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A Mazda pensou no carro eléctrico como plano B; encontrou um sucesso inesperado que vem da China e visa a Europa

  • Mazda EZ-6 é fabricado em colaboração com a Changan e despertou interesse

  • A empresa realizou testes com o modelo na Europa; sua chegada é esperada em breve

Mazda EZ-6 quer a Europa / Imagem: Mazda
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Os japoneses e a eletrificação rendem um verdadeiro caso de estudo. Há décadas, a combinação de motores a combustão com motores elétricos permitiu à Toyota crescer até limites que pareciam impensáveis. De fato, ela se tornou a maior fabricante de carros do mundo.

Muitos esperavam, naturalmente, que a transição para os carros elétricos fosse simples para uma empresa que há décadas trabalha com motores elétricos e baterias.

No entanto, a companhia japonesa se viu presa em um círculo vicioso de amor e ódio: em um dia, apresenta um plano ambicioso; no outro, renega o carro elétrico; depois, o incorpora como mais uma parte do negócio; e, em seguida, o utiliza para apresentar outro plano muito mais realista.

Falamos da Toyota, mas a situação não é muito diferente no restante das empresas japonesas. A Nissan teve, com o Leaf, a oportunidade de ter seu próprio Prius elétrico e estabelecer as bases para a indústria do futuro, mas o projeto não obteve o sucesso que a Toyota alcançou. Agora, a empresa está em conversas que podem resultar em um movimento da Honda para resgatar a Nissan.

A Honda, na verdade, continua apostando nos híbridos a curto prazo e, embora no horizonte se mostre favorável à transição para o carro elétrico, sua estratégia nesse sentido também avança com cautela. Não é surpreendente, portanto, que empresas menores sigam o mesmo caminho traçado pelos gigantes da indústria de seu próprio país.

Sim, neste caso estamos falando da Mazda. Nos primeiros dias de 2024, Masahiro Moro, diretor executivo da empresa, foi o primeiro a afirmar que "o interesse nos veículos elétricos está diminuindo, por isso estamos explorando soluções alternativas para a crise de mobilidade".

Essa visão levou a Mazda a apresentar o Mazda Iconic SP, seu esportivo elétrico particular de alcance estendido — na prática, um híbrido plug-in que prioriza o modo elétrico e utiliza um pequeno motor rotativo como alternativa auxiliar. O modelo busca alcançar o equilíbrio perfeito entre baixas emissões, peso moderado e diversão ao dirigir.

Ainda assim, a Mazda não virou as costas para o carro elétrico, embora seja verdade que seus primeiros resultados não tenham sido muito bem-sucedidos. O Mazda MX-30 precisou ter uma versão de alcance estendido devido à sua baixa autonomia. No entanto, quando menos se esperava, a empresa encontrou uma salvação no mercado elétrico.

O carro da vez chama-se Mazda EZ-6

Essa salvação é o Mazda EZ-6. O sedã elétrico, sucessor espiritual do Mazda 6 no formato elétrico, conseguiu se posicionar entre os três sedãs elétricos mais vendidos na China, segundo o portal CarNewsChina.

O sucesso foi tão grande que a fábrica da Changan precisou aumentar a produção do veículo para atender a toda a demanda acumulada nos últimos meses. Os japoneses mantêm uma joint venture com esse grupo chinês, com o objetivo de chegar à Espanha em 2026.

Parte desse sucesso, segundo o meio especializado na indústria automotiva chinesa, deve-se aos descontos e benefícios que a Changan Mazda está oferecendo antes do fim do ano. Entre eles estão um sistema de som Sony, pneus Michelin e descontos adicionais aos oferecidos pelo governo para quem entregar outro veículo.

O que chama atenção no Mazda EZ-6 é que, embora mantenha toda a linguagem de design dos japoneses, ele adaptou o interior aos gostos chineses, incorporando uma enorme tela de 14,6 polegadas equipada com o Snapdragon 8155 da Qualcomm para gerenciar todo o sistema de infoentretenimento.

O interior do Mazda EZ-6 parece específico para a China / Imagem: Mazda O interior do Mazda EZ-6 parece específico para a China / Imagem: Mazda

Suas dimensões — 4,921 metros de comprimento, 1,890 metro de largura, 1,485 metro de altura e 2,895 metros de distância entre eixos — também atendem bem às preferências chinesas, que priorizam o espaço para os passageiros traseiros. Sua autonomia homologada, de 480 km (ou 600 km no otimista ciclo chinês), é mais do que suficiente em um país onde viagens de longa distância de carro não são tão frequentes. O modelo é equipado com um motor de 190 kW (255 cv).

O veículo não despertou interesse apenas na China

A Mazda, que atualmente carece de modelos totalmente elétricos em sua linha, já iniciou a comercialização do EZ-6 no Japão. O novo sedã elétrico busca conquistar seu espaço em um mercado desafiador, onde os híbridos ainda dominam as preferências.

Apesar disso, a empresa pretende maximizar o desempenho do modelo fora da China. Recentemente, a companhia realizou testes do veículo na Suécia, como mostram fotos espiãs divulgadas pelo Autoevolution. A Mazda pode dar seus primeiros passos no Reino Unido e, posteriormente, expandir para outros mercados europeus.

Resta saber se a Mazda manteria o mesmo design interior que vemos na China, já que a empresa sempre foi contra telas gigantes, considerando-as pouco seguras. A instalação de um painel com mais de 14 polegadas é, sem dúvida, uma concessão para o mercado asiático.

Também não sabemos qual seria o preço caso fosse vendido na Europa. Na China, o modelo tem um preço que, convertido diretamente, equivale a apenas 18.310 euros (R$ 115 mil). No entanto, na Europa, podemos esperar um valor bem mais elevado. Além disso, teria de enfrentar as tarifas que a Europa já aplica aos veículos elétricos importados da China.

Outra questão é se faria sentido para a Mazda levar pra Europa a versão híbrida plug-in, que, segundo o ciclo de homologação chinês, oferece um alcance de 1.300 quilômetros com um único tanque. Essa versão não estaria sujeita às tarifas e poderia estar mais alinhada com um mercado europeu onde as vendas de carros elétricos têm desacelerado.

Imagem | Mazda

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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