As tarifas já começam a cobrar seu preço — e o primeiro grande impacto foi no petróleo

O preço do barril já está abaixo dos 60 dólares. Se esse cenário continuar, pode desencadear um verdadeiro choque de oferta — afetando diretamente dois gigantes da produção global: Rússia e Arábia Saudita

Altas tarifas do Petróleo. Imagem: Javier Colmenero
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Em resposta à escalada das tarifas pelos Estados Unidos, a China decidiu reagir com força: impôs uma tarifa de 84% sobre todas as importações norte-americanas. A medida, agressiva, já fez sua primeira vítima no fogo cruzado entre as potências — o mercado do petróleo.

Queda nos preços

O valor do barril já está abaixo dos 60 dólares — e continua caindo. Segundo o especialista em energia Javier Blas, o setor vive uma verdadeira “tempestade perfeita”. De um lado, a demanda global está em queda por causa da guerra comercial.

Do outro, a OPEP+ decidiu, dias atrás, manter a produção em alta, o que pressiona ainda mais a oferta. O resultado é um risco crescente de colapso no equilíbrio do mercado, com impacto direto em dois gigantes do setor: Rússia e Arábia Saudita.

A situação é ainda mais complexa
Mesmo com os preços em queda e os temores de uma desaceleração global, a OPEP+ optou por ampliar a produção. O objetivo era recuperar a fatia de mercado perdida em cortes anteriores. A estratégia, no entanto, esbarra em outro problema: países que não fazem parte da organização seguem aumentando sua produção — e alguns membros também estão ignorando os limites de produção previamente acordados. Tudo isso amplia ainda mais a oferta em um momento já frágil para o setor.

A conta vai sair cara

Entre os grandes afetados por essa crise está a Arábia Saudita. O país, que tenta diversificar sua economia com a iniciativa Visão 2030, ainda depende fortemente do petróleo para financiar projetos ambiciosos — como a megacidade futurista NEOM. Apesar do discurso de transição econômica, o petróleo continua sendo a principal moeda de troca do governo saudita.

Segundo informações da Reuters, a queda no preço do petróleo pode representar uma perda de dezenas de bilhões de dólares para os cofres públicos. A petrolífera estatal Saudi Aramco já começou a sentir os impactos com queda nas ações.

O cenário é preocupante: Riad pode ser obrigada a aumentar sua dívida ou adiar grandes obras de infraestrutura. Ainda de acordo com a agência, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que a Arábia Saudita precisa que o barril esteja acima dos 90 dólares para manter suas contas equilibradas.

O outro gigante que sente o baque: Rússia

A queda nos preços também atinge em cheio a economia russa. A governadora do Banco Central, Elvira Nabiullina, declarou à Reuters que a escalada da guerra comercial representa um risco claro para o país, especialmente por causa da desvalorização do petróleo.

Segundo ela, o prolongamento desse conflito reduz o comércio internacional, desacelera a economia global e, consequentemente, derruba a demanda por energia russa.

Com a guerra em andamento, a dependência de Moscou em relação ao petróleo e ao gás se intensificou — mas os números mostram queda: só em março, houve uma redução de 17% nas exportações, e a previsão é de que abril siga na mesma direção.

Direto de Moscou

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, reconheceu que o mercado do petróleo enfrenta uma situação “extremamente turbulenta”, causada pela tensão comercial com os Estados Unidos. Enquanto isso, o preço do petróleo Urals — referência para a Rússia — se aproxima perigosamente da marca dos 50 dólares por barril, o menor valor em quase dois anos.

Segundo informações obtidas pelo OilPrice, autoridades russas afirmam que uma “regra fiscal técnica” deve ajudar a suavizar os efeitos no orçamento. Mas o alerta permanece: o preço do petróleo está em queda livre.

Previsões: o preço do petróleo pode continuar em queda

Com o cenário atual — marcado por guerras, sanções e instabilidade geopolítica —, tudo indica que o preço do petróleo pode seguir em queda. Esses fatores aumentam a percepção de risco entre os investidores e, sem uma resposta concreta da OPEP+, o mercado segue desorientado. Resultado: o preço do barril continua despencando, sem sinais de estabilização no curto prazo.

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