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Empresas contratam, mas não quem tem mais de 55 anos: quatro em cada dez desempregados não voltarão ao trabalho

  • De acordo com os dados do SEPE, o grupo de pessoas com mais de 55 anos é o que registra o maior crescimento do desemprego nos últimos anos.

  • Cerca de 39,1% das pessoas nessa faixa etária recebem um subsídio, e poucas voltarão a trabalhar antes de se aposentarem.

Mais de 55 anos e o desemprego: Imagem | Unsplash (Spencer Davis)
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

O desemprego na Espanha se intensifica entre os jovens que buscam suas primeiras oportunidades de trabalho e entre os trabalhadores mais experientes que ficaram desempregados a poucos anos de se aposentarem.

Os últimos dados do SEPE indicam que quatro em cada dez desempregados na Espanha pertencem a este último grupo.

Acima de 55 anos e pré-aposentados

Os dados consolidados de desemprego do mês de outubro, registrados pelo SEPE, mostram que 39,1% das pessoas que recebem algum tipo de benefício de desemprego pertencem ao grupo de pessoas com mais de 55 anos. Isso representa um total de 687.929 pessoas, um aumento de 2,4% em relação aos dados do ano passado.

Esse dado chama a atenção, considerando que a recuperação econômica pós-pandemia reduziu o índice geral de desemprego e o número de beneficiários de auxílios em outras faixas etárias. Ou seja, as empresas estão contratando novos funcionários, mas não estão incluindo profissionais com maior experiência de trabalho.

Desempregados de longa duração

O relatório destaca, como uma espécie de profecia autorrealizável, o destino mais comum para esse grupo de desempregados: "Na grande maioria, recebem o subsídio até atingirem a idade de aposentadoria". Isso os transforma, na prática, em pré-aposentados forçados, com pouquíssimas chances de retornar a um mercado de trabalho que lhes fecha as portas.

Esse cenário representa um grave problema estrutural para as políticas de emprego, que não para de crescer. Em 2009, esse grupo correspondia a 17,4% dos beneficiários de desemprego, aumentando ano após ano até atingir os 39,1% registrados em outubro passado. Isso representa um aumento de 43% em comparação com os dados de 2009, quando a crise financeira desencadeou uma onda de demissões coletivas.

Demissões negociadas que se perpetuam

Nos últimos anos, as empresas têm oferecido a seus funcionários mais experientes demissões coletivas negociadas, com condições vantajosas, como indenizações, acordos especiais com a Seguridade Social e subsídios. Essas medidas permitiam que os trabalhadores mantivessem seu nível de renda até atingirem a idade para aposentadoria.

De acordo com os dados do SEPE, 62% dos desempregados com mais de 55 anos recebem algum tipo de subsídio, enquanto 23,7% recebem um benefício contributivo, o que indica que estão desempregados há menos de dois anos. Além disso, o subsídio especial para maiores de 55 anos é o único que inclui contribuições previdenciárias, o que aumenta ainda mais a carga para a Administração.

Cerco às pré-aposentadorias privilegiadas

As reformas recentes nas políticas de subsídio trabalhista reduziram o interesse das empresas por esse tipo de "pré-aposentadorias privilegiadas".

Entre as mudanças, houve o adiamento da idade para aposentadoria antecipada, o aumento da idade mínima para acessar o subsídio de 52 para 55 anos e a redução da base de contribuição, que anteriormente era de 125%, para 100%, conforme a nova regulamentação.

O problema é que, ao endurecer as condições para evitar abusos desse modelo de "pré-aposentadoria negociada", também foram prejudicados aqueles que não receberam uma indenização por demissão coletiva voluntária e que, de forma involuntária, se encontram na situação de desemprego de longa duração.

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