A aposta da NVIDIA nos computadores quânticos está cada vez mais ousada. Jensen Huang, cofundador e CEO da empresa, anunciou no dia 21 de março, em sua conferência anual para desenvolvedores, que abrirá um laboratório dedicado exclusivamente à pesquisa em computação quântica. O laboratório será localizado em Boston (Massachusetts) e permitirá que os engenheiros da NVIDIA trabalhem lado a lado com os pesquisadores da Universidade de Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Começará a operar no final de 2025.
Esse movimento estratégico deixa claro que Huang não quer ficar de fora de uma tecnologia que provavelmente causará uma grande disrupção no médio prazo. O mais curioso é que, antes de oficializar a criação de seu novo laboratório de desenvolvimento de tecnologias quânticas, o executivo não perdeu a oportunidade de se retratar. No início de janeiro, declarações suas provocaram uma queda abrupta nas ações de algumas empresas que se dedicam ao desenvolvimento de computadores quânticos.
"Se você dissesse 15 anos, provavelmente seria otimista. E se dissesse 30, seria pessimista. Mas se você optar por 20 anos, acho que muitos de nós acreditariam nisso", afirmou Jensen Huang na ocasião. Com essa reflexão, ele tentava prever quando as máquinas quânticas realmente úteis estariam prontas, sendo capazes de lidar com uma ampla gama de problemas. Mas ele mudou de ideia. Poucos meses depois, parece estar convencido de que os computadores quânticos plenamente funcionais estarão prontos muito antes.
Objetivo: correção de erros dos computadores quânticos
O flerte da NVIDIA com os computadores quânticos, na verdade, não é algo novo. A empresa já colabora há mais de dois anos com a companhia israelense Quantum Machines. Essa empresa é especializada no desenvolvimento de hardware e software para máquinas quânticas e, junto com a NVIDIA, desenvolveu uma arquitetura de baixa latência e alto desempenho que visa impulsionar o avanço da computação quântica.
A NVIDIA contribuiu com seu sistema CPU/GPU Grace Hopper, uma verdadeira "fera" projetada para executar aplicativos de inteligência artificial e oferecer produtividade de alto nível em cenários de computação de alto desempenho. Além disso, a empresa também forneceu seu modelo de programação de código aberto CUDA Quantum. Sua parceira nesse projeto, a Quantum Machines, ficou responsável pela integração e pela otimização de uma plataforma quântica que, segundo as duas empresas, foi especificamente projetada para funcionar em sistemas híbridos, onde o hardware clássico e o quântico coexistem em harmonia.
O objetivo da plataforma DGX Quantum, nome dado ao hardware desenvolvido pelas duas empresas, é ajudar os pesquisadores que trabalham no campo da computação quântica a desenvolver novos algoritmos quânticos. Pode parecer surpreendente que seja possível utilizar hardware clássico para desenvolver algoritmos quânticos, mas isso é perfeitamente viável. Na verdade, essa estratégia ajuda a tornar a computação quântica acessível a muitos mais pesquisadores, que podem implementar e testar suas ideias sem a necessidade de ter acesso a um protótipo de computador quântico.
Além disso, a plataforma DGX Quantum também serve, segundo a NVIDIA, para calibrar sistemas quânticos, controlá-los e até mesmo aspira a desempenhar um papel importante na implementação de um sistema de correção que permita aos computadores quânticos corrigirem seus próprios erros. Jensen Huang enfatizou essa ideia durante sua conferência na GTC 2023, e não há dúvida de que se trata de uma possibilidade muito atraente.
Imagem | NVIDIA
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
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