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Pela primeira vez em 30 anos, Rússia envia enorme frota de navios de guerra para 5 oceanos — e a China vai junto

Uma demonstração de poder como não se via há décadas marca parceria das duas potências em meio a contexto geopolítico delicado

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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

As imagens de satélite têm registrado uma afluência incomum de pontos em movimento nas águas dos oceanos Pacífico e Glacial Ártico, além dos mares Mediterrâneo, Báltico e Cáspio. Se engana quem acha que é só a chegada de uma frente meteorológica estranha — na verdade, trata-se de uma descomunal frota de guerra russa que está sendo deslocada pelos cinco mares.

O movimento faz parte dos exercícios militares navais Okean-2024, um tipo de simulação de guerra que não é novo, mas adquire um caráter especial no contexto atual. É a primeira vez em 30 anos que as Forças Armadas da Rússia realizam exercícios militares dessa magnitude no mar.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, participou por meio de vídeo do início das manobras com uma mensagem marcando a largada da atividade. “Começa a fase ativa durante a qual serão praticadas as missões mais difíceis, as mais próximas de missões de combate real. Nas últimas três décadas, esta é a primeira vez que realizamos exercícios dessa magnitude no mar”, disse ele às tropas.

Do que estamos falando exatamente

Okean-2024 é o nome dos exercícios militares conjuntos da Marinha da Rússia em 2024, os quais contam com a participação de vários países aliados. O objetivo é exibir o poder naval russo e fortalecer a cooperação militar entre as nações participantes.

A atividade incluirá exercícios em diversos cenários, tanto marítimos como costeiros, e envolvendo submarinos, navios de guerra, aviões e tropas de infantaria naval. O foco principal estará na defesa marítima, nas operações antissubmarinas, no combate contra ameaças aéreas e na coordenação logística no mar.

Okean-2024 no contexto geopolítico

É claro que, no contexto geopolítico atual, com a guerra contra a Ucrânia acontecendo, nenhuma manobra militar russa tem apenas uma camada. A Rússia utiliza esses exercícios não apenas para melhorar a preparação e a coordenação de suas forças armadas, mas também como uma demonstração de poder e força em um cenário de tensões globais, especialmente em relação à OTAN e a outras potências ocidentais.

Além disso, os exercícios de Okean-2024 buscam reforçar a imagem da nação como uma potência naval capaz de operar em múltiplos locais ao mesmo tempo, ao mesmo tempo em que fortalece os laços militares com seus aliados, projetando sua influência em regiões-chave do mundo. Nesse ponto, a China aparece como o grande destaque entre os locais onde são feitas manobras.

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A participação da China nessas simulações, inclusive, sublinha o crescente vínculo militar entre os dois países, especialmente no âmbito naval. Ambos aumentaram sua cooperação militar nos últimos anos e, hoje, a China é uma aliança estratégica em um contexto de tensões com o Ocidente, particularmente com os Estados Unidos e seus aliados na região do Indo-Pacífico. Para a nação de Xi Jinping, assim como para a Rússia, esta é uma oportunidade de enviar uma mensagem sobre seu poderio militar e sobre os atores com quem ela está disposta a colaborar na arena militar global.

É esperado que a Marinha da China contribua com navios de guerra, submarinos e unidades aéreas para realizar manobras conjuntas com as forças navais russas no mar do Japão e no mar de Okhotsk. Isso permitirá a ambos os países praticar a coordenação em operações navais complexas, como o combate antissubmarino, a defesa aérea e a logística marítima.

Magnitude da frota e objetivo principal

Okean-2024 executará o deslocamento de mais de 400 navios russos, incluindo submarinos e navios de apoio, juntamente com cerca de 7 mil veículos e unidades de equipamento especial. As unidades abrangerão todas as frotas principais: a do Pacífico, do Norte, do Báltico e a Flotilha do Cáspio. Pelo ar, serão acompanhadas por mais de 120 aviões e cerca de 90 mil efetivos da Marinha e da Força Aérea russa.

A Defesa russa explicou que o objetivo principal é verificar a preparação dos comandos navais para gerenciar diversos grupos de forças em suas áreas de responsabilidade, resolver tarefas operacionais e usar armamento de alta precisão. Além disso, busca-se "ampliar a interação com as forças navais dos países parceiros na resolução de tarefas conjuntas no mar".

Inquietação

Desde o início do deslocamento, surgiram notícias de “inquietação” em países por onde as manobras estão passando. A Noruega, por exemplo, se viu incomodada. “Estamos acompanhando de perto todos os movimentos”, anunciaram as Forças Armadas da Noruega quando começaram a aparecer as primeiras fotos dos navios anfíbios da frota russa do Báltico.

Segundo o vice-almirante Rune Andersen, chefe do Quartel-General Operacional (JHQ) das Forças Armadas da Noruega, "a Marinha russa iniciou o exercício Okean, o que resultou em um aumento da atividade da Frota do Norte e da Frota do Báltico em nossas zonas imediatas, além da presença de aviões de longo alcance. Estávamos preparados para isso e planejamos seguir os movimentos russos junto com nossos aliados", afirmou ele.

Esse texto foi traduzido e adaptado do site Xataka Espanha

Imagem | Mil.ru, Kremlin.ru

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