China estuda invasão russa da Ucrânia para conhecer alcance das sanções ao entrar em outro território

Grupo interinstitucional chinês está estudando medidas tomadas por Moscou. No fundo: um possível conflito com Taiwan

China prepara cenário em caso de conflito militar com Taiwan | Chairman
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PH Mota

Redator

Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

O que aconteceria se a China decidisse invadir Taiwan? O cenário proposto pode parecer, mas não é trivial, já que os próprios militares do país identificaram até seis alternativas para lidar com o suposto desafio. Hoje parece estar confirmado que há algo mais por trás do cenário virtual. A invasão da Ucrânia parece estar servindo como um estudo para isso.

Importância das sanções

Foi dito numa reportagem exclusiva do The Wall Street Journal. A China intensificou sua análise de como a Rússia está lidando com as sanções ocidentais após a invasão da Ucrânia. Contexto: prepare-se para um possível cenário semelhante no caso de um conflito militar sobre Taiwan.

Um grupo interinstitucional chinês supostamente estuda as medidas tomadas por Moscou, reportando regularmente aos principais líderes, como o próprio Xi Jinping. Esses esforços refletem a estratégia de Pequim para mitigar os efeitos de uma potencial guerra econômica liderada pelos Estados Unidos e seus aliados.

Diversificando reservas

Com mais de US$ 3,3 trilhões (R$ 20,1 trilhões) em reservas estrangeiras, as maiores do mundo, a China está explorando maneiras de reduzir sua exposição ao dólar americano. Nesse sentido, o congelamento de ativos russos no exterior após a invasão da Ucrânia disparou alarmes em Pequim.

Em 2023, Xi Jinping visitou a Administração Estatal de Câmbio para discutir medidas de proteção, seguindo o exemplo da Rússia em sua tentativa de desdolarizar sua economia antes da guerra, com resultados mistos.

Prioridade: evitar isolamento

A Rússia manteve sua economia operacional redirecionando as exportações de petróleo e gás para países como a China. Além disso, usou uma espécie de "frota sombra" de navios não segurados pelo Ocidente para contornar o teto do preço do petróleo. Dessa perspectiva, Pequim está observando as táticas com interesse, avaliando como elas podem se adaptar à sua economia, significativamente maior e mais complexa.

Fortalecer cadeias de suprimentos

Se a China estudar o que está acontecendo com a Rússia, esta é uma das principais etapas. O impacto das sanções deixou a Rússia sem acesso a componentes-chave, paralisando temporariamente indústrias como a automotiva. Como explica o WSJ, a China, como uma potência manufatureira, tomou nota desses problemas, buscando reforçar a produção doméstica e desenvolver estoques estratégicos para evitar interrupções semelhantes.

Coalizões e estratégias são chave na geopolítica, mais ainda se for uma questão de ter aliados diante de um conflito. A Rússia fortaleceu suas relações com países como Irã, Coreia do Norte e a própria China para combater as sanções ocidentais. Pequim também estuda como a falta de consenso no bloco ocidental, especialmente em questões como o preço do petróleo, pode enfraquecer a eficácia de futuras sanções, especialmente dado o impacto global que um confronto econômico com a China teria.

Como se preparar

Um conflito sobre Taiwan pode desencadear sanções econômicas de magnitude sem precedentes contra a China, afetando seu sistema financeiro e aqueles mais de US$ 3,7 trilhões em ativos bancários offshore. Diante do cenário, Pequim estaria explorando medidas preventivas, aprendendo com as experiências russas, como diversificar parceiros comerciais e fortalecer mecanismos financeiros domésticos.

Em suma, o conflito que está ocorrendo no momento na Europa Oriental tem muitas visões, e muito diferentes. A experiência russa pode fornecer à nação asiática um laboratório em tempo real para entender a dinâmica das sanções econômicas e, talvez mais importante, como mitigá-las.

Claro, e embora nada disso implique planos imediatos para um conflito sobre Taiwan, Pequim, de acordo com o exclusivo do WSJ, usa essa análise para preparar sua economia e minimizar os riscos de uma possível guerra econômica com o Ocidente. Uma onde a colaboração estratégica com a Rússia também ressalta mudanças na dinâmica global em direção a uma abordagem mais multipolar.

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