Na grande partida de xadrez geopolítico que está acontecendo neste momento, uma guerra, a da Ucrânia, está servindo como plataforma para movimentos inesperados entre os atores internacionais. Em outubro, noticiou-se que a Rússia havia "praticado" com seu botão vermelho, enquanto a Ucrânia parecia "aproximar-se" das tropas norte-coreanas. Agora, é Pyongyang o centro das atenções.
Uma ameaça de longo alcance
No dia 31 de outubro, a Coreia do Norte realizou um lançamento incomum. Tudo indica que se trata de um míssil balístico intercontinental (ICBM) recorde, alcançando uma altitude de mais de 7.000 km e voando por 1 hora e 26 minutos, o que é considerado uma clara demonstração de poder frente à tensão causada pela participação de suas tropas na guerra da Ucrânia.
Funcionários dos Estados Unidos e do Japão confirmaram a magnitude do teste, indicando que o ICBM lançado de Pyongyang caiu em águas fora da zona econômica exclusiva do Japão, sem causar danos ou vítimas.
Os mísseis
Segundo o exército sul-coreano, o míssil foi lançado em um ângulo pronunciado para evitar sobrevoar o Japão e caiu em águas entre a Coreia do Norte e o Japão. Na verdade, este tipo de teste não é novo para a Coreia do Norte, que já havia lançado um ICBM em dezembro passado, o chamado Hwasong-18, além de outros mísseis de alcance menor em setembro.
Os serviços de inteligência sul-coreanos sugerem que seus "vizinhos" poderiam realizar mais testes de longo alcance, e até mesmo outra prova nuclear, em um esforço para obter vantagem diplomática diante de possíveis mudanças na administração dos Estados Unidos.
Reação internacional e resposta militar
Diante do lançamento, os Estados Unidos e a Coreia do Sul reagiram rapidamente com preparativos para a utilização de "ativos estratégicos" na região, incluindo, aparentemente, armas nucleares. Além disso, parece que a Coreia do Sul implementou novas restrições à exportação de materiais críticos para a fabricação de mísseis de combustível sólido, como um esforço para limitar o avanço armamentista norte-coreano. Segundo o Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, a Coreia do Norte está priorizando o desenvolvimento de armas de destruição em massa em detrimento do bem-estar de sua população.
O amigo russo e a ameaça nuclear
O lançamento ocorre em um contexto de aparente cooperação militar reforçada entre a Coreia do Norte e a Rússia. Há inúmeros informes indicando que cerca de 10.000 soldados norte-coreanos foram enviados à Rússia e que 3.000 deles podem estar prontos para entrar em áreas de conflito na Ucrânia.
A Coreia do Norte também parece ter fornecido munições e mísseis à Rússia, como parte de um acordo de defesa mútua estabelecido entre Kim Jong-un e Vladimir Putin. Por isso, as autoridades dos Estados Unidos e da Coreia do Sul instaram Pyongyang a retirar suas tropas da região e advertiram sobre possíveis baixas de soldados norte-coreanos no conflito.
A teoria
Qual é o objetivo da Coreia do Norte com esse alinhamento russo? Essa é a grande pergunta. A Coreia do Norte acelerou seu desenvolvimento armamentista e, após a visita de Putin a Pyongyang, afirmou ter testado tecnologia avançada para lançar múltiplas ogivas nucleares com um único míssil. Aqui, há um nome próprio: o Hwasong-18, e o desenvolvimento de mísseis de combustível sólido (supostamente mais fáceis de mover e lançar em comparação com os de combustível líquido).
Essa afirmação parece sublinhar a ambição norte-coreana de fortalecer suas capacidades de dissuasão nuclear e aprimorar suas capacidades armamentistas. Contudo, a Coreia do Norte ainda enfrenta desafios tecnológicos, como demonstrar sua capacidade de lançar um ICBM em uma trajetória plana e dominar a tecnologia de reentrada atmosférica, crucial para que seus mísseis alcancem efetivamente seus alvos após atravessarem a atmosfera.
Imagem | Ryan Chan, Vietnam Mobiography
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
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