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Criptomilionários enlouqueceram comprando relógios em 2020 e agora a indústria do luxo está pagando a conta

Mercado de segunda mão está em queda após boom da pandemia, e isso se reflete nas vendas dos modelos novos

Preço dos relógios está caindo / Imagem: Xataka
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Existe uma bolha dos relógios de luxo? Parece que sim e, por causa da galera que ficou milionária com as criptomoedas, ela estourou.

A queda nos preços desses acessórios no mercado de usados é um fator chave para a recente diminuição nas vendas das marcas de moda de alto luxo. Com isso, a tendência é que a recuperação do mercado para os relógios mais exclusivos demore mais do que o esperado.

Isso acontece porque, no último trimestre de 2024, as principais marcas de luxo enfrentaram uma queda nas vendas de relógios novos. A Richemont, proprietária de marcas como Cartier e Vacheron Constantin, reportou uma redução de 13% nessa categoria.

A LVMH, liderada por Bernard Arnault, também sofreu uma queda de 4% na sua divisão de relógios e jóias, o que impactou diretamente a fortuna de Arnault, que perdeu o título de pessoa mais rica do mundo, segundo a Forbes. A Hermès também foi afetada, com uma redução de 4,9% nas vendas de relógios.

Preço dos relógios está caindo / Imagem: Xataka

Mas o que as criptomoedas têm a ver com tudo isso? Em primeiro lugar, é importante observar que o alto valor dos relógios de luxo os transformou em um investimento muito desejado após a pandemia. É nesse contexto que entram os investidores em moedas digitais, que aproveitaram os lucros rápidos gerados pela febre do bitcoin, entre outras moedas.

Segundo o The Wall Street Journal, o aumento dos criptomilionários coincidiu com um crescimento na demanda por relógios de luxo. Como essas marcas mantiveram uma produção limitada de peças novas, o mercado de segunda mão experimentou um crescimento notável.

Preço dos relógios está caindo / Imagem: Xataka

Além disso, durante o período de restrições de mobilidade, os milionários direcionaram seus gastos para bens que podiam desfrutar imediatamente. Viagens ou carros de luxo passaram para segundo plano. Assim como acontece com a arte, os relógios de luxo passaram a ser vistos como um investimento seguro, tornando-se uma opção lógica.

No final de 2022, modelos altamente demandados, como o Rolex Daytona, tinham um preço de loja em torno de 14.500 dólares (R$ 86 mil), mas podiam ser revendidos no mercado de segunda mão por até três vezes seu valor original. No entanto, essa supervalorização, impulsionada pela alta demanda, diminuiu drasticamente, assim como seu apelo como investimento a curto prazo.

Preço dos relógios está caindo / Imagem: Xataka

Sem pandemia, já era para os relógios

Com o fim da pandemia e o confinamento, a demanda por produtos de luxo, tanto novos quanto de segunda mão, sofreu uma queda significativa. Em contraste, setores como os de automóveis superesportivos e iates estão experimentando um boom. Estima-se que o mercado de iates de luxo cresça 10,81% até 2029, enquanto o de veículos registra um crescimento anual de 3,72%.

Agora, o excesso de oferta no mercado de relógios de segunda mão afeta tanto as vendas quanto os preços dos modelos novos. Relógios que antes eram vendidos em questão de dias agora levam anos para encontrar comprador. Não importa se são Rolex ou Patek Philippe, pode levar de três a seis meses para serem adquiridos.

Preço dos relógios está caindo / Imagem: Xataka

No final, os clientes fiéis são os que decidem. Marcas com uma sólida tradição relojoeira no setor de luxo, como a Patek Philippe, conseguem manter suas vendas com base em sua reserva de pedidos.

Por outro lado, as marcas mais "generalistas", como TAG Heuer ou Hublot, enfrentam maiores desafios. Sua clientela, que tem um vínculo mais forte com o mundo da moda, não percebe seus relógios com o mesmo status ou valor que modelos icônicos de Rolex ou Audemars Piguet.

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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