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Enquanto a humanidade sonha em colonizar o espaço, alguns pesquisadores tiveram outra ideia: viver no fundo do mar

Criar módulos habitáveis é um passo importante para uma presença permanente no fundo marinho

Vanguard pretende ser um habitat submarino modular / Imagem: DEEP
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

O fundo do mar pode ser inóspito e hostil. Apesar disso, há quem não veja problemas em se mudar para este local remoto. Também existem aqueles que querem facilitar esse processo, desenvolvendo infraestruturas habitáveis para as profundezas do oceano.

A DEEP é uma empresa dedicada exatamente a isso. A empresa está trabalhando no projeto Vanguard, um protótipo de habitat submarino que, caso os prazos previstos sejam cumpridos, poderá ser instalado na costa do País de Gales nos próximos meses.

Vanguard é um projeto piloto que busca avançar na criação de habitats submarinos que permitam estadias prolongadas no fundo marinho. Este módulo de 12 metros de comprimento e 7,5 metros de largura foi projetado para operar por cerca de 28 dias a profundidades de 200 metros, acomodando uma tripulação de três pessoas.

“Vanguard nos dará uma experiência operacional e de construção que será aplicada ao Sentinel. É um dos passos cruciais na curva de progresso em direção a uma presença humana permanente sob o oceano, o que é muito empolgante para a exploração e a tecnologia submarina”, afirmou em um comunicado de imprensa Kristen Tertoole, CEO da empresa DEEP.

Sentinel

Vanguard é apenas o primeiro passo do Sentinel, um projeto mais ambicioso que busca criar um habitat modular capaz de servir como alojamento e laboratório para tripulações de seis pessoas. No entanto, a natureza modular do habitat permitiria expandir a capacidade de acomodação dos futuros laboratórios submarinos.

Por que "mudar-se" para o fundo do mar?

Por trás do que poderia parecer uma ideia inusitada, há uma certa lógica. Não se trata do turismo extremo (embora, sem dúvida, esse tipo de habitat também possa atrair muitos), mas da descompressão. As missões subaquáticas de pesquisa (e também outras como as de resgate) estão limitadas pelos períodos que o corpo humano necessita para se adaptar às novas condições de pressão. A certas profundidades, isso pode significar que uma missão passe mais tempo nesse período de preparação do que na operação em si.

Ao operar a partir de uma base subaquática, os mergulhadores podem economizar parte do tempo necessário para essa adaptação, facilitando seu trabalho e reduzindo os tempos exigidos para a operação. Isso não se aplica apenas a tarefas de pesquisa oceanográfica, mas também pode ser usado, por exemplo, em operações de resgate subaquático.

Um grande desafio

A DEEP trabalha em suas instalações na costa do canal de Bristol para enfrentar as dificuldades que a vida submarina impõe. Uma delas tem a ver com a própria atmosfera do habitat, explicou Rick Goddard, diretor de engenharia da empresa, à revista IEEE.

O ar que os habitantes desses módulos respirarão não é exatamente o mesmo ar da atmosfera terrestre. Nessas condições, o nitrogênio se torna nocivo, por isso deve ser substituído por outros gases, como o hélio.

Uma atmosfera de hélio apresenta seus próprios desafios. Por exemplo, por ser um melhor condutor térmico que o nitrogênio, o gás precisa ser aquecido para garantir o conforto térmico dos habitantes das cápsulas submarinas. Essa mudança também tem outras implicações, como, por exemplo, no desenvolvimento dos componentes eletrônicos do módulo.

Vanguard e Sentinel não são os únicos projetos da DEEP: em 2024, a empresa adquiriu um dos navios oceanográficos mais singulares: FLIP, a plataforma de pesquisa marinha capaz de "ficar em pé" no meio do oceano. A intenção é reformar o navio, que estava a caminho do “desmanche”, para que continue operando como navio oceanográfico.

Imagem | DEEP

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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