Quando eu era criança, uma das perguntas mais comuns era: o que você quer ser quando crescer? Eu sou da primeira geração que tinha computadores em casa, então a resposta mais comum (além de astronauta e bombeiro) era cientista da computação ou programador. Com o tempo, essa resposta marcou toda uma tendência educacional que preencheu as faculdades de ciência da computação.
Muita coisa aconteceu desde então e, com o passar do tempo, as preferências dos alunos para se matricular na universidade também mudaram muito. Os dados sobre matrículas universitárias na última década destacam as diferenças entre as carreiras estudadas pelos universitários em 2024 e aquelas estudadas há uma década.
Mesma base de alunos
Dados do relatório oficial do sistema universitário espanhol para o ano acadêmico de 2014-2015 e sua edição de 2024 mostram que o número total de universitários é semelhante em ambos os períodos, o que deixa um bom cenário para observar mudanças na preferência ao escolher uma carreira.
No ano letivo de 2014-15, um total de 1.373.300 alunos foram matriculados, enquanto no ano letivo de 2023-24, 1.375.000 alunos o fizeram, tanto em universidades públicas quanto privadas.
Carreiras mais procuradas em 2014
Se olharmos para as áreas com maior número de matrículas em 2014, as carreiras agrupadas em Ciências Sociais e Jurídicas se destacam, sem dúvida, com 640.243 matrículas. Isso representa 46,6% dos alunos, que manifestaram sua preferência por cursos como Direito, Administração e Gestão de Empresas, Jornalismo, Docência ou Recursos Humanos e Relações Trabalhistas.
Atrás ficaram os 277.968 matriculados em disciplinas agrupadas na categoria de Engenharia e Arquitetura. Por sua vez, Ciências da Saúde registraram 245.343 matrículas, Artes e Humanidades acolheram 130.963 alunos. O ramo de Ciências foi o menos procurado, com 84.008 matriculados.
Matrículas em 2024
As primeiras diferenças entre os dois ciclos começam a aparecer na forma de uma diminuição do número de alunos matriculados nos ramos com maior concorrência de alunos. Ciências sociais e jurídicas continua sendo o ramo com maior procura, mas com 16.845 matriculados em 2024. Surpreendentemente, a tendência de queda acelera no ramo de Engenharia e Arquitetura, que perde 34.612 alunos em relação aos matriculados há uma década.
Por outro lado, a tendência se inverte nos ramos de Ciências da Saúde, Artes e Humanidades e Ciências, que acolhem os alunos dos outros setores.
Carreiras que mais perderam alunos
Se formos aos dados do Ministério da Ciência, Inovação e Universidades no intervalo de 2015 a 2023 (último período registrado), podemos segmentar um pouco mais quais cursos perderam mais força nos últimos anos. Constatamos que a engenharia é a que mais perdeu alunos, com um total de 13.069, explicando a queda que vimos nos números gerais deste ramo. Somam-se à queda as 7.552 matrículas perdidas por Direito, ou as 2.347 em Jornalismo, que justificam a perda de alunos que vem ocorrendo nos ramos de Ciências Sociais na última década.
Carreiras que mais cresceram na última década
Na situação oposta está Ciência da Computação, com crescimento de 16.557 novas matrículas em 2024 e carreiras da saúde. Nesta última categoria, destaca-se a retomada da Psicologia, que ganhou 11.695 novas matrículas, seguida de perto pela Enfermagem, com 6.409. A Medicina segue estagnada com leve retomada com apenas 208 matriculados a mais do que há uma década.
Da mesma forma, surpreende a retomada em 2024 de carreiras com baixo percentual de colocação profissional, como Humanas, que cresce 2.623 matrículas em relação a 2015, e Artes, que o faz com 2.748 novas matrículas.
Imagem | Unsplash (Alexis Brown)
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