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Êxodos dos ultrarricos: Europa está perdendo seus milionários para China e Estados Unidos

No mundo dos ricos, há classes, e o mesmo ocorre entre os países que escolhem para distribuir suas fortunas

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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Entre os países do mundo com a maior população de milionários, EUA e China sempre ocuparam os primeiros lugares. Recentemente, tivemos confirmação que essa tendência não apenas tem permanecido, mas que, também, a Europa está ficando muito para trás em termos de população milionária.

O último relatório Centi-Millionaire, da Henley & Partners, examina o crescimento entre 2013 e 2023 dos ultrarricos cuja riqueza supera US$ 100 milhões (R$ 546 milhões). Segundo os dados, a Europa está muito, muito atrás de seus equivalentes da Ásia e na América no que se trata de multimilionários viajando e comprando.

Esse grupo cresceu mais de 50% nesses dez anos, com quase 30 mil novos milionários se unindo ao clube. No entanto, esse crescimento não foi uniforme em todas as regiões: na Europa, o número de centimilionários (pessoas com US$ 100 milhões ou mais) cresceu apenas 26%, ou seja, metade da taxa de crescimento global.

Buscando dar contexto aos números, Juerg Steffen, diretor executivo da Henley & Partners, afirmou à revista Fortune que "está claro que a história dos centimilionários é de dinamismo e mudança. Desde os booms impulsionados pela tecnologia na China e nos EUA até o surgimento de novos centros de riqueza ao redor do mundo, a geografia da opulência extrema está se afastando da Europa".

O executivo também analisou as tendências da riqueza privada e da imigração. Para ele, a primeira não deve desacelerar tão cedo. De fato, há um claro perdedor na Europa Ocidental: Londres, que deverá ver menos novos centimilionários se juntando à lista até 2040. Moscou, Zurique e Madri também seguirão o exemplo da capital britânica. Enquanto isso, lugares como Dubai e Shenzhen se tornarão os destinos "obrigatórios" dos novos centimilionários, segundo o relatório.

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No entanto, há alguns oásis de riqueza europeia, localizados em áreas discretas da região. Onde? O relatório menciona Mônaco, Malta e Polônia, onde se espera que o número de multimilionários aumente em 75% ou até mais nos próximos anos.

Por que os milionários estão fugindo da Europa?

Não há uma única razão para esse êxodo. Conforme apontado pela Fortune, o ambiente de incerteza política é uma explicação, mas não a única. Também entram em jogo as políticas fiscais em constante mudança em lugares como Itália e Reino Unido, além de anos de comércio externo "discreto" em comparação a outros países do mundo.

Além disso, enquanto a Europa conta com tipos como Bernard Arnault e Mark Mateschitz, multimilionários de alto perfil que viram seus impérios empresariais crescerem enormemente, países como os EUA se beneficiaram mais da migração de riqueza, da maior liquidez no mercado de ações e da criação de riqueza em geral. Ou seja: na Europa, quem já era rico ficou mais, enquanto, nos EUA, surgiram novos ricos.

O caso do Reino Unido

A terra do rei Charles é possivelmente a maior perdedora em termos de “ultrarricos e o que eles geram". Há não muito tempo, a Grã-Bretanha era um dos países mais ricos do continente e do mundo, mas a tendência de transferência de riqueza se inverteu. Agora, mais pessoas estão deixando o país e isso se agrava no contexto do Brexit.

A Grã-Bretanha, sozinha, poderá perder 500 mil milionários nos próximos cinco anos, segundo um relatório da UBS Wealth de julho. Essa situação irá direcionar riquezas para outros pontos do continente, com Bélgica, Alemanha e Espanha figurando entre os principais destinos dos britânicos que buscam um lugar melhor para estacionar seus milhões, pelo menos na Europa, segundo o mesmo relatório.

O caso da China e dos EUA

Para finalizar, não podemos ignorar os dois pontos do planeta que estão drenando o solo europeu de ultrarricos. Os EUA são o país com a maior população de milionários do mundo. Um estudo de julho revelou que eles possuem 5.492.400 pessoas com patrimônio superior a um milhão de dólares (R$ 5,4 milhões), enquanto 9.850 pessoas possuem mais de US$ 100 milhões. Por fim, há 788 bilionários com fortunas acima de US$ 1 bilhão (R$ 5,4 bilhões).

Quanto à China, o segundo país em número de milionários, a cifra chega a 862.400 pessoas, enquanto a população de centimilionários está em 2.352 pessoas (0,27% dos milionários), ficando acima dos EUA em termos de distância entre esses dois segmentos.

Claramente, eles jogam em outra liga.

Este texto foi traduzido e adaptado do site Xataka Espanha

Imagem | Diego Delso, VirtualCapitalist.com

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