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Northvolt foi fundada para parar de depender de baterias chinesas; agora ela está se afogando e vendo aproximação da principal rival chinesa

  • Northvolt declarou falência com uma dívida superior a 5 bilhões de euros

  • Foi a grande promessa para baterias de carros elétricos na Europa e há rumores sobre uma possível parceria com a CATL, sua principal rival chinesa

Notícia foi interrupção repentina dos planos de produção de bateria da Europa | Northvolt
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PH Mota

Redator

Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

Embora o Ocidente não queira, depende da China para seu grande objetivo de médio prazo. No processo de descarbonização, o Ocidente quer mais energia renovável e mais carros elétricos. E aí a China leva vantagem graças tanto ao domínio da produção de terras raras quanto das baterias para esses veículos. Na Europa, a alternativa e grande promessa se chamava Northvolt, uma empresa sueca que foi o grande projeto europeu de produção de baterias.

Agora estão perdidos e a má notícia é que o maior fabricante de baterias do mundo, a CATL, é chinês e está atrás deles.

Tremores

Há alguns meses, surgiu um boato de que a Northvolt estava em apuros. Havia apenas uma fonte com o assunto e a empresa sueca não abriu a boca, mas a notícia por outros canais e pela própria empresa não demoraria a chegar. A Northvolt, que seria a salvação da Europa na luta pela produção de baterias, demitiria 1,6 mil de seus 6.5 mil funcionários na fábrica da Suécia.

Foi uma interrupção repentina dos planos de produção em 2026, mas as notícias não vieram sozinhas. Em novembro, a Northvolt entrou com pedido de falência. Em um comunicado, a empresa anunciou que estava entrando com pedido de falência nos Estados Unidos, com uma dívida acumulada de 5,8 bilhões de euros. (36,6 bilhões de reais).

Furo na grande esperança

Nem tudo está perdido, pois o objetivo é resgatar a empresa antes do final do primeiro trimestre de 2025, mas ninguém, nem mesmo a Suécia, ousa financiar essa grande promessa europeia. A ideia era que, graças à Northvolt, a Europa passaria de produzir apenas 3% das baterias usadas no mundo para mais do que 25% até o final da década.

A fábrica, com uma capacidade de produção de 16 GWh que seria expandida para 30 GWh e 60 GWh graças a uma nova unidade para a qual a Alemanha contribuiria com mais de 900 milhões de euros (5,6 bilhões de reais), deveria começar a todo vapor em 2026 e atingir a produção total em 2029. Isso não é apenas um freio para a indústria, mas também para empresas como Scania, Volkswagen ou BMW que depositaram confiança e dinheiro na empresa.

China à espreita

O gigante asiático deve estar de olho na situação. A BYD não é apenas uma das empresas que mais vende carros elétricos no Ocidente, mas também uma gigante na produção de baterias. Nem falamos da CATL, pois estima-se que ela fabrique mais de 35% das baterias de todos os carros elétricos do mundo.

Precisamente, a CATL estaria por trás de uma participação importante na Northvolt, pelo menos se confiarmos no que o jornal sueco Dagens Nyheter publicou recentemente. Eles declararam que ambas as empresas estavam falando sobre uma parceria e traria uma reviravolta curiosa porque, precisamente, a Northvolt nasceu para enfrentar a CATL.

CATL nega isso, em parte

Embora a empresa sueca não tenha comentado, a CATL o fez. Conforme publicação na Electrive, Pan Juan, cofundador da empresa, comentou que "houve conversas sobre se poderíamos ajudar a Northvolt com produção e tecnologia". Seria um modelo de licenciamento como o que a empresa mantém com a Ford.

Sobre um resgate da Northvolt, Jian comentou que "é mais complicado do que um acordo de licenciamento, há muito o que pensar. Não é nossa prioridade, mas estamos abertos a ajudar empresas europeias necessitadas. Se a Norhtvolt tivesse nos contatado um ou dois anos antes, teria sido mais fácil porque eles estavam financeiramente estáveis".

Entre a cruz e a espada

O curioso de tudo isso é que, embora a CATL tenha rejeitado a informação sobre a compra de uma participação na Northvolt, ela repetiu várias vezes que "sempre há a possibilidade de podermos ajudá-los com a produção", então parece que este capítulo da novela não acabou.

De qualquer forma, está claro que se a Europa quer essa transição para carros elétricos, por enquanto precisará de uma China que esteja fritando com tarifas.

Olhando para o estado atual da Northvolt, faz todo o sentido. Só temos que esperar para ver se a empresa sueca consegue se recuperar em 2025.

Imagem | Northvolt

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