Embora não tenham sido usadas desde a tragédia de Hiroshima e Nagasaki, as bombas atômicas continuam sendo uma parte indispensável do armamento das potências militares. E continuam sendo porque são um componente de dissuasão, um "não me ataque com tudo, pois posso apagar você do mapa". Em 1986, com o auge da Guerra Fria, alcançou-se o pico na quantidade de ogivas nucleares militares, mas, embora a situação tenha melhorado, os últimos cinco anos viram um aumento na intensidade.
A Rússia segue seu próprio caminho, os Estados Unidos não querem ficar para trás e há um novo competidor: a China. Isso fica perfeitamente refletido neste gráfico elaborado pela Visual Capitalist com dados estimados da FAS.

Primeiros anos
Algo evidente é que os EUA se adiantaram aos demais países. Com o Projeto Manhattan e o teste de Trinity, que recentemente vimos no filme "Oppenheimer", eles começaram a corrida nuclear. Os EUA dominaram no início porque tinham a tecnologia. No entanto, rapidamente a Rússia não apenas começou a desenvolver seu programa de armamento, mas também superou seu maior rival com bombas como a monstruosa TSAR.
Nos primeiros momentos da guerra da Ucrânia, Vladímir Putin utilizou o termo “dissuasão nuclear”, herdado da Guerra Fria. Isso implica que, em caso de ataque, a Rússia utilizaria toda a força militar disponível, incluindo a nuclear. Isso reacendeu uma espécie de psicose nuclear, o que remete ao medo e à paranoia sentidos em 1986, principalmente se observarmos as ogivas que as nações possuem.
Basta dar uma olhada no gráfico para verificar que, naquele ano, havia 70.300 ogivas nucleares, das quais 40.159 estavam nas mãos soviéticas (embora o gráfico não diferencie entre Rússia e União Soviética) e outras 23.317 nas mãos dos Estados Unidos.
Baixa nuclear
Após uma corrida armamentista que foi paralela à corrida espacial, tanto a URSS quanto os Estados Unidos viram seus arsenais nucleares diminuírem até, por volta de meados dos anos 2000, se estabilizarem. A situação em 2025 é bem diferente da de 40 anos atrás, e os países que em 1986 lideravam a lista das potências nucleares reduziram seu arsenal, com alguns até perdendo-o completamente, como a África do Sul.
Ainda assim, Rússia e Estados Unidos detêm 88% das armas nucleares do mundo, mas há países que estão se rearmando a uma velocidade inquietante para algumas potências.
|
1986 |
2024 |
---|---|---|
RÚSSIA |
40.159 |
4.380 |
EUA |
23.317 |
3.700 |
CHINA |
224 |
500 |
FRANÇA |
355 |
290 |
REINO UNIDO |
350 |
225 |
PAQUISTÃO |
0 |
170 |
ÍNDIA |
0 |
172 |
ISRAEL |
44 |
90 |
COREIA DO NORTE |
0 |
50 |
ÁFRICA DO SUL |
3 |
0 |
China
Não foram apenas a Rússia e os Estados Unidos que reduziram suas ogivas nucleares. Reino Unido e França, outras duas grandes potências nesse campo, também perderam capacidade. Há países que tomaram o caminho oposto. A Coreia do Norte afirma ter armas nucleares, o avanço da Índia e do Paquistão é considerável, Israel dobrou sua capacidade e o mesmo a China encerrou 2024 com 600 ogivas nucleares.
Não é o país que mais está investindo em armas nucleares (os Estados Unidos ainda lideram), mas é o que mais rápido está aumentando seu arsenal. Isso preocupa os Estados Unidos, mas, apesar desse avanço e investimento nesse tipo de armamento, a China tem buscado um pacto com as outras potências, com o objetivo de alcançar uma "renúncia recíproca ao uso de armas nucleares primeiro" em caso de conflito.
Reservadas e implantadas
Agora, apesar do aumento no número de ogivas nucleares atuais, de acordo com os dados da FAS, apenas cinco países possuem as bombas prontas para atacar. A Rússia teria 1.710 ogivas nucleares implantadas em pontos estratégicos, os Estados Unidos cerca de 1.670 ogivas, a França 280 (quase todo o seu arsenal) e o Reino Unido, cerca de 120. De acordo com os dados das organizações, claro. A China teria 24 implantadas e o restante em reserva.
Nova corrida nuclear
Embora no gráfico seja possível observar uma queda no número de ogivas nucleares, também é visível que, nos últimos 15 anos, a situação não apenas se estabilizou (o que significa que o número não continuou a diminuir), mas, no final, a curva parece estar ascendendo novamente. Na nova corrida nuclear, não há mais apenas dois países envolvidos, mas sim três, com a China tendo como objetivo igualar-se aos Estados Unidos e à Rússia nos próximos 10 anos.
E o problema é que o tempo está se esgotando. Em janeiro de 2024, o Relógio do Juízo Final, que marca o perigo de uma guerra nuclear, estava a apenas 90 segundos da meia-noite. Pode parecer um detalhe menor, mas é a posição mais próxima de uma catástrofe nuclear da história. Além disso, em 2026, expirará o tratado START III, que limitava o número de armas estratégicas implantadas por nação, algo que a Rússia já abandonou em 2022 após a intervenção do Ocidente na Ucrânia.
Caso não sejam alcançados novos acordos (algo que algumas potências estão buscando), as duas maiores forças nucleares ficarão sem restrições em seus arsenais nucleares pela primeira vez em várias décadas. Agora, além disso, estarão disputando também com a China.
Imagens: Visual Capitalist
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
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