Walter Isaacson relatou, na biografia de Elon Musk, que houve um tempo em que Elon Musk e Bill Gates estiveram perto de colaborar em alguns projetos filantrópicos. No entanto, o CEO da Tesla descobriu algo que quebrou definitivamente a boa relação entre os dois bilionários: Bill Gates tinha investimentos em curto na Tesla (quando um investidor aposta na queda do preço de uma ação ou ativo).
Após o aumento implacável das ações da Tesla no final de 2024, Elon Musk respondeu a um usuário no X com a mensagem: "Se a Tesla se tornar, de longe, a empresa mais valiosa do mundo, essa posição curta levará à falência até Bill Gates". Não é a primeira vez que ele se manifesta nesses termos em relação ao fundador da Microsoft.
O contexto da mensagem
A relação entre Bill Gates e Elon Musk é, para dizer o mínimo, tensa, desde que o CEO da Tesla descobriu que o cofundador da Microsoft tinha ações em curto de sua companhia e, algumas semanas antes, havia perdido 1,5 bilhão de dólares (R$ 9 bilhões) com elas. Gates confirmou que possuía esse pacote de ações "com perdas" e reconheceu seu erro, pedindo desculpas, mas não se livrou das ações.
"Como é possível que alguém tão comprometido com a mudança climática retire seu apoio de uma empresa que fabrica automóveis elétricos? É pura hipocrisia. Por que ganhar dinheiro com o fracasso de uma empresa de automóveis de energia sustentável?", disse Musk.
If Tesla does become the world’s most valuable company by far, that short position will bankrupt even Bill Gates
— Elon Musk (@elonmusk) December 10, 2024
O que são os "investimentos em curto"?
As posições em curto, ou investimentos em curto, são um sistema de investimento que, em vez de apostar que uma empresa vai ganhar força financeira fazendo com a subida de suas ações, faz-se o oposto: o investidor obtém rendimento quando a empresa perde dinheiro. Daí o descontentamento de Elon Musk com Gates.
Para fazer isso, o investidor "pega emprestadas" as ações de uma empresa por meio de um corretor que ofereça esse serviço. O investidor então vende essas ações (que não são suas) com o compromisso de comprá-las de volta dentro de um prazo determinado e devolvê-las ao dono original. Se o investidor vender uma ação por 10 dólares e, após um tempo, essa ação perder 50% de seu valor, ao comprá-la de volta, pagará metade do que pagou originalmente quando a vendeu. Quando devolver as ações ao proprietário, ele fica com a diferença obtida no processo.
O problema ocorre se as ações subirem. O risco de investir em curto é que, se as ações da empresa em questão subirem, o investidor estará comprando as ações a um preço mais alto (e não mais baixo), o que o obriga a pagar mais do que inicialmente e, assim, sofrer uma perda financeira, já que ele tem o compromisso de devolver as ações dentro de um prazo determinado.
No caso da Tesla, as ações tiveram uma valorização meteórica desde que Elon Musk apresentou os resultados financeiros no final de outubro.
De acordo com o The Economics Times, as ações da Tesla se valorizaram em 56,91%, impulsionadas pela vitória de Trump, o que fez a fortuna de Elon Musk e de outros investidores disparar, causando grandes perdas para quem tinha posições em curto. Isso fez com que a promessa de Elon Musk de "aniquilar" os investidores em curto da Tesla se concretizasse. Mas há uma grande distância entre Bill Gates perder 1 bilhão e meio e ir à falência.
Embora seja verdade que a fortuna de Bill Gates não esteja em seu melhor momento, afirmar que a valorização das ações da Tesla levará o bilionário à falência é uma grande especulação. A começar pelo fato de que não há confirmação de que Gates ainda possua essa posição atualmente.
De acordo com cálculos do portal de investimentos Gurufocus.com, e assumindo que um dia as ações da Tesla alcancem o preço de 2.622,28 dólares para superar a Apple e se tornar a empresa de tecnologia mais valiosa, a posição de Gates na Tesla causaria perdas de cerca de 23,559 milhões de dólares (R$ 143 milhões). É uma quantia considerável, sem dúvida, mas não tanto a ponto de Bill Gates não poder cobri-la com os 106,9 bilhões de dólares (R$ 647 bilhões) que possui como patrimônio.
Imagem | Flickr (Governor Tom Wolf), Wikimedia Commons (Ministério Das Comunicações)
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
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