A Tesla acreditava que poderia vender o Cybertruck por US$ 100 mil para sempre. Mas já está vendendo muito mais barato
- Em 2019, a Tesla anunciou que o Cybertruck custaria menos de 40 mil dólares. No entanto, foi lançado com preço superior a 60 mil dólares
- Apesar do tempo de espera de cinco anos, a empresa busca soluções para manter as vendas
A Tesla arrasa nas vendas de carros elétricos nos Estados Unidos. Não é uma questão de opinião, mas sim de números. Entre janeiro e setembro de 2024, foram vendidos 945.722 carros elétricos. Desses, 284.831 unidades foram do Tesla Model Y e 131.975 do Tesla Model 3. No total, esses dois modelos representaram 44,1% dos carros elétricos vendidos no país, segundo dados da Cox Automotive.
Além disso, os Tesla Model S e Model X (seus carros mais caros) superaram as 10.000 e 15.000 matrículas, respectivamente. Esses números os colocam no mesmo nível de carros mais acessíveis como o Toyota bZ4X ou o Volkswagen ID.4, mas, principalmente, bem à frente de carros com preços na mesma faixa, como o Porsche Taycan (4.072 unidades) e o Mercedes EQS (8.014 unidades).
O desempenho da Tesla é bom, até mesmo com o seu Cybertruck. A picape elétrica da Tesla somou em 2024 um total de 28.250 matrículas ao final do terceiro trimestre de 2024. Comparando com seus rivais, é um bom resultado, considerando que foi o ano de lançamento e que, nos primeiros meses, as unidades foram entregues de forma gradual, passando de menos de 3.000 unidades no primeiro trimestre e 8.755 no segundo para 16.692 unidades no terceiro trimestre de 2024.
Para termos uma ideia mais clara, o Hummer elétrico da GMC havia vendido 8.902 unidades até o final de dezembro de 2024. O Chevrolet Silverado EV havia alcançado 5.252 unidades. Apenas o Ford F-150 Lightning, que já estava no mercado em 2023, chegou perto, com 22.807 vendas.
E, apesar de tudo, ainda paira a sensação de que o lançamento do Tesla Cybertruck está sendo ruim ou, até mesmo, um desastre — provavelmente, devido às constantes chamadas para revisão. Mas, acima de tudo, porque as expectativas estavam tão altas que a empresa não parece estar conseguindo colocar no mercado todos os carros que esperava.
A passos de tartaruga
Se considerarmos a tendência, a Tesla ocupará as duas primeiras posições do pódio dos carros elétricos mais vendidos em 2024 nos Estados Unidos com os Tesla Model Y e Model 3. E é de se esperar que o Tesla Cybertruck termine perto da terceira posição.
Em 2024, apenas o Ford Mustang Mach-E e o Hyundai Ioniq 5 superaram em vendas a picape da Tesla. A Tesla tem cerca de 2.000 matrículas a menos do que o modelo da Hyundai e está atrás 7.000 unidades do SUV elétrico da Ford. Ainda assim, a tendência de crescimento do Cybertruck já o colocou como o terceiro modelo elétrico mais vendido no terceiro trimestre de 2024.
No entanto, como mencionamos, as expectativas deveriam ser muito mais altas. Segundo o Motorpasión, a empresa está modificando suas versões Foundation Series para vendê-las como modelos básicos e liberar um estoque que não parece estar encontrando o número de compradores esperados.
O lançamento do Cybertruck foi marcado pela polêmica do preço. Em 2019, foi anunciado que o preço inicial seria de 39.900 dólares (R$ 245 mil). Mas, em dezembro de 2023, quando a Tesla apresentou oficialmente o veículo elétrico, confirmou que ele chegaria com um preço 50% superior ao esperado: o modelo base acabou custando no mínimo 60.990 dólares (R$ 372 mil).
E o custo final para os primeiros a receberem o carro foi muito além desse preço. De fato, a picape rapidamente se tornou o carro de mais de R$ 645 mil mais vendido nos EUA. Como resposta, a Tesla colocou seus funcionários a trabalhar a todo vapor para escoar os modelos mais caros. Era hora de fazer caixa.
A febre foi tanta durante os primeiros meses que as unidades no mercado de segunda mão dispararam e houve quem, ciente do que viria, comprou 20 unidades com grande sucesso. Mas, pouco a pouco, parece que a febre está diminuindo.
As expectativas de venda da Tesla provavelmente estão diminuindo
Vale lembrar que, durante os anos de atraso do modelo, a Tesla chegou a acumular 1,9 milhão de reservas de um carro elétrico que, até o momento, só é vendido nos EUA. Esperava-se uma lista de espera de até cinco anos para receber uma unidade.
Mas uma coisa é reservar uma unidade e outra é formalizar a compra. No Forococheseléctricos, os usuários questionaram que fim levaram as mais de um milhão de reservas. Apenas 5% das reservas teriam sido formalizadas, com a cifra de um milhão de clientes esperando.
Tudo isso fez com que, como mencionado, a empresa estivesse modificando os modelos Foundation Series (que adicionavam um custo extra de R$ 122 mil ao carro) para vendê-los como modelos base. Sem a Foundation Series, os clientes ficam sem os emblemas que reconhecem a unidade como tal, além de outros detalhes menores, mas também não recebem de série o pacote de direção semiautônoma mais avançado.
Segundo o Electrek, fontes da Tesla confirmaram que a empresa está modificando também algumas unidades para disponibilizá-las no mercado canadense. Essa informação se soma ao interesse que parece ter surgido por parte da Tesla no mercado chinês.
Se considerarmos o número de vendas, não são poucas as unidades que a companhia conseguiu colocar no mercado. A grande dúvida é quais eram as expectativas da Tesla e quantas unidades ela precisa vender para tornar rentável um modelo cujo processo de produção é caríssimo devido ao manuseio das enormes chapas de aço que são usadas. De fato, foi o próprio Elon Musk quem afirmou que havia "cavado sua própria cova" com o modelo e que levaria mais de um ano para que ele se tornasse rentável. Declarações que a Tesla negou, assegurando, desde outubro de 2024, que o carro já é rentável.
Imagem | Xataka
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
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