No PIX! Sistema brasileiro é referência internacional e mostra tendência de digitalização de pagamentos

  • Destaque na imprensa internacional, PIX mostra tendência de pagamentos digitais

  • Sucesso de PIX e outras transferências instantâneas deve levar a internacionalização de sistemas financeiros

Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
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PH Mota

Redator

Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

Provavelmente, há muito tempo você não usa cédulas de dinheiro para comprar nada. Mais recentemente, é bem possível que também já tenha abandonado até mesmo os cartões. Estamos falando de um período a partir de novembro de 2020, quando o Banco Central do Brasil lançou um dos serviços de pagamento digital mais populares do mundo: o PIX.

Com apenas um CPF, número de celular ou QR Code, os usuários podem enviar e receber dinheiro sem nenhum uso de notas ou cartões. No primeiro ano completo de funcionamento, 2021, foram 9 bilhões de transações registradas. Em 2024, 63 bilhões, movendo cerca de R$ 26 trilhões.

O sucesso do sistema chama a atenção até do mercado internacional. Recentemente, o The Economist destacou o crescimento do PIX e a facilidade do acesso às transações a partir do sistema inteiramente digital. Em declaração ao veículo, um dos diretores do BC, Renato Gomes, declarou que o meio de pagamento já provocou uma queda de 40% no volume de saques de dinheiro vivo. Ainda neste ano, segundo Gomes, o PIX deve ser o método primário de pagamentos em compras online em todo o país.

Moeda digital

O sucesso do PIX levou o Banco Central do Brasil a desenvolver o Drex,/ uma versão do real em formato digital. O Drex tem o mesmo valor do real tradicional e é regulado e emitido somente a partir do Banco Central.

A ideia é permitir que diferentes transações financeiras estejam disponíveis como serviços digitais, mas ainda liquidados pelos bancos dentro da plataforma do Banco Central (BC).

PIX pelo mundo

O PIX não foi pioneiro como sistema de pagamento digital instantâneo, feito registrado na Índia. Lá, em 2016, o banco nacional do país lançou o UPI (Unified Payments Interface, ou Interface de Pagamentos Unificada). O México também lançou sua própria versão do PIX antes do Brasil, em 2019, com o CoDi. A novidade no Brasil foi o envolvimento direto do Banco Central no gerenciamento de todo a infraestrutura do PIX;

Além de UPI e CoDi, outros sistemas também já estão consolidados ao redor do mundo:

  • A Colômbia desenvolveu um sistema de pagamento instantâneo inspirado diretamente pelo PIX. O desenvolvimento, inclusive, foi feito em parceria com a Dock, fintech que trabalhou na criação do sistema brasileiro. O Bre-B teve regras definidas pelo BC colombiano, mas é desenvolvido pelo setor privado.
  • Desde 2014, a população de Singapura tem acesso ao FAST. Como o PIX, o sistema permite transferir dinheiro imediatamente entre contas, neste caso as vinculadas ao programa PromptPay, da Tailândia,  que usa números de telefone celular ou carteiras de identidade.
  • O MB Way, de Portugal, foi um dos primeiros sistemas de pagamentos móveis da Europa, lançado em 2011. Além das transferências e pagamentos, o MB WAY permite saques em caixas eletrônicos.
  • Lançado em 2016, na Espanha, o Bizum também realiza os pagamentos entre usuários a partir de seus números de telefone. Assim como o PIX, tem boa integração com a maior parte dos bancos nacionais e não cobra pelas transações.
  • Com funcionamento em todos os países que compõem a Zona do Euro, na União Europeia, o SCT Inst (Transferência Instantânea de Crédito) permite pagamentos instantâneos desde 2017.
  • Nos Estados Unidos, o Federal Reserve – banco central do país – anunciou o FedNow em 2019. Outros sistemas privados também existem no país, mas este foi o primeiro gerido pelo governo.

Futuro dos pagamentos instantâneos

Como os números do PIX no Brasil e a popularização de sistemas de transação digitais ao redor mundo mostra, a tendência é caminharmos para um futuro onde os pagamentos instantâneos são cada vez mais comuns e integrados à rotina de pessoas e empresas.

Segundo o economista André Braga, que conversou com o Xataka Brasil, a transformação é uma consequência natural da economia. “Se traçarmos um processo histórico, há alguns anos, na década de 90, era novidade quando surgiram cartões, que agora evoluíram e se transformaram no digital. A tendência, ao olhar pro histórico, é para redução de tamanho, mas também a digitalização e confiabilidade”, explicou.

Braga sugere que esse processo já está bem avançado entre sistemas de instituições financeiras e governos. Isso baseado no fato que, quando esses serviços chegam para a população, numa oferta generalizada, já houve muito teste em ambientes controlados. E esses ambientes muitas vezes envolvem o uso prático por instituições que precisam validar as novas tecnologias, antes da liberação.

Pensando nisso, Braga projeta um cenário não tão distante de evolução do PIX – e dos sistemas semelhantes ao redor do mundo – de internacionalização e maior integração entre países. “Os bancos centrais do mundo já se conectam, e todas as informações passam pelos bancos centrais. Um tipo de PIX internacional só agiliza o processo”, sugere.

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