O que aconteceria se a China decidisse invadir Taiwan? O cenário proposto pode parecer, mas não é trivial, já que os próprios militares do país identificaram até seis alternativas para lidar com o suposto desafio. Hoje parece estar confirmado que há algo mais por trás do cenário virtual. A invasão da Ucrânia parece estar servindo como um estudo para isso.
Importância das sanções
Foi dito numa reportagem exclusiva do The Wall Street Journal. A China intensificou sua análise de como a Rússia está lidando com as sanções ocidentais após a invasão da Ucrânia. Contexto: prepare-se para um possível cenário semelhante no caso de um conflito militar sobre Taiwan.
Um grupo interinstitucional chinês supostamente estuda as medidas tomadas por Moscou, reportando regularmente aos principais líderes, como o próprio Xi Jinping. Esses esforços refletem a estratégia de Pequim para mitigar os efeitos de uma potencial guerra econômica liderada pelos Estados Unidos e seus aliados.
Diversificando reservas
Com mais de US$ 3,3 trilhões (R$ 20,1 trilhões) em reservas estrangeiras, as maiores do mundo, a China está explorando maneiras de reduzir sua exposição ao dólar americano. Nesse sentido, o congelamento de ativos russos no exterior após a invasão da Ucrânia disparou alarmes em Pequim.
Em 2023, Xi Jinping visitou a Administração Estatal de Câmbio para discutir medidas de proteção, seguindo o exemplo da Rússia em sua tentativa de desdolarizar sua economia antes da guerra, com resultados mistos.
Prioridade: evitar isolamento
A Rússia manteve sua economia operacional redirecionando as exportações de petróleo e gás para países como a China. Além disso, usou uma espécie de "frota sombra" de navios não segurados pelo Ocidente para contornar o teto do preço do petróleo. Dessa perspectiva, Pequim está observando as táticas com interesse, avaliando como elas podem se adaptar à sua economia, significativamente maior e mais complexa.
Fortalecer cadeias de suprimentos
Se a China estudar o que está acontecendo com a Rússia, esta é uma das principais etapas. O impacto das sanções deixou a Rússia sem acesso a componentes-chave, paralisando temporariamente indústrias como a automotiva. Como explica o WSJ, a China, como uma potência manufatureira, tomou nota desses problemas, buscando reforçar a produção doméstica e desenvolver estoques estratégicos para evitar interrupções semelhantes.
Coalizões e estratégias são chave na geopolítica, mais ainda se for uma questão de ter aliados diante de um conflito. A Rússia fortaleceu suas relações com países como Irã, Coreia do Norte e a própria China para combater as sanções ocidentais. Pequim também estuda como a falta de consenso no bloco ocidental, especialmente em questões como o preço do petróleo, pode enfraquecer a eficácia de futuras sanções, especialmente dado o impacto global que um confronto econômico com a China teria.
Como se preparar
Um conflito sobre Taiwan pode desencadear sanções econômicas de magnitude sem precedentes contra a China, afetando seu sistema financeiro e aqueles mais de US$ 3,7 trilhões em ativos bancários offshore. Diante do cenário, Pequim estaria explorando medidas preventivas, aprendendo com as experiências russas, como diversificar parceiros comerciais e fortalecer mecanismos financeiros domésticos.
Em suma, o conflito que está ocorrendo no momento na Europa Oriental tem muitas visões, e muito diferentes. A experiência russa pode fornecer à nação asiática um laboratório em tempo real para entender a dinâmica das sanções econômicas e, talvez mais importante, como mitigá-las.
Claro, e embora nada disso implique planos imediatos para um conflito sobre Taiwan, Pequim, de acordo com o exclusivo do WSJ, usa essa análise para preparar sua economia e minimizar os riscos de uma possível guerra econômica com o Ocidente. Uma onde a colaboração estratégica com a Rússia também ressalta mudanças na dinâmica global em direção a uma abordagem mais multipolar.
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