Atualização: Poucas horas depois que a notícia da aposentadoria se espalhou, o site Deadline desmentiu a saída de Kennedy, que continua à frente do filme de The Mandalorian e supervisionando o projeto de Shawn Levy. É verdade que Kennedy vem preparando sua aposentadoria há alguns anos e buscando um sucessor, e também que informações sobre esse processo serão divulgadas nos próximos meses. Segundo as próprias palavras de Kennedy: “A verdade é — e quero dizer isso alto e claro — que não vou me aposentar. Nunca vou me aposentar do cinema. Vou morrer fazendo filmes”, embora reconheça que está organizando a sucessão do cargo de presidente da Lucasfilm.
Já faz anos que Star Wars atravessa o momento mais questionável de sua longa trajetória. Já não se trata de uma questão econômica, mas puramente criativa: as novas séries e filmes parecem não despertar o entusiasmo de outros tempos. Nesse contexto, Kathleen Kennedy, presidente da Lucasfilm desde que a empresa foi comprada pela Disney, estaria prestes a deixar o cargo, segundo informações do site Puck repercutidas por outros veículos especializados. Isso deixaria o estúdio sem uma liderança clara. Quem a suceder enfrentará uma situação mais do que complicada.
Doze anos de decisões
Nos 12 anos em que esteve à frente da empresa, Kennedy não teve vida fácil, enfrentando um dos fandoms mais voláteis e agressivos que existem: foi acusada tanto de reorientar a franquia para uma abordagem “woke” quanto de ser excessivamente conservadora e apegada às glórias do passado. Todos os seus filmes de Star Wars foram sucessos de bilheteria, mas, quando tentou se afastar do cânone com projetos como Han Solo, as coisas não saíram bem. Pode-se dizer que Kennedy ocupava um cargo em que, fizesse o que fizesse, seria criticada.
O que é evidente é que, sob sua gestão, Kennedy tentou transformar Star Wars em uma franquia autoral, ao mesmo tempo em que se chocou inúmeras vezes com seus criadores. Phil Lord e Christopher Miller saíram de forma tumultuada do set de Han Solo, Patty Jenkins e a dupla David Benioff e D.B. Weiss pretendiam revolucionar a franquia, mas seus respectivos projetos acabaram cancelados. Atualmente, esse propósito ainda permanece, quase como um legado do plano de Kennedy, mas ela já não o acompanhará em seu posto: James Mangold, Taika Waititi, Donald Glover… quem sabe se nós chegaremos a ver esses projetos realizados.
O espelho da Marvel
As comparações com a outra superfranquia da Disney são inevitáveis. Kevin Feige, com um cargo semelhante ao que Kennedy ocupa, evitou a pressão de buscar grandes autores para seus filmes (hoje, a imensa maioria é assinada por criadores com liberdade limitada ou diretamente por “yes-men” como Shawn Levy), mas enfrenta uma crise de prestígio e bilheteria comparável à de Star Wars. Provavelmente, quem encontrar uma saída primeiro, definirá o caminho que o outro seguirá. Afinal, ambos estão sob o mesmo teto.
Houve uma pausa — involuntária, mas real — de sete anos e uma pandemia entre o último filme lançado da franquia, Star Wars: A Ascensão Skywalker, e o próximo, The Mandalorian e Grogu, previsto para 2026. Um parêntese raro nestes tempos em que as franquias vivem de alimentar os fãs com produtos apressados e de qualidade duvidosa. Sem dúvida, esse será o primeiro desafio que o sucessor de Kennedy terá de enfrentar: devolver os grandes projetos à saga.
A respeito das séries, não é muito diferente. Assim como na Marvel, certa saturação e falta de direção tomaram conta do braço televisivo de Star Wars, embora os resultados tenham uma qualidade geral superior à dos projetos de Kevin Feige. Apesar das polêmicas, Ahsoka e The Acolyte também receberam boas críticas, e tanto a primeira temporada de The Mandalorian (em especial) quanto a excelente Andor estão entre as melhores histórias que a franquia produziu desde os filmes e videogames clássicos. Ainda assim, essas séries atingem quase exclusivamente o fandom da franquia: a Lucasfilm precisa fazer com que Star Wars volte a ser parte da conversa popular em grande escala.
Visões quebradas
Talvez Kennedy não fosse a produtora ideal para Star Wars, e a franquia pudesse ter alcançado os mesmos sucessos de bilheteria com uma abordagem menos ambiciosa e com lançamentos anuais (ou até mais frequentes). Ainda assim, é preciso reconhecer que ela sempre quis encontrar novas formas de explorar uma saga cuja principal característica é repetir os mesmos jargões, com exceção de Andor e alguns poucos casos. Foi dela a ideia de desenvolver a Alta República como uma nova coordenada para expansão, e ela também queria levar a Lucasfilm para além de Star Wars e Indiana Jones, adaptando novos projetos como a trilogia Filhos de Sangue e Osso. Já não saberemos no que teria dado tanta ambição.
Imagem | Dick Thomas Johnson / Disney
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
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