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Se você for engolido por uma jubarte, como o jovem no Chile, não se preocupe; ciência diz que não há nada a temer

  • Um pai se tornou viral ao gravar o instante em que uma baleia-jubarte aparentemente engoliu e depois “cuspiu” seu filho.

  • Mas, na realidade, não há motivo para pânico em situações como essa.

Jovem é engolido por baleia. Imagem: GRID-Arendal
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Poucas criaturas marinhas despertam tanta fascinação quanto as baleias-jubarte. Sua imensidão, tanto em tamanho quanto em mistério, é suficiente para explicar o encanto que geram. No final do ano passado, um exemplar dessa espécie chamou a atenção ao percorrer 13.000 km por três oceanos – um verdadeiro recorde – com um único objetivo: reprodução.

Neste fim de semana, outra baleia-jubarte virou estrela nas redes sociais, mas por um motivo bem diferente: ela engoliu temporariamente um homem e seu barco na costa do Chile.

Um encontro inesperado

O episódio impressionante envolveu Adrián Simancas, um jovem de 23 anos, que foi engolido momentaneamente pela boca de uma baleia-jubarte enquanto navegava em um bote inflável na Patagônia chilena.

O incidente aconteceu próximo ao Farol San Isidro e à Baía El Águila, no Estreito de Magalhães, e foi registrado por seu pai, Dell Simancas, que filmava o mar no momento exato em que o enorme mamífero emergiu inesperadamente.

Um instante de puro terror

Adrián descreveu a sensação aos meios de comunicação. O jovem contou que, de repente, sentiu um impacto vindo por trás antes de ser completamente envolvido por uma estrutura escura e viscosa.

"Em questão de um segundo, algo de cor azul-escuro ou branco me cobriu por completo. Senti uma textura pegajosa roçar no meu rosto", relatou.

Ao perceber que a baleia havia fechado a boca, Adrián achou que havia sido devorado. Mas, pouco depois, seu colete salva-vidas o impulsionou de volta à superfície. O barco também emergiu logo em seguida, enquanto a baleia desaparecia novamente nas profundezas do oceano.

A calma em meio ao caos

Dell Simancas, médico anestesista de 49 anos, é um grande conhecedor de atividades ao ar livre e, apesar do choque inicial, manteve a calma durante o incidente. No vídeo, é possível ouvi-lo dizer com firmeza:

“Tranquilo, agarra o bote.”

Adrián, que nunca havia visto uma baleia antes, atribui sua reação controlada aos conselhos e à experiência de seu pai, que ajudaram a evitar o pânico no momento crítico.

O que diz a ciência sobre o encontro improvável?

Especialistas afirmam que interações desse tipo entre baleias-jubarte e humanos são extremamente raras.

A bióloga Jooke Robbins, diretora do Programa de Estudos de Baleias-Jubarte do Center for Coastal Studies, em Massachusetts, explicou ao New York Times que é provável que o cetáceo estivesse se alimentando na superfície e simplesmente não tenha percebido a presença do jovem.

Já Dianna Schulte, da Blue Ocean Society for Marine Conservation, destacou um ponto importante: "Baleias-jubarte não possuem biossonar – diferentemente dos golfinhos, elas não usam ecolocalização para detectar obstáculos. Em vez disso, dependem da audição para se orientar."

Além disso, como o bote inflável de Simancas não tinha motor, ele produzia pouquíssimo ruído, dificultando ainda mais para a baleia perceber sua presença – especialmente nas condições nubladas do momento.

Baleias-jubarte não engolem humanos

A cena impressionante levantou uma grande dúvida: baleias-jubarte podem realmente engolir um ser humano?

Sobre isso, a bióloga marinha María José Pérez Álvarez explicou ao The Guardian que esses cetáceos não têm capacidade física para devorar uma pessoa. O motivo?

- O esôfago das jubartes é muito pequeno, tornando impossível a passagem de um corpo humano.
- Seu sistema de alimentação se baseia em filtrar krill e pequenos peixes com suas barbas, e não em mastigar presas como fariam os carnívoros.

Portanto, especialistas garantem que é fisicamente impossível que uma jubarte engula um humano.

Danny Groves, da Whale and Dolphin Conservation, reforçou que os humanos não fazem parte do cardápio desses cetáceos e que a baleia provavelmente estava apenas se alimentando, sem notar o kayak na área.

Já Kevin Robinson, diretor da Cetacean Research & Rescue Unit, acrescentou um dado curioso:

A boca de uma jubarte pode se abrir até 3 metros de largura, mas sua garganta tem o tamanho de um punho humano.

Ou seja, qualquer objeto que esteja em seu caminho pode ser engolido momentaneamente, mas jamais será ingerido.

Os riscos da interação

Apesar de Adrián Simancas ter saído ileso, especialistas alertam que encontros com baleias-jubarte podem ser perigosos. Uma única pancada acidental de um animal que pode atingir 18 metros de comprimento pode causar lesões graves.

Além disso, kayakistas locais apontaram que Adrián e seu pai estavam longe demais da costa e perigosamente próximos da baleia.

Guillermo Meza, operador de turismo na região, destacou que a recomendação oficial para a observação desses animais é manter uma distância mínima de 100 metros e permanecer imóvel caso uma baleia se aproxime.

Não é a primeira vez

Embora incomum, o caso do jovem no Chile não é o primeiro em que uma pessoa acaba dentro ou próxima da boca de uma baleia-jubarte.

Em 2021, um mergulhador que pescava lagostas em Massachusetts foi brevemente engolido por uma jubarte antes de ser expulso, sofrendo apenas algumas contusões.

Em 2020, na Califórnia, uma baleia levantou um caiaque com duas mulheres a bordo. Já em 2022, um exemplar em New Hampshire virou uma embarcação, lançando seus ocupantes na água.

Uma lição para a vida

O que é inegável é que o episódio ficará marcado para sempre na vida de Adrián Simancas. O incidente deixou no jovem um profundo respeito pela natureza e a consciência da importância de tomar mais precauções em futuras expedições.

Agora, ele planeja se manter mais próximo da costa em suas próximas travessias e reflete sobre o que considera uma segunda chance.

“Me senti abençoado com uma nova oportunidade para revisar os erros que me levaram a estar ali, não apenas na expedição, mas na vida como um todo”, declarou à imprensa.
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