Tendências do dia

As empresas que eliminaram o homeoffice enfrentam um grande problema: demoram mais tempo a preencher as vagas

  • As empresas que não oferecem opções de teletrabalho ou jornada híbrida enfrentam maiores dificuldades para recrutar novos funcionários.

  • Os responsáveis pelos Recursos Humanos reconhecem que obrigar os colaboradores mais qualificados a retornar aos escritórios pode levar à sua renúncia.

Empresas que mudaram para o presencial estão com dificuldade em contratar. Imagem: Unsplash (Jonathan Borba)
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Muitas empresas deram por encerradas suas experiências com o teletrabalho, obrigando seus funcionários a retornar aos escritórios cinco dias por semana. Além do endurecimento das políticas de retorno da Amazon, companhias como a Dell, a consultoria PwC e o maior banco dos EUA também seguiram essa tendência.

Apesar de ter se tornado uma tendência crescente entre as empresas, um estudo recente revelou um desafio que essas companhias precisarão enfrentar ao eliminar o teletrabalho: dificuldades para preencher suas vagas.

O talento prefere ficar em casa

De acordo com uma análise recente da Revelio Labs, empresa especializada em estudos sobre a força de trabalho, as companhias que não oferecem opções de trabalho híbrido ou remoto crescem menos do que aquelas que proporcionam flexibilidade. "As empresas que operam totalmente a distância ou adotam modelos flexíveis podem crescer mais rápido", afirmou Loujaina Abdelwahed, economista da Revelio Labs e autora do estudo, em entrevista ao The Washington Post.

Os dados analisados sobre empresas que publicaram vagas desde junho de 2022 indicam que aquelas que oferecem trabalho híbrido ou remoto registraram uma taxa de crescimento média de 0,6%, enquanto as que disponibilizam apenas vagas 100% presenciais cresceram apenas 0,3%.

Ou seja, as empresas que não oferecem flexibilidade têm mais dificuldade para preencher novas vagas em comparação com aquelas que adotam modelos de trabalho híbridos ou remotos.

Impor o retorno ao escritório tem consequências

Um estudo realizado pela Universidade de Pittsburgh, pela Universidade Chinesa de Hong Kong e pela Universidade de Baylor concluiu que as políticas de retorno aos escritórios estão tendo um impacto significativo na rotatividade de funcionários em empresas do S&P 500.

Os pesquisadores descobriram que os profissionais mais qualificados estão deixando as empresas à medida que as regras de retorno ao trabalho presencial se tornam mais rígidas. Esse movimento tem gerado uma fuga de talentos, com profissionais migrando para empresas que continuam oferecendo modelos de trabalho híbrido ou totalmente remoto.

"Nosso estudo destaca a fuga de cérebros como um custo significativo dos mandatos de retorno ao escritório, mesmo para as maiores empresas do mundo", afirmam os autores da pesquisa.

Mudar de emprego para conciliar

Segundo dados do Estudo Personio de Recursos Humanos de 2024, realizado pela plataforma de recursos humanos Personio, 51% dos 10.555 trabalhadores e profissionais de RH entrevistados afirmam que a conciliação entre a vida pessoal e profissional é uma prioridade na escolha de um emprego.

Além disso, 44% dos entrevistados se sentem motivados a trocar de emprego no próximo ano, o que indica que as políticas de retorno ao escritório podem acelerar esse processo.

O fantasma da demissão encoberta. A insistência das empresas em intensificar o retorno aos escritórios, mesmo com evidências científicas que desaconselham essa medida, fez com que as teorias sobre demissões encobertas ganhassem força.

Uma pesquisa da BambooHR com profissionais de Recursos Humanos revelou que muitas empresas já esperavam que alguns de seus melhores funcionários pedissem demissão ao serem obrigados a voltar ao escritório, forçando assim uma saída sem direito a indenização e permitindo a redução de equipes com um custo menor.

Os dados mostram que 18% dos gestores de RH entrevistados esperavam uma maior taxa de pedidos de demissão diante das políticas de retorno ao escritório, enquanto 37% admitiram que menos funcionários do que o previsto deixaram a empresa, forçando a realização de demissões diretas.

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