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México tem uma posição polêmica sobre cerveja e muitos não vão concordar com ela

A Profeco acabou de publicar a última edição da Revista del Consumidor, onde analisou 19 marcas de cerveja diferentes. Todas estão dentro dos padrões, exceto uma que se autodenomina "cerveja", mas não deveria.

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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

O México é um dos países mais apaixonados por cerveja. Isso não é apenas uma opinião, mas o que apontam os números: o país ocupa o quarto lugar em consumo absoluto de cerveja, atrás apenas da China (um verdadeiro gigante nesse quesito), dos Estados Unidos e do Brasil.

Além disso, está em 19º lugar no consumo per capita, de acordo com dados de 2022. O México representa 5,2% do consumo mundial de cerveja, e para efeito de comparação, a Alemanha está em sexto lugar com 4,1% e a Espanha em nono com 2,3%. O México também se destaca como um importante produtor, exportador e importador de cerveja no mercado global.

Na verdade, segundo os dados, a Modelo Especial é a cerveja mais consumida nos Estados Unidos, e pertence a um grupo mexicano. No universo das cervejas, há muitos tipos diferentes, dependendo dos processos de fermentação, maturação e matérias-primas. Mas, para simplificar bastante, podemos dividir em três tipos: a normal, a sem álcool e a 0.0.

E o último relatório da Profeco (Procuradoria Federal do Consumidor do governo mexicano) deixa claro que há algumas marcas que não deveriam ser classificadas como cerveja. Basicamente, elas não existem.

A cerveja sem álcool não existe no México

Não vamos discutir a diferença de sabor ou se é fácil perceber quando uma cerveja tem álcool ou não. O que queremos destacar é que ela é uma opção para quem quer aproveitar essa bebida e suas propriedades, mas não deseja consumir álcool.

Pode ser por escolha própria, por questões médicas ou de saúde, ou porque a pessoa vai dirigir depois. Em todos esses casos, a cerveja sem álcool é uma solução.

A Europa, por exemplo, sempre foi uma terra de cervejeiros tradicionais, e nos últimos anos a produção de cerveja sem álcool ganhou impulso. De fato, entre 2022 e 2023, a produção aumentou 13%. E há uma diferença sutil, mas essencial, para entender essas bebidas, vamos entender melhor:

  • A cerveja sem álcool é aquela que tem um teor alcoólico inferior a 1%. Ou seja, ela contém álcool, embora em uma quantidade mínima.
  • A cerveja 0.0 é tratada para que seu teor alcoólico não ultrapasse 0,04%. Se ultrapassar, ela passa a ser considerada uma cerveja sem álcool.

Esse controle é feito no processo de produção por meio de diferentes métodos. Por exemplo, durante a fermentação, a temperatura é controlada para que o desenvolvimento da levedura seja limitado, consumindo menos os açúcares da cevada e, assim, produzindo menos álcool. Outra técnica é, após a produção da bebida, aquecê-la até o ponto de ebulição, fazendo o álcool evaporar, mas sem perder a água.

No México, no entanto, o resultado desse processo não pode ser chamado de "cerveja". Na última edição da Revista del Consumidor, a Profeco explica o seguinte:

"O teor alcoólico da cerveja varia de 2% a 20%, por isso, produtos com menos de 2% de álcool não podem utilizar a denominação 'cerveja', pois são bebidas não alcoólicas".

Nesse ponto, foram bem claros, e o resultado é que algumas marcas terão que mudar seus rótulos. No estudo sobre cervejas, a Profeco analisou 19 produtos: 12 cervejas com baixo teor alcoólico e 7 bebidas não alcoólicas (aqui, já deixam claro que são "bebidas", não "cerveja").

Eles verificaram o teor alcoólico, o valor energético, os compostos voláteis e o sódio. No relatório, podemos ver que as bebidas sem álcool não utilizam o termo "cerveja", e sim "bebida não alcoólica", "bebida de malte não alcoólica" ou "bebida sabor malte de trigo, cevada e lúpulo".

Todas… exceto uma: a Mahou 0.0 tostada. No rótulo, ela se autodenomina "cerveja sem álcool", mas o próprio relatório aponta que a bebida não cumpre os requisitos devido à falta de informações completas para o consumidor e por não poder utilizar a palavra "cerveja", já que não contém álcool.

Guerra sobre o açúcar na cerveja

Além da guerra declarada contra a cerveja sem álcool no México, o relatório também traz uma análise interessante sobre o conteúdo de açúcar.

Essas bebidas são frequentemente escolhidas por quem busca perder peso e reduzir o consumo de álcool. No entanto, a cerveja, por sua própria composição, contém calorias. Além disso, a Profeco destaca que algumas cervejas com baixo teor alcoólico (agora chamadas de bebidas não alcoólicas) estão carregadas de açúcar.

Além da Mahou 0.0 Tostada, temos a Erdinger Weissbier, a Tecate Cero e a Old Milwaukee como as que apresentam o maior teor de açúcar. No fim, trata-se de rotular corretamente um produto para que o consumidor tenha mais clareza sobre o que está consumindo, e veremos se marcas como a Mahou vão reagir a essa análise da Profeco.

De qualquer forma, o crescimento da cerveja sem álcool foi além da Europa, e como apontam nossos colegas do Xataka México, o consumo de cerveja sem álcool — ou melhor, "bebida não alcoólica à base de malte" — no país aumentou 64% em relação a 2015.

Imagens | Profeco, Koefbac, Jorge Royan

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