Começamos a ver a divisão de classes na IA: já existe uma IA para os pobres e uma IA para os ricos

A inteligência artificial está se apresentando como uma revolução na maneira como trabalhamos, nos divertimos e nos comunicamos, e estamos vivenciando dois fenômenos silenciosos com ela. O primeiro é como ela gradualmente se infiltra em nossas vidas. O segundo, cada vez menos silencioso, é o de seu custo. Um que está começando a criar duas grandes IAs: a IA pobre e a IA rica.

ChatGPT para os ricos

Até pouco tempo atrás, o ChatGPT estava disponível em uma versão gratuita e em sua versão paga, ChatGPT Plus, com mais opções. Mais tarde, veio o ChatGPT Pro, que por US$ 200 por mês (cerca de R$ 1,2 mil) oferece acesso ilimitado aos seus modelos mais avançados e interação de voz avançada ilimitada. Esses são recursos impressionantes, com certeza, mas também particularmente caros. Ou não?

Se você usa muito, é até barato

Para aqueles que usam IA ocasionalmente, pagar  US$ 200 por mês para usá-lo pode ser complicado, mas a verdade é que em certos cenários esse investimento pode ser muito lucrativo: se algo que leva horas para ser feito pode ser resolvido em minutos com uma IA que custa US$ 200 por mês, essa IA é cara? Provavelmente não.

Programação é um bom exemplo

Temos uma boa história de sucesso no campo da programação. Os modelos estão se tornando cada vez mais importantes para os desenvolvedores de software, que os incorporaram para economizar muito trabalho em tarefas um pouco mais rotineiras.

"Por favor, me dê mais"

Javier Recuenco (@recuenco), autor e acadêmico, explicou recentemente como a IA permite que os humanos se concentrem naquilo em que realmente se destacam. "Algo que ocupa 80% do seu trabalho e permite que você faça o que você é bom, o que você gosta e o que você é bom, por favor, me dê mais." Essa é uma ótima maneira de colocar: para esses casos de uso, essa IA para os ricos não é tão cara.

Divisão de classes?

Alberto Romero, autor do boletim informativo 'The Algorithmic Bridge', refletiu semanas atrás sobre essa potencial lacuna que pode aparecer e que significará que temos uma IA dos pobres e outra dos ricos. Novos modelos de empresas como a OpenAI se tornarão cada vez mais avançados e possivelmente úteis, especialmente em certos cenários, e isso fará com que as empresas deem acesso privilegiado a tais modelos para aqueles que desejam e podem pagar por eles. "A OpenAI operará no mercado com a única regra que importa: a da oferta e da demanda", explicou. Isso significará, no entanto, que muitos "não podem pagar pelos novos agentes de IA e, em vez disso, jogam com sobras na melhor das hipóteses e, na pior, competiremos com eles pelos orçamentos de nossos empregadores".

Risco potencial para o mundo em geral

Este debate propõe um futuro em que a exclusão digital - aqueles que têm acesso e aproveitam a tecnologia, e aqueles que não têm - irá ainda mais longe, porque a IA representa uma enorme vantagem competitiva para a produtividade. Países e usuários com acesso a esse tipo de plataforma poderão avançar mais e melhor do que aqueles que não têm ou não podem pagar por ela (ou pelo menos, pelas versões mais avançadas).

Publicidade como alternativa

Mas junto com essas cotas de "IA para ricos" há outro aspecto: o de dar acesso a esses modelos aproveitando o modelo que já conquistou a internet: o da publicidade. Se estivermos dispostos a usar uma IA na qual anúncios são inseridos de tempos em tempos, podemos ter uma maneira de acessar esses modelos "de graça", mesmo que seja de forma um pouco mais limitada. Aconteceu com a mídia e está acontecendo com as plataformas de streaming – que são mais baratas em seus planos com anúncios – e tudo aponta para o fato de que também teremos um "ChatGPT com anúncios" um pouco mais barato, mas que poderemos usar de forma avançada.

Imagem | Xataka com Grok