Em 2024, o turismo no Japão atingiu números históricos. O número de pessoas chegando é tanto que até mesmo a indústria local viu a oportunidade de colocar preços para turistas ou viu lojas que ficaram sem arroz. Claro, superlotação e multidões não trouxeram apenas boas notícias. Na verdade, os moradores locais foram questionados sobre o que eles mais odeiam quando seu transporte está cheio de turistas. As respostas dizem muito sobre ambos os lados.
Estrangeiros no trem
Sem dúvida, o aumento de turistas estrangeiros no Japão transformou os espaços públicos do país, incluindo o transporte ferroviário, um dos mais usados. Com mais pessoas usando trens, também há mais oportunidades para certos comportamentos dos visitantes irritarem os japoneses.
Na verdade, isso foi refletido em uma pesquisa conduzida pela Japan Private Railways Association, onde 62,9% dos participantes admitiram ter ficado incomodados com o comportamento inadequado de turistas em trens. Os resultados revelaram as 10 práticas mais irritantes, ou inapropriadas, do ponto de vista deles. Uma boa base onde as grandes diferenças culturais e a necessidade de maior conscientização entre viajantes são destacadas. Começamos do menor para o maior "incômodo".
10: comer ou beber no trem (3,3%)
Embora as estações estejam cheias de lojas e estabelecimentos que vendem comida, consumir alimentos em trens japoneses é mal visto, exceto em linhas de lazer como o Shinkansen. Espera-se que os passageiros evitem odores fortes, sons de mastigação e, especialmente, refeições grandes ou barulhentas. Bebidas são toleradas se consumidas discretamente, mas o álcool é reservado para trens turísticos.
9: sentar no chão do trem (4,2%)
O que pode ser uma imagem comum no Ocidente, especialmente entre jovens, não é compreendido no Japão. Não importa o quão cansado um viajante esteja, sentar no chão do transporte é considerado inapropriado. Esse comportamento obstrui a passagem e projeta uma imagem desgrenhada aos olhos japoneses. Se não houver assentos disponíveis, a coisa certa a fazer é simplesmente ficar de pé.
8: má educação em assentos prioritários (4,4%)
Isso pode não incomodar apenas os japoneses. Os assentos prioritários, designados para idosos, grávidas ou pessoas com deficiência, são certamente uma questão sensível para a nação. Alguns acreditam que os assentos devem permanecer vazios se não forem absolutamente necessários, o que cria tensão quando os turistas os ocupam sem cedê-los.
7: deixar lixo ou garrafas no trem (5,9%)
No Japão, é comum as pessoas levarem o lixo para casa devido à escassez de latas de lixo públicas. A reciclagem faz parte da cultura do país. No entanto, de acordo com a pesquisa, alguns turistas deixam resíduos nos trens, o que contrasta com a percepção japonesa de responsabilidade individual em espaços públicos.
6: postura para sentar (9,6%)
Cruzar as pernas, esticá-las ou sentar-se de uma forma que ocupe mais espaço do que o necessário é considerado rude na nação, especialmente em trens movimentados. Os turistas devem manter uma postura contida para não deixar os outros desconfortáveis, uma percepção que nem sempre ocorre aos olhos dos japoneses.
5: falar ao telefone (10,3%)
Vetar essa situação seria motivo para guerra civil em algumas partes do Ocidente. No entanto, usar o telefone para ligações é raro em trens japoneses, onde os passageiros preferem o silêncio. Turistas que falam alto ou tocam música/vídeos sem fones de ouvido tendem a se destacar negativamente.
4: falta de respeito ao embarcar no trem (16,5%)
De acordo com as regras não escritas da sociedade japonesa, o processo de embarque e desembarque do trem deve ser ágil e ordeiro. Os passageiros devem se alinhar nas laterais das portas, esperar os outros desembarcarem e evitar obstruir o caminho. Esse comportamento não só afeta a pontualidade, mas também gera frustração entre os moradores locais. Entramos na zona vermelha do que os japoneses mais detestam nos turistas.
3: má educação ao andar pelas estações (24,8%)
As estações de trem no Japão costumam ser lotadas e complexas (ainda mais para um turista). Ficar no meio de corredores ou escadas para consultar mapas ou conversar interrompe o fluxo do tráfego de pedestres. É essencial se mover para o lado para evitar inconvenientes. Isso nem sempre acontece, de acordo com os resultados da pesquisa.
2: malas e bagagens (37,1%)
Não há nada que defina mais o turismo de massa do que as malas e bolsas que as acompanham. Além disso, é comum que turistas não manuseiem adequadamente suas bagagens. Para os japoneses, mochilas grandes devem ser seguradas na frente, e bagagens volumosas devem ser colocadas em espaços designados sem bloquear o acesso. Agrupar malas em áreas-chave pode causar desconforto e dificultar a movimentação de outros passageiros, e isso acontece muito.
1: ruídos e comportamentos incompreensíveis (51,8%)
Chegamos ao fim das atitudes que os moradores mais odeiam nos trens do Japão quando as multidões chegam. As queixas mais comuns: volume excessivo nas conversas. Embora o silêncio absoluto não seja esperado, os turistas, possivelmente animados com sua estadia, falam alto ou se movimentam com energia excessiva, como destacado negativamente na pesquisa, especialmente se falam em uma língua estrangeira, o que pode ser percebido como mais perturbador.
Reflexões
A pesquisa termina com uma análise que acrescenta algum contexto. A principal: esses comportamentos não são exclusivos de turistas estrangeiros, alguns moradores locais também os mantém, é claro. No entanto, a percepção generalizada de que o Japão é um país de alta cortesia pública amplifica as expectativas em relação aos visitantes.
Além disso, como estrangeiros, os turistas são percebidos como representantes de seus países para a nação, reforçando a necessidade de serem mais atenciosos do que os próprios moradores locais menos educados. A verdade é que a pesquisa que parece rotular os estrangeiros diz talvez mais sobre a sociedade e a cultura japonesas em si.
Imagem | Amir Jina
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