Em outubro, a Europa teve a oportunidade de reduzir sua dependência do gás russo. O desafio, no entanto, mostrou-se complexo devido ao fato de países como Eslováquia e Hungria continuarem mantendo acordos que lhes permitem acessar o gás russo por meio de rotas alternativas, como a reexportação de gás rotulado como proveniente do Azerbaijão. Essa situação gerou preocupações dentro da UE sobre as sanções e as relações desses países membros com a Rússia.
Re-etiquetagem?
A comissária europeia de energia, Kadri Simson, renunciou em dezembro devido à designação de uma nova presidência e equipe na Comissão Europeia. Em entrevista ao Financial Times, ela explicou sua discordância com um tratado que permitiria ao Azerbaijão rotular como seu o gás russo que transita pela Ucrânia.
O acordo com a Gazprom
Empresas energéticas europeias têm negociado o fornecimento de gás para a Europa Central com o término do acordo com a Gazprom, gigante russa. O acordo planejado com o Azerbaijão buscava fornecer gás (de origem russa) à Ucrânia, de onde seria transportado para a Europa por meio de um acordo de troca financeira com a Rússia. No entanto, a agora ex-comissária de energia alertou que essa estratégia seria desnecessária e não cumpriria os objetivos da UE de se desvincular do gás russo.
A dependência
O fluxo de gás que chega à União Europeia através da Ucrânia representa apenas cerca de 5%, mas países como Eslováquia e Hungria dependem consideravelmente dessa rota. Até recentemente, isso também incluía a Áustria, mas a Gazprom interrompeu o fornecimento devido a um conflito contratual com o grupo energético OMV, embora o gás continue fluindo por outras vias.
No caso de Eslováquia e Hungria, esses países continuam buscando alternativas para se abastecer de gás devido aos intensos bombardeios sobre a infraestrutura energética na Ucrânia. Uma das rotas encontradas para obter gás do Azerbaijão inclui um acordo via Turquia e os Bálcãs.
Essa situação evidencia o delicado equilíbrio entre os interesses energéticos e a política externa da UE, especialmente diante da necessidade de manter a coesão interna em um contexto de conflito com a Rússia. No entanto, com o bloqueio ao Gazprombank e as sanções americanas, as opções da UE para encontrar soluções alternativas de fornecimento continuam sendo limitadas.
Desvincular-se da Rússia
A eficácia das sanções da UE seria colocada em dúvida com a re-etiquetagem do gás russo. No entanto, o tema das sanções contra a Rússia é bem mais complexo. Embora os países da UE tenham se comprometido a parar de comprar combustíveis fósseis da Rússia até 2027, as compras de gás não estão sujeitas às sanções impostas pelo bloco em resposta à guerra. Essa contradição destaca a dependência de outros recursos, como o urânio para energia nuclear.
O objetivo estabelecido pela União Europeia de deixar de depender do gás russo antes de 2027 pode ser considerado ambicioso e bastante complexo, especialmente considerando que países dentro da União estão firmando tratados que complicam essa meta. O futuro energético da Europa agora está nas mãos do novo comissário de energia, o dinamarquês Dan Jørgensen, que destacou a importância de reduzir os preços da energia, coordenar investimentos em energias renováveis e substituir as importações de GNL provenientes da Rússia.
Imagem | Brian Cantoni e Aron Urb (EU2017EE)
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
Ver 0 Comentários