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Um estudo acaba de confirmar o que já suspeitávamos: o leite vegetal tem menos nutrientes que o leite de vaca

Uma pesquisa encontrou alguns componentes potencialmente nocivos, embora em quantidades que, a princípio, não representam nenhum risco

Leite vegetal é ainda menos nutritivo do que se pensava / Imagem: Alexas Fotos
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Nos últimos anos, as bebidas de origem vegetal se tornaram uma alternativa ao leite convencional. Elas deixaram de ser apenas uma opção para quem evita produtos de origem animal ou a lactose presente no leite e passaram a ser uma escolha para muitos consumidores. No entanto, a questão sobre o quanto essas alternativas são nutricionalmente equivalentes ao leite é bem diferente.

Novo estudo

Um novo estudo analisou as propriedades nutricionais de algumas alternativas vegetais ao leite (PBMA, na sigla em inglês). A equipe responsável pela pesquisa observou que certas reações químicas no processo de fabricação dessas bebidas reduzem o valor nutricional do produto final.

Que essas alternativas sejam menos nutritivas do que o leite de vaca não é exatamente uma surpresa, pois bastava comparar os valores nutricionais de ambos. O novo estudo, no entanto, explica as razões dessa diferença e sugere que a disparidade pode ser ainda maior do que se imaginava.

A reação de Maillard

A chave está na reação de Maillard. Trata-se de uma reação química que ocorre ao aquecer certos alimentos e que geralmente associamos à mudança de cor, como acontece ao torrar pão. As alterações na composição química dos alimentos causadas por essa reação também afetam o sabor e o valor nutricional do produto.

Diferentes processos

Tanto o leite convencional quanto as bebidas PBMA são alimentos processados, mas com diferenças importantes. Enquanto o leite passa por um processamento mínimo, geralmente a ultrapasteurização (UHT), as alternativas vegetais são submetidas a etapas adicionais para que o produto final se assemelhe ao leite de origem animal. Essas bebidas vegetais também passam por um processo UHT, conforme explica a equipe responsável pelo estudo.

12 “leites”

Os pesquisadores compararam 12 bebidas diferentes: duas de origem láctea e 10 vegetais. A análise avaliou os nutrientes presentes e a ocorrência de produtos resultantes da reação de Maillard (MRP).

A equipe quantificou a presença de proteínas no leite em 3,4 gramas por litro. Das 10 bebidas alternativas estudadas, apenas duas superavam essa quantidade, enquanto as demais apresentavam entre 1,4 e 1,1 grama por litro. A concentração de aminoácidos essenciais nas bebidas vegetais também era inferior à do leite. Além disso, sete das dez bebidas analisadas continham maior quantidade de açúcar.

Na análise, os pesquisadores identificaram diversos MRP nas bebidas vegetais, incluindo acrilamidas nas bebidas de aveia e amêndoa. Apesar disso, ressaltam que as concentrações encontradas não eram alarmantes e que a provável origem dessas substâncias estaria no processo de torrefação ao qual a aveia e as amêndoas foram submetidas. Os detalhes do estudo foram publicados na revista Food Research International.

Interpretando os dados

Isso significa que devemos evitar as alternativas vegetais ao leite? Provavelmente não. Os motivos para escolher um tipo de bebida ou outro podem variar e nem sempre dependem do valor nutricional. Por exemplo, a decisão pode estar baseada em critérios ambientais. Em qualquer caso, para esse tipo de escolha, é importante contar com informações precisas.

Segundo a equipe de pesquisa, a chave está em uma melhor rotulagem que ajude os consumidores a escolherem o produto mais adequado às suas necessidades. “Se houvesse exigências para que os fabricantes especificassem nos rótulos a quantidade de aminoácidos essenciais presente na bebida, os consumidores teriam uma visão mais clara sobre a qualidade das proteínas”, explicou Marianne Nissen Lund, coautora do estudo, em um comunicado à imprensa.

Lund e seus colegas também destacaram a importância de reduzir, de maneira geral, o consumo de produtos processados e ultraprocessados. Isso não apenas contribuiria para uma alimentação mais saudável, mas também para um consumo mais sustentável.

Imagem | Alexas Fotos

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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