Nos últimos anos, a arte contemporânea tem estado no centro de um debate entre aqueles que a classificam como "arte feia" e "fraudulenta", e aqueles que acreditam que a arte é um produto do tempo e da sociedade em que é criada.
Um exemplo disso é o caso do criador de Take the money and run, uma peça que fez muitos se questionarem se se tratava de uma forma de protesto ou de uma fraude.
O protagonista é um artista conceitual dinamarquês chamado Jens Haaning. Em 2021, ele recebeu 76.000 euros (mais de 1.600.000 pesos) do Museu Kunsten de Arte Moderna, como empréstimo em troca de uma antiga obra sua. No entanto, a instituição recebeu apenas duas telas em branco.
A obra que Haaning deveria entregar era uma recriação de um de seus quadros mais antigos, que representava o salário de um ano na Dinamarca e na Áustria. O dinheiro recebido deveria fazer parte da obra, pois as cédulas seriam coladas em dois painéis.
No entanto, ao que parece, o artista teve outra ideia e, em vez disso, enviou ao museu uma "versão melhorada" da obra, que consistia em dois painéis em branco com o título Take the money and run (em português, "Pegue o dinheiro e corra").
Haaning defendeu que sua "nova versão" denunciava os salários precários no país. Além disso, ele acrescentou que o descumprimento do contrato "fazia parte de sua expressão artística".
“Eu encorajo outras pessoas que têm condições de trabalho tão miseráveis quanto as minhas a fazerem o mesmo. Se você tem um trabalho de merda, não é pago, e ainda pedem que você coloque dinheiro no trabalho, então pegue o que puder." — Jens Haaning, artista contemporâneo.
O artista foi obrigado a reembolsar o museu
Por suas ações, foi iniciado um processo legal contra Haaning, exigindo que ele devolvesse o valor que havia "furtado" do museu.
Após um longo processo, finalmente, em 2023, ele chegou a um acordo com a instituição e pagou apenas 5.730 dólares (quase 13.000 pesos) como taxa de exibição. Apesar de tudo, o Museu Kunsten exibiu as obras, junto com o e-mail no qual o artista explicava sua forma de protesto.
"'Take the Money and Run' (2021), de Jens Haaning, está protegida para a posteridade como parte da coleção do Kunsten e pode ser exibida ao público." — Lasse Andersson, diretor do Museu Kunsten de Arte Moderna.
Algum tempo depois, Andersson confessou em uma entrevista que, graças à viralização desse caso, o museu ganhou "muito, muito mais" do que havia sido dado a Haaning.
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