A NVIDIA anunciou em janeiro, 2025, o Project Digits, um "supercomputador pessoal de IA" que promete trazer todo o poder de processamento dos grandes modelos de linguagem para os desktops de pesquisadores, estudantes e desenvolvedores.
Este é um daqueles momentos marcantes, que provavelmente lembraremos daqui a muitos anos quando falarmos sobre IA.
O dispositivo tem um tamanho aproximado de um Mac mini e especificações impressionantes:
- Capacidade para executar modelos com até 200 bilhões de parâmetros (maior que o GPT-3).
- 128 GB de memória unificada DDR5X de baixo consumo.
- SSD de 4 TB.
- Conexões Wi-Fi, Bluetooth e USB.
- CPU Grace com 20 núcleos.
- Superchip GB10.
- GPU Blackwell capaz de alcançar 1 petaflop de desempenho em IA.
E tudo isso utilizando uma tomada padrão. Algo que, até então, exigia instalações especializadas.
Além do deslumbramento técnico, vamos ao preço: a partir de 3.000 dólares Não é exatamente acessível para todos, mas é consideravelmente mais barato do que construir um centro de dados.
Também não é um dispositivo voltado para o usuário casual interessado em IA generativa. Trata-se de uma ferramenta profissional, direcionada a um mercado muito específico.
O que a NVIDIA realmente está oferecendo aqui é independência: a capacidade de desenvolver e testar modelos de IA localmente, sem depender de serviços na nuvem ou de orçamentos empresariais. Isso tem um valor real para startups e pesquisadores.
A proposta é uma adaptação para esta era do que os primeiros PCs fizeram nos anos 80: eles não substituíram os grandes computadores corporativos, mas colocaram o poder da computação diretamente nas mãos dos inovadores da época, até mesmo em suas casas ou garagens.
É uma mudança semelhante à que o Project Digits propõe: colocar nas mãos de hoje o poder dos grandes modelos de IA, sem a necessidade de nuvens ou grandes gastos com infraestrutura.
Também vale considerar o momento do anúncio. Ele chega com a NVIDIA no auge, impulsionada pela alta demanda por capacidade computacional para IA, enquanto as grandes empresas de tecnologia concentram recursos na nuvem para atender a essa demanda.
Preço no Brasil: cerca de R$ 15.000,00.
O Project Digits é potencialmente uma válvula de escape: permitirá que equipes pequenas experimentem com IA sem depender de gigantes da tecnologia, mas apenas de uma "compra única" diretamente da NVIDIA.
O verdadeiro teste de fogo será em maio, quando o Project Digits chegar ao mercado e poderemos observar o que acontecerá:
- Se iniciará uma onda de inovação independente em IA...
- ...ou se será apenas mais um computador turbinado.
Talvez a evolução do preço (ou seja, o quão rápido ele vai cair) determine qual desses caminhos o dispositivo seguirá.
A democratização da tecnologia nunca é perfeita. Nem imediata. Os PCs começaram custando mais de 2.000 dólares nos anos 80 (o equivalente a mais de 7.000 dólares hoje). Os primeiros smartphones eram artigos de luxo. Até as primeiras consoles eram extravagantes, como a Neo-Geo, que equivalia a um Rolls-Royce para crianças.
O que aconteceu depois com computadores, smartphones e consoles já sabemos. O Project Digits pode ser o início de algo semelhante na computação de IA. Com ênfase na palavra "início".
Por enquanto, a promessa do supercomputador de mesa para IA vem com um asterisco de 3.000 dólares (~R$ 15.000,00). Talvez ainda estejamos longe da democratização da IA, mas este é, sem dúvida, um grande passo adiante.
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