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Um dos grandes fracassos da energia solar está no deserto de Nevada: é inútil e já começaram a distribuir a culpa

Um dos grandes fracassos da energia solar está no deserto de Nevada. Imagem: Xataka
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Há 10 anos, a Crescent Dunes foi inaugurada no deserto de Nevada, nos Estados Unidos, como uma grande promessa para revolucionar o cenário da energia renovável. Com 10.347 espelhos direcionados para uma torre central de 200 metros, ela se tornou a segunda usina de energia termosolar com armazenamento em sais fundidos do mundo, seguindo a pioneira espanhola Gemasolar. O objetivo da Crescent Dunes era fornecer energia limpa para mais de 100.000 pessoas.

A Crescent Dunes custou cerca de 1 bilhão de dólares. No entanto, uma década após sua inauguração, o projeto é mais conhecido como um atrativo visual para os passageiros que sobrevoam a região do que como um marco de inovação energética.

Um desperdício milionário

O ambicioso projeto foi promovido pela empresa californiana SolarReserve e atraiu investidores de peso, como Warren Buffet e o Citigroup. A Crescent Dunes também contou com empréstimos garantidos pelo governo dos Estados Unidos. A empresa firmou um acordo com a companhia elétrica de Nevada, NV Energy, no qual se comprometeu a entregar um total de 500.000 MWh anuais durante 25 anos.

No entanto, tudo ficou apenas nas promessas, já que o alto custo de manutenção das instalações e os salários dos funcionários tornaram o projeto inviável. Além disso, a energia gerada pela Crescent Dunes não era barata. Esses fatores levaram a NV Energy, em 2019, a processar a SolarReserve por descumprimento de contrato.

Os investidores também recuaram e abriram um processo contra a SolarReserve por má gestão. Em 2020, a Crescent Dunes foi declarada falida e expropriada pelo governo. Bill Gould, cofundador da SolarReserve, apontou a empresa espanhola ACS Cobra como culpada pelo fracasso, acusando-a de projetar um tanque de armazenamento defeituoso, já que era a responsável pela engenharia da planta.

Original

Uma tecnologia deficiente

O fato é que, em 2015, quando a Crescent Dunes foi inaugurada, a energia termosolar (CSP, na sigla em inglês) já era um conceito obsoleto. Diferentemente da energia fotovoltaica, que utiliza painéis solares para converter a luz em eletricidade, as plantas de CSP possuem heliostatos, que acompanham o movimento do sol com seus espelhos para concentrar a luz em uma mistura de sais fundidos.

Embora a planta prometesse armazenar energia térmica para produzir eletricidade de forma constante e flexível, seu alto custo tornou a energia fotovoltaica uma opção mais atraente: um megawatt-hora de CSP custa aproximadamente 135 dólares, em comparação com os menos de 30 dólares por MWh oferecidos pelas fazendas de painéis solares.

A Crescent Dunes foi reaberta em 2021 sob a gestão da ACS e com um novo contrato com a NV Energy. No entanto, seu desempenho continua modesto: em 2022, produziu apenas 80.236 MWh, muito aquém de seus ambiciosos objetivos iniciais.

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