidades."

Ou seja, quando não estiver em viagem de negócios, espera-se que o CEO vá ao escritório principal, o de Seattle, pelo menos três vezes por semana, afirma um porta-voz da Starbucks à CNBC.

O metrô não chega

Infelizmente, ir e voltar de Newport Beach até Seattle de carro três vezes por semana não parece viável, mas isso não é um problema para Niccol, já que a vaga também prevê o uso do avião da empresa para "viagens relacionadas ao negócio, viagens entre sua cidade de residência e a sede da empresa em Seattle, Washington, e suas viagens pessoais de acordo com as políticas da empresa, até um valor máximo de 250 mil dólares (R$ 1,4 milhão) por ano". Além disso, a Starbucks disponibilizará um pequeno escritório remoto para seu novo CEO em Newport Beach e um assistente à sua escolha.

Em entrevista à CNBC, um porta-voz da empresa afirmou que "o escritório principal de Brian e a maior parte do seu tempo serão passados em nosso Centro de Apoio em Seattle ou fora, visitando parceiros e clientes em nossas lojas, torrefações, instalações de torrefação e escritórios em todo o mundo [...] Seu horário superará as diretrizes de trabalho híbrido e as expectativas do local de trabalho que temos para todos os parceiros".

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Salário de CEO

Brian Niccol, que até então era o CEO da Chipotle, receberá 1,6 milhão de dólares (R$ 8,9 milhões) por ano. Isso será acrescido de bônus que variam entre 3,6 e 7,2 milhões de dólares (de R$ 20 a R$ 40 milhões), de acordo com seu desempenho, e até 23 milhões de dólares anuais (R$ 128 milhões) em ações.

Niccol havia sido CEO da Taco Bell até 2018. A sede da Taco Bell está em Irvine (Califórnia), a 15 minutos de carro da casa de Niccol em Newport Beach. Em 2018, ele se tornou o CEO da Chipotle, cujos escritórios centrais estavam em Denver (Colorado), a 1.600 km de sua casa. Três meses após sua chegada ao cargo, a Chipotle mudou sua sede de Denver para Newport Beach, um movimento que afetou 400 pessoas.

Diferenças de poder

Este caso é notável por um motivo simples: coloca em evidência as diferenças no poder de negociação que um executivo de alto nível tem em comparação a um funcionário mais simples em termos de flexibilidade, trabalho remoto e transporte. Não é apenas uma diferença, é um abismo, mas esse é um dos preços que empresas como a Starbucks estão dispostas a pagar para contratar um executivo estrela.

A Starbucks passa por um momento difícil. O valor de suas ações vem caindo há um ano e, há alguns meses, um de seus antigos CEOs, Howard Schultz, fez um post no LinkedIn criticando a liderança da empresa. Laxman Narasimhan, que era o CEO na época, deixou a empresa no ato e Niccol foi contratado — um executivo que conseguiu gerenciar com sucesso crises importantes em duas marcas famosas, Taco Bell e Chipotle.

Laxman Narasimhan, CEO anterior da Starbucks | Imagem: Starbucks Laxman Narasimhan, CEO anterior da Starbucks | Imagem: Starbucks

Trabalho remoto: dois pesos, duas medidas

De qualquer forma, este caso evidencia como o retorno ao escritório está ocorrendo de maneiras distintas. De um lado, temos os CEOs e executivos de alto nível, que podem viver onde quiserem e viajar para o escritório sem gastar nada a mais, uma vez que os custos são cobertos pela empresa.

Do outro estão os funcionários de menor nível, que podem ser obrigados a mudar de cidade e/ou viver em determinados bairros, renunciando a possibilidades de promoção ou gastando uma quantia significativa de dinheiro em transporte.

Este texto foi traduzido e adaptado do site Xataka Espanha

Imagem | Chipotle, Starbucks editada por Xataka

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