Caro leitor: se você tem carro, provavelmente já passou pelo constrangimento de esquecer onde estacionou e ter que ficar procurando seu veículo. Quem nunca, não é mesmo? Nossa dica pessoal (embora existam outras) é tirar uma foto do estacionamento e do número do andar antes de sair do carro. No final do ano, você vai ter uma galeria de estacionamentos no seu celular.
Porém, nos anos 80 do século passado, não existiam celulares e, por isso, era mais comum esquecer onde se estacionou o carro. Foi o que aconteceu com Ion Tiriac, atleta romeno que participou como jogador de hóquei no gelo nos Jogos Olímpicos de Inverno de 1964, mas que, mais tarde, se tornou um premiado tenista profissional, vencedor de um Roland Garros e finalista em diversas edições da Copa Davis.
Fã de carros luxuosos, mas com memória curta
Da mesma forma que os milionários tendem a comprar superiates, os grandes atletas optam pelos supercarros. Ion Tiriac, hoje com 85 anos, não é exceção. A sua coleção conta com aproximadamente 400 automóveis, todos expostos num museu perto de Bucareste, fazendo dele um dos mais importantes colecionadores de veículos da Europa.
Numa entrevista recente, o colecionador milionário contou a história de como se esqueceu que tinha comprado uma Ferrari F40 e a deixou estacionada numa garagem de Munique durante uma década.
Segundo ele, era época de Guerra Fria, o que causava muitas dificuldades aos atletas do bloco soviético que precisavam viajar. Tiriac então optou por se mudar para Monte Carlo, em Mônaco, onde reside até hoje. Após encerrar sua carreira como tenista profissional, ele passou a dar aulas para a elite da sociedade de Mônaco e a treinar outros tenistas profissionais. Foi aí que teve seus primeiros contatos com carros de luxo e colecionadores de clássicos.
Porém, como conta o milionário na entrevista, naqueles anos ele trabalhava o dia todo sem descanso. “Não tinha tempo para nada”, declara. Esse trabalho incansável permitiu a ele comprar a primeira de suas oito Ferraris. Mais tarde, comprou um Testarossa. O atleta então tentou adquirir a Ferrari F40 do marido da princesa Carolina de Mônaco, Stéfano Casiraghi – no entanto, não chegaram a um acordo e Tiriac precisou achar sua Ferrari F40 por outro meio.
Ferrari F40
Segundo Tiriac, o carro lhe custou US$ 700 mil (e vale lembrar que um novo custava cerca de US$ 200 mil). Não foi problema para ele, que hoje acumula uma fortuna de US$ 2,2 bilhões, segundo a Forbes.
O problema de Tiriac era que, mesmo sendo apaixonado por carros, ele ainda não tinha um lugar para guardar sua coleção. Essa falta de espaço fez com que ele deixasse sua Ferrari F40 estacionada numa garagem em Munique, na Alemanha.
Dez anos depois, o milionário recebeu um telefonema do Sr. Becker, dono da garagem onde estacionou sua Ferrari F40. O alemão lembrou a Tiriac que seu carro esportivo ainda estava estacionado em seu estacionamento. “Faz uma década que esqueci minha Ferrari”, admitiu o tenista aposentado.
Percebendo que não lembrava de sua Ferrari já há dez anos, Tiriac decidiu vendê-la imediatamente por dois motivos. O primeiro: ele ainda não tinha local adequado para guardá-la. O segundo: o carro, após dez anos de inatividade, precisou viajar de volta à fábrica de Maranello para que seu motor fosse desmontado e restaurado, processo necessário após tantos anos sem uso.
Se ele tivesse lembrado de tirar uma foto, nada disso teria acontecido.
Imagem | Wikimedia Commons (Bobby Voicu), Ferrari, Flickr ( Robert Stokes)
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