O Parque Nacional de Yellowstone, localizado principalmente no estado norte-americano de Wyoming, esconde sob sua paisagem singular um terrível segredo geológico: a caldeira de Yellowstone, um dos maiores supervulcões do nosso planeta.
Até agora, o supervulcão de Yellowstone apresentava duas grandes incógnitas. A primeira, e mais evidente, é quando entrará em erupção. Ainda não temos uma resposta concreta para essa pergunta, pois prever a atividade vulcânica a longo prazo está além de nossas capacidades.
O que parece claro, no entanto, é que essa erupção não ocorrerá em um futuro próximo.
A segunda incógnita não é o "quando", mas sim o "onde". A área sob a qual esse vulcão se encontra é tão extensa que essa questão se torna bastante relevante. Essa dúvida, porém, acaba de ser respondida por uma equipe de pesquisadores norte-americanos: finalmente sabemos qual é o local mais provável por onde a caldeira de Yellowstone pode entrar em erupção.
O local apontado pelo estudo fica na área nordeste do parque nacional, mas a pesquisa também revelou novos detalhes sobre a imensa reserva de magma que se estende sob Yellowstone.
A equipe criou um modelo da reserva de magma, que se estende até profundidades de 47 km abaixo da superfície. Por meio dessa modelagem, os pesquisadores observaram que a reserva é composta por quatro câmaras distintas, localizadas perto da superfície, entre 4 e 11 km de profundidade.
Essas câmaras contêm magma riolítico, um tipo de magma altamente viscoso e rico em sílica. Segundo a equipe, esse mesmo magma foi responsável pelas duas erupções vulcânicas que ocorreram em Yellowstone nos últimos dois milhões de anos.
Eles também explicam que o volume armazenado em três dessas câmaras é comparável ao magma expelido em algumas das erupções menores mais recentes (em termos geológicos) do vulcão. Já a quarta câmara contém um volume associado a erupções mais significativas, como a que ocorreu há 1,3 milhão de anos e resultou na formação da toba de Mesa Falls.
Motor de calor
Uma quinta câmara, localizada em maiores profundidades e provavelmente composta por basalto, é a responsável por transmitir calor às bolsas de magma riolítico. Essa estrutura funciona como um "motor de calor", mantendo as câmaras de magma mais próximas da superfície ativas, segundo os pesquisadores.
Ou, pelo menos, uma delas
A distância entre as câmaras situadas a oeste e essa fonte de calor faz os especialistas acreditarem que essas câmaras ocidentais irão se resfriar e solidificar ao longo do tempo, enquanto a câmara localizada no nordeste continuará a se aquecer, acumulando ainda mais magma.
O estudo foi baseado em uma metodologia chamada magnetotelúrica, uma técnica que permite mapear a localização do magma subterrâneo a partir de campos magnéticos. Esse método se baseia na análise das variações no campo magnético da Terra, provocadas por forças externas, como tempestades solares e raios.
O magma subterrâneo é um bom condutor elétrico, o que permite sua identificação por meio dessa técnica. A equipe coletou dados do subsolo de Yellowstone durante os verões de 2017 e 2021. Os detalhes do estudo podem ser consultados em um artigo recentemente publicado na revista Nature.
O estudo magnetotelúrico do vulcão também reforçou a ideia de que Yellowstone não entrará em erupção em um futuro próximo. Segundo explicam os especialistas do USGS, o magma pode continuar se acumulando nessas caldeiras por centenas de milhares de anos.
Essa é uma informação tranquilizadora, pois uma erupção da caldeira de Yellowstone poderia ter consequências catastróficas para uma grande área do continente norte-americano e deixar marcas em todo o planeta.
No entanto, nem todas as erupções desse supervulcão foram igualmente violentas. Embora haja registros de erupções intensas, como a que deixou a marca da toba de Mesa Falls no registro geológico, também ocorreram episódios menos explosivos, como simples fluxos de lava.
O último desses eventos ocorreu há cerca de 70.000 anos e, até o momento, é considerado a erupção mais recente da caldeira.
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