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Por que a luz solar não ilumina o espaço: resolvendo a pergunta que uma criança enviou à ISS

Quando foi ao espaço, William Shatner ficou impactado com sua escuridão. O fluxo da luz solar nunca consegue iluminá-lo.

Imagem | Astronauta Bruce McCandless durante uma caminhada espacial não tripulada no ônibus espacial em 1984 (NASA)
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Quando o ator William Shatner voltou do espaço, disse que aquilo lhe parecia um funeral: "Vi um vazio frio, escuro e negro. Não se parecia com nenhuma escuridão que se possa ver ou sentir na Terra. Era profundo, envolvente, dominante. Virei-me para a luz do lar. Pude ver a curvatura da Terra, o bege do deserto, o branco das nuvens e o azul do céu. Era vida".

O espaço exterior está sempre escuro. Mesmo estando relativamente próximo do Sol, é profundamente negro. Assim foi imaginado pelo cinema muito antes de Star Trek, e assim o vimos em incontáveis lançamentos e caminhadas espaciais. Por que o Sol não ilumina o espaço? Um garoto fez essa mesma pergunta aos astronautas da Estação Espacial Internacional alguns anos atrás. É uma boa pergunta. Aqui está a resposta.

Uma fonte intensa de luz

O Sol, como qualquer estrela, é uma fonte intensa de luz. Grande parte de sua energia é liberada em forma de radiação eletromagnética, emitida em todas as direções de maneira esférica.

A maior parte dessa radiação é emitida no espectro visível, ou seja, como um fluxo de luz. Sabemos que a intensidade da luz solar diminui com o quadrado da distância: um objeto que esteja o dobro da distância do Sol em relação à Terra receberá apenas um quarto de sua luz.

Isso ocorre porque o Sol projeta um fluxo finito de luz sobre uma área esférica cada vez maior. Consequentemente, Marte recebe menos luz que a Terra, mas mais que Saturno, que está ainda mais distante.

Por outro lado, embora a luz diminua rapidamente com a distância, o espaço interplanetário próximo à Terra recebe um fluxo de radiação semelhante ao que nosso planeta recebe. O Sol de fato irradia luz no espaço, mas não o ilumina uniformemente, como acontece com o céu da Terra.

O vazio não reflete a luz

Para entender por que o espaço não é iluminado, basta acender uma lâmpada em um lugar aberto e outra em um quarto com paredes brancas. No espaço aberto, a lâmpada ilumina apenas um pequeno círculo ao seu redor, enquanto no quarto fechado ela consegue iluminar de forma mais ou menos uniforme.

Iluminar um espaço não exige apenas uma fonte de luz, mas também algo que a disperse ou reflita, como as paredes brancas do quarto. Um exemplo ainda melhor seria apontar uma lanterna para o céu: se houver muita umidade, veremos o feixe de luz até certa distância, mas, se não houver, dificilmente causaremos algum efeito visível.

Na parte iluminada da Terra, a luz se dispersa uniformemente pela atmosfera, que é composta por pequenas partículas. Já o espaço, por outro lado, é praticamente vazio: não há partículas para dispersar a luz.

A luz está lá, e, se você olhar diretamente para o Sol, corre o risco de ficar cego. No entanto, não há nada que a disperse ou reflita para iluminar o espaço de maneira uniforme.

É a mesma razão pela qual o céu da Terra é azul, o de Marte é cinza avermelhado e a Lua não tem céu: diferentes atmosferas (ou a ausência delas) dispersam a luz de maneiras distintas (ou não a dispersam). No espaço, há muita luz, mas essa luz só se torna visível quando se olha diretamente para a fonte ou para um objeto que a refletiu.

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