As últimas ondas de calor botaram pra funcionar o ar condicionado das residências e empresas espanholas. As energias renováveis ainda não conseguem cobrir esses picos de demanda, mas, a cada verão, ficam mais próximas de fechar esse vão.
“Lacuna térmica” é o termo dado para designar a demanda energética que não é atendida pela energia fotovoltaica, eólica, hidrelétrica ou nuclear. São nesses momentos em que é necessário ativar as termelétricas para suprir a demanda que as fontes renováveis e a energia nuclear não conseguem atender.
As chamadas “centrais térmicas de ciclo combinado”, as únicas em funcionamento após o fechamento das termelétricas a carvão, queimam gás natural como combustível fóssil e emitem dióxido de carbono (CO2) no processo. A ideia é não precisar mais usá-las, de modo a fechar a lacuna térmica e fazer com que as energias renováveis cubram 100% da demanda típica do verão.
Cada vez mais perto
O analista Francisco Valverde continua esperando o verão em que as fontes renováveis fechem a lacuna térmica. Havia expectativas para que isso ocorresse em 2024, mas, assim que o calor começou a apertar, ficou claro que as renováveis ainda não conseguem atender à demanda energética, o que obriga o setor a queimar gás e também liberar água nas centrais hidrelétricas.
O gráfico histórico, no entanto, é promissor. A geração de carvão e ciclo combinado está significativamente mais baixa do que em anos anteriores, enquanto as emissões de CO2 caíram drasticamente.
Segundo dados da Red Eléctrica, a operadora de energia da Espanha, o país registrou uma demanda bruta de energia de 22.730 GWh em julho de 2024, um aumento de 0,2% em relação ao mesmo mês do ano passado. As energias renováveis geraram 13.460 GWh, um aumento de 23,2% em relação a julho de 2023, alcançando uma participação de 55,3% do total. A energia nuclear ficou em segundo lugar, com 20,8% como tecnologia com maior produção em julho, enquanto o ciclo combinado ficou com uma participação de 13,1%.
Recorde solar
Julho foi o terceiro mês consecutivo em que a energia solar fotovoltaica liderou a matriz espanhola, com uma participação de 24%. Durante aquele mês, o país produziu 5.840 GWh, um aumento de 27,7% em relação a julho de 2023, estabelecendo um novo recorde histórico de produção mensal de energia fotovoltaica.
No dia 12 de julho, a energia fotovoltaica quebrou seu recorde de produção diária com 211 GWh, o que representou uma contribuição de 25,1% para a geração total daquele dia. Com o impulso das energias renováveis, 77,2% da eletricidade produzida na Espanha durante o mês de julho foi livre de emissões de CO2, contribuindo para fechar a lacuna térmica.
O preço da luz está mais baixo do que em anos anteriores, mas as energias renováveis não tiveram tanto impacto nisso quanto o fato de a Espanha ter conseguido controlar o preço do gás e ter tido sorte com as chuvas da primavera, conseguindo fechar completamente a lacuna térmica durante grande parte de abril.
Este texto foi traduzido e adaptado do site Xataka Espanha
Imagem | Endesa
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