Em uma apresentação que durou cerca de meia hora e no mais puro estilo Tesla, Elon Musk tornou público, pela primeira vez, o tão esperado robotáxi da empresa: um veículo elétrico sem pedais, sem volante e que se moverá de forma totalmente autônoma para que o motorista não precise se preocupar com nada.
Mas, acima de tudo, Musk anunciou o mais importante: data e preço. Ele entrará em produção em 2026 e custará menos de US$ 30 mil (cerca de R$ 173 mil). Se os planos se concretizarem, o CEO da Tesla estabeleceu um prazo extremamente curto para lançar um veículo no mercado a um preço ridículo para o que é esperado dele.
Junto com o Cybercab, o nome desse veículo totalmente autônomo, também foi apresentado o Cybervan, um ônibus totalmente envidraçado com vários assentos voltados um para o outro para acomodar 20 pessoas. Além disso, os robôs da empresa se tornaram uma das grandes atrações para os participantes, trabalhando como garçons ou dançarinos go-go de boates.
Maior desafio da história da Tesla (de novo)
Parece que a Tesla está sempre imersa no melhor, sempre relutante em atuar como fabricante de carros e buscando novos caminhos de negócios onde possa liderar novamente. "Poderíamos vender carros sem lucro, ganhando dinheiro com software", disse Elon Musk em abril de 2023. E esse é seu grande objetivo.
"A mobilidade de hoje é uma droga", projetaram no evento da Tesla durante a apresentação. Uma mensagem simples e curta, de rodapé, que reforçaram com argumentos igualmente simples e curtos: "custa muito". "Não é seguro." "Não é sustentável."
As imagens de enormes estacionamentos em grandes cidades ao lado de estádios de beisebol, futebol americano ou aeroportos foram seguidas por transformações por meio de renderizações onde tudo estava limpo e verde porque os carros desapareceram.
Esses carros estavam, na verdade, dando uma pausa para transportar os usuários para casa novamente. A ideia é oferecer um serviço de transporte pessoal usando veículos totalmente autônomos a um preço ridículo. O objetivo é obter um preço de 20 centavos por milha. Ou seja, cerca de dois dólares (ou 12 reais) para cada 16 quilômetros.
Para atingir esse futuro, a Tesla garante que seu Cybercab entrará em produção em 2026 e poderá ser vendido por menos de 30 mil euros, já que o custo será mínimo. Com carregamento por indução, sem volantes, sem pedais e sem sensores de qualquer tipo. Musk destacou que todo o gerenciamento autônomo do veículo será feito usando câmeras e inteligência artificial, um caminho que a empresa já trilhou com seus próprios carros.
Apesar de tudo, são múltiplas as dúvidas que cercam a produção desta cabine com rodas. "Provavelmente, bem, eu tendo a não ser muito otimista sobre os cronogramas, mas em 2026. Antes de 2027, deixe-me colocar assim", disse Musk na apresentação sobre quando ele espera ter aprovação para seus carros completamente autônomos.
Durante a reunião, foi confirmado somente que o Cybercab pode se mover dentro de um ambiente fechado sem problemas, mas esse tipo de ambiente já é controlado para fabricantes de veículos há muito tempo.
Alguns carros, como os da BMW há cinco anos, conseguem se lembrar dos últimos metros antes de estacionar e sair de um estacionamento sozinho. A Mercedes há muito tempo tem um assistente para o carro procurar estacionamento sem o motorista dentro. E a Xiaomi mostrou que seu SU7 era capaz de viajar por vários andares de um estacionamento alto até encontrar a vaga esperada.
Ambientes fechados não são o problema. Eles surgem com o tráfego em tempo real e, acima de tudo, na cidade. Mais uma vez, a Mercedes conseguiu fazer com que seus carros pudessem dirigir de forma completamente autônoma nos Estados Unidos em circunstâncias de tráfego muito específicas (até 60 km/h) e em espaços e estradas específicos. A Tesla não conseguiu, pelo menos por enquanto, que os diferentes ambientes sejam tratados igualmente.
A Waymo e a Cruise trabalham há anos para oferecer um serviço de robotáxi nas ruas de cidades como São Francisco, mas, além de queimar bilhões de dólares, o serviço continua encontrando sérios problemas, causados pela retirada temporária da licença da Cruise e empresas como a Uber já começam a entender que precisam de alianças para rentabilizar seus investimentos.
Apesar de tudo, Elon Musk não disse nada sobre margens de lucro ou outros possíveis argumentos econômicos que sustentem uma das maiores apostas da história da empresa. No momento, temos algumas palavras ambíguas sobre a chegada do carro autônomo e, se necessário, a porta aberta para jogar as apostas fora e culpar os órgãos reguladores.
Resta saber se a Tesla cumpre seus planos ou, como aconteceu em múltiplas ocasiões como no caso do Tesla Cybertruck ou Roadster, eles serão adiados e ficarão caros. Como, de fato, está acontecendo com este Cybercab, que Musk já falava em poder fabricar em 2023 por menos de US$ 25 mil.
Fotos | Tesla
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