As grandes empresas de tecnologia se encontram atualmente em uma paradoxal encruzilhada entre a escassez de talentos e a necessidade de demitir parte de suas equipes para enfrentar o futuro com maior eficiência.
Nesse contexto, Mark Zuckerberg afirmou, em uma entrevista para a Bloomberg, que não acredita que a política de contratação da Meta deva se basear em contratar aqueles que possuem mais diplomas e conhecimentos em seus currículos, mas sim em outras habilidades, para as quais não há uma graduação acadêmica.
Menos diplomas e mais pensamento crítico
Durante a entrevista, o fundador da Meta destacou que sua política de contratação valoriza muito a capacidade de algumas pessoas de se aprofundarem em uma determinada habilidade e dominá-la.
Entre essas habilidades, o CEO da Meta mencionou dar grande importância a "aprender a pensar de forma crítica e adquirir valores quando se é jovem", disse ele à jornalista Emily Chang. Zuckerberg explicou que o mais relevante para ele não são os diplomas universitários ou os mestrados, mas sim a capacidade de resolver problemas complexos e demonstrar que a pessoa consegue se aprofundar em uma área específica e entender como ela funciona.
"Se as pessoas demonstram que podem se aprofundar e fazer algo realmente bem, então é provável que tenham adquirido experiência na arte de aprender algo", comentou Zuckerberg.
As lições de sua filha
Mark Zuckerberg voltou a usar uma anedota sobre sua filha para explicar esse conceito, assim como fez anteriormente durante sua participação no podcast Acquired.
Desta vez, Zuckerberg mencionou que sua filha é muito criativa e fez um esboço para escrever um romance sobre "cristais de sereia". A menina já escreveu 40 páginas e está utilizando inteligência artificial para gerar as imagens. Para Zuckerberg, fomentar essas habilidades de aprendizado e resolução de problemas desde a infância é crucial para o futuro profissional, pois, em sua opinião, são desenvolvidas habilidades de análise e criatividade que são mais valiosas do que qualquer diploma universitário.
A política de contratação da Meta
A Meta e Mark Zuckerberg mantêm essa política de contratação há muitos anos. Em 2015, o fundador do Facebook falou algo semelhante em uma rodada de perguntas da imprensa após sua participação no MWC de Barcelona. Como publicou a CNN, Zuckerberg afirmou que, mais do que priorizar a formação técnica dos candidatos, a empresa dava preferência àqueles que apresentassem habilidades de empreendedorismo e liderança.
"Eu só contrataria alguém para trabalhar diretamente para mim se, em um universo paralelo, fosse possível que eu pudesse estar trabalhando para essa pessoa. Acho que essa regra tem funcionado muito bem para mim."
A filosofia de contratação de Zuckerberg se espalhou para outras empresas de tecnologia, que cada vez dão menos importância aos diplomas universitários e priorizam as habilidades em resolução de problemas.
Tim Cook, CEO da Apple, minimizou a importância da formação acadêmica para acessar empregos nas grandes empresas de tecnologia em uma entrevista à Forbes em 2019. "Na verdade, nunca pensamos que um diploma universitário fosse algo que deveria ser exigido. Sempre tentamos expandir nossos horizontes", afirmou o executivo da Apple, uma empresa cujo fundador, por sinal, abandonou seus estudos universitários para criá-la.
Redução de pessoal e "o ano da eficiência"
Até o momento, e apesar dessa abordagem de contratação, a Meta parece ter colocado em pausa sua política de contratações para ajustar sua equipe, após ter feito "o ano da eficiência" em 2023.
A Meta ainda está imersa nesse plano, mas, após as demissões em massa que ocorreram entre 2022 e 2023, já tem a estrutura organizacional mais enxuta, reduzindo o número de cargos intermediários.
Imagem | Meta, Unsplash (Jeswin Thomas)
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