A NVIDIA superou recentemente a Apple como a empresa mais valiosa do mundo. Não foi a primeira vez, e novamente foi algo passageiro, mas é um lembrete do excelente momento que a NVIDIA vive no mercado.
E deixa um dado revelador: o alto P/L da NVIDIA, quase no mesmo nível da Tesla e muito acima das outras gigantes de tecnologia, reflete o altíssimo nível de expectativas do mercado em relação à empresa.
Por que isso é importante?
O P/L (Preço sobre Lucro) é a métrica mais utilizada para avaliar se uma ação está cara ou barata. Ele é calculado dividindo o preço da ação pelo lucro por ação.
Em outras palavras: quantos anos seriam necessários para recuperar nosso investimento caso os lucros permanecessem constantes.
Em contexto:
- Um P/L (Preço sobre Lucro) considerado "normal" no mercado geral varia entre 15 e 20.
- O setor tecnológico geralmente opera em faixas superiores, entre 20 e 35, devido ao seu maior potencial de crescimento.
- Qualquer valor acima de 40 indica, ou expectativas extraordinárias de crescimento, ou uma possível bolha.
Em números:
Os P/L das principais empresas de tecnologia contam sua própria história. Aqui está o P/L das empresas de tecnologia com maior capitalização de mercado atualmente:
Nas entrelinhas
Esses números mostram uma divisão clara. As empresas de tecnologia "tradicionais", mesmo liderando a corrida pela IA, como Google ou Meta, mantêm proporções relativamente conservadoras.
Por outro lado, aquelas que se destacam em IA ou transporte (com aplicações de IA), como NVIDIA e Tesla, respectivamente, negociam a múltiplos que refletem uma fé quase religiosa em seu potencial. O mercado não está pagando pelo presente, mas pela expectativa do futuro.
Aprofundando
Um P/L alto não significa, necessariamente, que uma empresa esteja supervalorizada. A Amazon, por exemplo, teve um P/L superior a 100 (e até mais) durante anos, enquanto reinvestia todos os seus lucros para crescer. No final, o tempo mostrou que essa estratégia estava certa.
A chave está em saber se a empresa consegue sustentar um crescimento que justifique expectativas tão altas. Nesse ponto, o tempo será o responsável por confirmar ou refutar as apostas feitas pelo mercado.
O ponto de inflexão
Se estamos no início da revolução da IA, a NVIDIA está no seu epicentro. Seus chips são as ferramentas essenciais dessa "corrida do ouro", e a demanda é tão alta que o estoque se esgota meses antes do início das entregas.
Isso justifica pagar quase três vezes mais pelos lucros da NVIDIA do que pelos do Google?
A grande pergunta é...
A história do mercado de ações está repleta de casos em que as expectativas superaram a realidade. Um exemplo é o ano 2000, durante a bolha da internet, quando a Cisco se tornou a empresa mais valiosa do mundo. Na época, seu P/L ultrapassava 100.
Quase 25 anos depois, suas ações ainda estão 28% abaixo dos máximos históricos alcançados naquela época. Hoje, seu P/L é de cerca de 22.
Em resumo
O potencial da IA é real, inclusive para os investidores, e pode até ser quantificado através do P/L. No entanto, apenas o tempo dirá se eles estão comprando o futuro... ou apenas uma ilusão cara.
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