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Auge da Huawei mostra aos EUA que guerra tecnológica pode ser contraproducente

  • Os vetos impostos pelos EUA à Huawei e, de modo geral, à China, impulsionaram a indústria local de chips

  • Também foram reunidos esforços em torno do primeiro ecossistema 100% de desenvolvimento próprio: o HarmonyOS Next

HarmonyOS Next_EstadosUnidos
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Tudo começou com um veto que deixou a Huawei abalada, mas não destruída. Os Estados Unidos classificaram algumas empresas tecnológicas chinesas como perigosas e usaram isso como justificativa para impedir seu avanço. Atualmente, a China se recuperou com uma indústria local de chips que está utilizando equipamentos antigos devido à impossibilidade de contar com os mais modernos de empresas como a ASML.

Isso no lado do hardware, que, embora não seja um impulso à vanguarda, serve para fabricar smartphones 5G.

A Huawei, mencionada, se beneficiou disso, sendo protagonista com seu software: o sistema operacional HarmonyOS Next é o primeiro ecossistema nativo da gigante nação asiática.

A China aposta tudo na Huawei; ecossistema HarmonyOS Next é uma demonstração de resistência

HarmonyOS Next HarmonyOS Next

Se falávamos sobre a confrontação tecnológica e comercial entre China e Estados Unidos, é por causa da sua forte influência no desenvolvimento de hardware.

Enquanto o país norte-americano possui as ferramentas para fabricar processadores cada vez mais avançados (além de cooperar com nações aliadas que participam da indústria), as restrições comerciais impediram que marcas como a Huawei equipassem seus dispositivos com recursos de alto nível.

Essa "guerra" também se reflete no software: o HarmonyOS Next é a resposta da China ao bloqueio dos Estados Unidos, que no passado deixou a Huawei sem os serviços do Google, essenciais para sua expansão internacional.

No entanto, a Huawei sobreviveu e agora se desvinculou do Android, conforme atesta a certificação como plataforma 100% de desenvolvimento próprio.

Huawei Mate 60 Pro, a polêmica família que inclui um processador não esperado pelos EUA e memórias às quais a Huawei não deveria ter acesso Huawei Mate 60 Pro, a polêmica família que inclui um processador não esperado pelos EUA e memórias às quais a Huawei não deveria ter acesso

Poderíamos pensar que essa iniciativa cairia no esquecimento, mas é justamente o contrário. Partindo da China e com uma expansão prevista para o resto do mundo no futuro, a Huawei formou um ecossistema muito convincente, tanto para os desenvolvedores de aplicativos quanto para os próprios usuários.

E conquistou os usuários locais graças a lançamentos que desafiam os vetos dos EUA: o Mate 60 Pro gerou polêmica no ano passado, o Mate XT é o primeiro dobrável tríptico 5G e os Mate 70 estão prestes a ser lançados, com uma convidada especial.

A adoção da plataforma da Huawei em seu país natal foi tão grande que superou o número de usuários do iOS da Apple. O recente lançamento do dobrável também ofuscou o lançamento do iPhone 16, o que não é pouca coisa.

Esses fatos ressaltam o rápido crescimento do setor, que, apesar das sanções comerciais, segue em frente graças a grandes atores como a Huawei e a própria SMIC (que fabrica os chips da HiSilicon).

Uma guerra que buscava enfraquecer o inimigo; e conseguiu fortalecê-lo

A Huawei, após ser impedida de utilizar o Android devido a sanções dos EUA, desenvolveu o HarmonyOS Next, um sistema operacional totalmente independente. Essa iniciativa atraiu mais de 400 desenvolvedores chineses, preparando o software para um lançamento estável em 2024

Além disso, a Huawei investiu na formação de desenvolvedores, com a meta de treinar mais de 100 mil por mês, e lançou o programa Shining Star, oferecendo prêmios que ultrapassam bilhões de dólares.

Esses esforços visam reduzir a dependência de tecnologias ocidentais e fortalecer a indústria local de chips, com a SMIC produzindo chips avançados para a Huawei.

O HarmonyOS superou o iOS na China. Os iPhone 16 foram ofuscados pelo lançamento do Mate XT, o primeiro dobrável com duas dobradiças.

A participação de mercado do HarmonyOS não para de crescer, passando de 8% registrado no primeiro trimestre de 2023 para 17% no mesmo período deste ano. Enquanto a participação da Huawei tem uma tendência de alta, o contrário acontece com a Apple, que viu sua quota cair de 20% para 16% na China.

Essa mudança nas preferências dos consumidores é mais um claro sintoma de que os usuários estão apostando no seu primeiro ecossistema nativo.

Isso, no entanto, não significa que a competição tenha acabado. O HarmonyOS ainda precisa provar muito.

Por enquanto, parece que a chave para esse crescimento tem sido a interoperabilidade entre dispositivos que o sistema da Huawei oferece, funcionando bem com tablets, smartphones, laptops e até eletrodomésticos inteligentes.

O gigante chinês Tencent está preparando seus aplicativos para o HarmonyOS Next, incluindo o popular jogo PUBG Mobile. O gigante chinês Tencent está preparando seus aplicativos para o HarmonyOS Next, incluindo o popular jogo PUBG Mobile.

E a falta de aplicativos não será um problema: como mencionamos anteriormente, o ecossistema da Huawei tem atraído a atenção dos principais desenvolvedores. Alibaba, Tencent e JD são apenas algumas das empresas que irão disponibilizar seus aplicativos na versão Next.

De qualquer forma, o avanço da Huawei com o HarmonyOS é uma boa notícia para a China. Após anos recebendo golpes na forma de sanções comerciais, o país deu um salto e segue firme em direção à autosuficiência tecnológica que tanto almeja. O primeiro passo foi um sucesso; veremos como serão os próximos.

Imagem de capa | Composição com imagens de Wikimedia Commons e Huawei

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