Construir centrais nucleares é caro e demorado. Uma empresa britânica quer "fabricá-las" em série e de forma flutuante

Esses reatores usariam energia nuclear para dessalinizar água e gerar hidrogênio verde, sem necessidade de reabastecimento de combustível

Usinas de energia nuclear sustentáveis, modulares e flutuantes? Já existem / Imagem: Core Power
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

O futuro da energia nuclear caminha para não depender de enormes instalações fixas, mas sim de usinas flutuantes, capazes de se mover e se adaptar às necessidades do momento. De fato, a empresa que iniciou essa revolução, a Core Power, quer ir ainda mais longe.

O principal desafio dos reatores nucleares são os altos custos e os longos prazos de construção em infraestruturas fixas. Por isso, a Core Power anunciou o desenvolvimento de usinas nucleares flutuantes com um design modular e móvel. Além disso, eles foram além ao utilizar um reator avançado de quarta geração baseado em sais fundidos, com a intenção de construir essas unidades em massa e oferecer energia nuclear de forma mais flexível e eficiente.

Comercialização a partir de 2030

Embora o reator de sais fundidos tenha começado a ser desenvolvido na década de 1950, só agora, graças às suas características de design compacto e mecanicamente simples, ele está se consolidando como uma opção para a energia nuclear flutuante. Além disso, esse tipo de reator oferece várias vantagens em relação aos modelos tradicionais: seu design modular permite a fabricação em massa, o que pode reduzir significativamente os custos e o tempo de construção. Vale acrescentar que os reatores de sais fundidos operam em temperaturas mais altas, mas em pressão atmosférica, o que os torna mais seguros e fáceis de manter.

Esse tipo de reator conta com um sistema de resfriamento passivo, que não depende de bombas externas. Em caso de emergência, ele se resfria naturalmente, sem necessidade de intervenção humana. Além disso, não requer pressurização, o que aumenta ainda mais a segurança operacional. Os combustíveis nucleares também podem ser reciclados ou filtrados do líquido fundido e substituídos automaticamente, o que faz com que o reator não precise ser reabastecido durante toda a sua vida útil.

Nuclear flutuante

Por estarem instaladas em navios, essas usinas não enfrentam as complicações burocráticas associadas à obtenção de permissões de construção e licenças em zonas fixas. Dessa forma, as plantas flutuantes podem ser posicionadas próximas das áreas com maior demanda energética, garantindo um fornecimento constante de eletricidade. E se as necessidades energéticas de uma região mudarem ou se o clima político se tornar instável, essas centrais flutuantes podem ser desconectadas e transportadas para outra área.

Esse design não é apenas flexível quanto à localização, mas também em termos de funções. Além de gerar energia elétrica, as usinas flutuantes podem ser utilizadas para dessalinizar água e produzir hidrogênio verde.

Os desafios

Apesar das grandes vantagens, esse tipo de tecnologia enfrenta diversos desafios. Um dos principais é o alto custo inicial de desenvolvimento e construção, já que o investimento necessário é significativamente maior. No entanto, a produção em massa permitirá reduzir os custos a longo prazo. Além disso, ainda existem dúvidas sobre a viabilidade da manutenção a longo prazo e os possíveis problemas técnicos decorrentes do uso dessas usinas em ambiente marítimo.

Outro aspecto a considerar é a aceitação pública e as regulamentações internacionais. Embora as usinas flutuantes não precisem das permissões tradicionais exigidas para usinas nucleares fixas, elas ainda podem enfrentar barreiras regulatórias em diferentes países. As normas sobre segurança, segurança marítima e gestão de resíduos nucleares podem dificultar a implementação global dessa tecnologia.

Previsões

Apesar da ambição do projeto, o verdadeiro impacto dessa tecnologia ainda está por ser visto. Além de gerar eletricidade, essas usinas poderiam desempenhar um papel importante na propulsão comercial e ajudar em outras áreas, como a dessalinização e a produção de hidrogênio verde. O tempo dirá se essas soluções inovadoras podem realmente transformar o panorama energético global ao mesmo tempo que minimizam os impactos ambientais tradicionalmente associados à energia nuclear.

Imagem | Core Power

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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