Nos últimos anos, Elon Musk tem defendido que o sistema de condução autônoma da Tesla funciona de forma mais eficiente apenas com câmeras, sem a necessidade de LIDAR. Diferente de seus concorrentes, que utilizam radares e sensores, Musk considera o LIDAR "estúpido, caro e desnecessário".
Agora, um engenheiro da NASA decidiu testar se essa afirmação estava totalmente correta ou perigosamente equivocada.
O teste: uma parede falsa no caminho do Autopilot
Para a experiência, Mark Rober quis avaliar como o sistema de câmeras da Tesla, no modo Autopilot, reagiria a um desafio tão absurdo quanto revelador. Para isso, ele recriou um cenário clássico dos desenhos do Coiote e Papa-Léguas: uma parede pintada como se fosse a continuação da estrada.
A partir daí, ele dirigiu a 65 km/h rumo à parede com dois veículos diferentes:
- Um Lexus equipado com tecnologia LIDAR
- Um Tesla que utiliza apenas câmeras
As diferenças entre os sistemas
Especialistas já alertaram que, ao contrário do que Elon Musk afirma, um sistema que depende apenas de câmeras pode ser perigoso. Tecnologias como o LIDAR e radares não apenas captam imagens, mas analisam o ambiente ao redor e identificam obstáculos de forma mais precisa.
No teste, o sistema do Lexus rapidamente percebeu que não havia uma estrada contínua, mas sim um muro. O veículo assumiu o controle e ativou os freios de emergência, evitando a colisão.
O Tesla de Elon Musk, por outro lado, não teve a mesma sorte.
O Autopilot e suas falhas em situações críticas
No vídeo, Mark Rober faz um comentário direto sobre o resultado do teste: "Posso dizer com certeza que, pela primeira vez na história, o sistema de câmeras ópticas da Tesla atravessaria completamente uma parede falsa sem sequer tocar nos freios."
E essa não é a única situação em que o Autopilot falha. O sistema também não consegue reagir corretamente em cenários onde a visibilidade é prejudicada, como em neblina ou chuva intensa, deixando de frear diante de um maniquim de criança colocado no caminho do carro.
A decisão de Musk pode comprometer a segurança
Apesar da cena parecer absurda, o experimento levanta um ponto crítico: ao economizar na implementação do LIDAR, Elon Musk está colocando em risco a segurança do sistema de direção autônoma da Tesla.
Mesmo assim, a empresa planeja lançar um sistema de direção autônoma completa ainda este ano, baseado apenas em câmeras. Além disso, Musk também quer que sua futura frota de robotáxis siga a mesma abordagem, sem a tecnologia LIDAR.
Por que o LIDAR detecta a parede e o Tesla não?
A razão pela qual o Tesla atravessa a parede falsa sem hesitar, enquanto o Lexus equipado com LIDAR freia a tempo, está na grande diferença entre as duas tecnologias.
Os sensores ópticos do Tesla dependem exclusivamente de dados visuais para interpretar o ambiente ao redor. Isso significa que, se uma ilusão de ótica for convincente o suficiente, o sistema pode ser facilmente enganado.
Já o LIDAR e os radares do Lexus vão muito além. Eles analisam a geometria do ambiente, identificando diferenças na profundidade e na estrutura dos objetos ao redor.
O LIDAR funciona através de sensores a laser, que medem a distância de cada elemento no campo de visão do veículo e criam um mapa 3D detalhado do espaço ao redor. Isso permite que o carro:
- Veja além de barreiras visuais, como neblina ou chuva forte.
- Reconheça a parede falsa, já que o laser detecta a falta de continuidade física entre o solo real e a parede pintada.
Por isso, enquanto o Lexus identifica o obstáculo e freia a tempo, o Tesla, ao depender apenas da visão artificial, é completamente enganado pela ilusão.
O custo do LIDAR versus as câmeras da Tesla
Elon Musk já classificou o LIDAR como "estúpido, caro e desnecessário", e um dos principais motivos para essa decisão está no custo. Um único sensor LIDAR pode custar milhares de dólares, e, em veículos como o Lexus, que utilizam múltiplos sensores, os custos de fabricação podem chegar a dezenas de milhares de dólares.
Já o sistema baseado somente em câmeras, adotado pela Tesla, é significativamente mais barato. No entanto, como ficou claro no teste, o custo reduzido vem acompanhado de limitações graves na segurança.
Preocupações com o Full Self-Driving
A experiência com a parede falsa levanta ainda mais preocupações porque, até o final do ano, a Tesla planeja lançar a versão definitiva do seu sistema de condução autônoma Full Self-Driving.
Essa atualização permitirá que os carros da Tesla dirijam sozinhos sem a necessidade de supervisão do motorista. No entanto, diante das falhas observadas em testes como este, surgem dúvidas cada vez maiores sobre a viabilidade e segurança desse sistema diante de obstáculos inesperados e ilusões visuais.
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